Por Samanda*
Aprendi desde muito cedo que na política é preciso ter lado e assumir posição, mesmo quando essa posição não é a mais oportuna pra gente. Por isso não poderia me furtar em contribuir com o debate da chapa para o senado. As pesquisas até aqui são claras: Carlos Eduardo vence Rogério Marinho. Carlos Eduardo e Rafael Motta fortalecem o projeto de Rogério Marinho, uma vez que não há segundo turno para o Senado.
O momento político que vivemos no Brasil demanda uma soma de forças para vencer um inimigo comum: Bolsonaro, o fascismo. Trazer Carlos Eduardo para o senado não é apenas uma questão de tática eleitoral, é principalmente uma estratégia para os próximos quatro anos, com Lula na presidência. Estamos sendo chamados a sair do isolamento e superar diferenças em nome do resgate da democracia em nosso país.
Rafael tem todas as prerrogativas para ser um grande senador, mas ele fez esse pleito quando todo um processo de conversas e pactuações já estava avançado. Até então, o que tinha sido posto na mesa era sua reeleição à câmara federal. A decisão por disputar o senado de forma extemporânea, na conjuntura em que estamos, terá como único beneficiado o candidato do bolsonarismo.
Os ministros bolsonaristas lutaram entre si em torno da vaga de senador, mas saíram unidos. A direita unificou sua candidatura ao senado com o sujeito que aniquilou os direitos trabalhistas no país. Do lado de cá, precisamos ter esse mesmo senso de unidade. De que adianta termos duas candidaturas se o resultado disso for garantir a eleição de um bolsonarista?
E aqui não estamos falando de alguém que tentou surfar na onda bolsonarista, mas de um bolsonarista raiz. Respeito, mas acho forçado quem tenta igualar Carlos Eduardo a Rogério Marinho. É certo que Carlos Eduardo errou em 2018 e é desejável e necessário que ele tenha feito uma autocrítica e busque se reposicionar. Se todo mundo que apoiou Bolsonaro repetir o apoio ele será reeleito. É uma questão matemática.
Muitos se preocupam com que Carlos Eduardo possa estar fazendo isso pelo interesse de ser o senador de Lula e de Fátima, mas os interesses podem ser convergentes. Trazer pra nossa chapa alguém do PDT, reconhecido como bom gestor, que historicamente esteve muito mais ao nosso lado do que disputando conosco, não é melhor do que ficarmos isolados? Isso pode contribuir para Lula vencer no 1º turno?
Não me parece que o nosso foco deva estar em resumir Carlos Eduardo à disputa recente. A política é filme, não é foto. E o PT no RN hoje é protagonista. Estamos diante do desafio de derrotar o fascismo preferencialmente no 1º turno. O desafio logo depois será governar. Não será estreitando a chapa que vamos conseguir isso. Há muito a ser reconstruído no país e é difícil imaginar alcançar isso sem composições.
Temos a responsabilidade de unir o campo democrático para derrotar o bolsonarismo e melhorar a vida do povo que tanto tem sofrido com a fome, a carestia e o desemprego. A reeleição de Fátima e a eleição de Lula são nossas prioridades. Seria imperdoável pegar o Estado como encontramos, começar a arrumar a casa, e agora, com a possibilidade real de vitória de Lula, permitirmos que a direita retome a cadeira do executivo estadual. Não temos o direito de correr esse risco.
Quando vejo a direita bolsonarista potiguar elogiar a pré candidatura de Rafael ao senado, fica ainda mais claro quem está se beneficiando com essa possibilidade. Além de dividir o campo progressista sem tirar um só voto de Rogério Marinho, ainda cria um clima de embaraço na chapa liderada pela governadora. Por isso, não poderia me omitir. A política não é feita apenas de desejo ou de vontade. A vida real nos exige outros desafios.
Vivi de perto o primeiro mandato da governadora. Sei, por exemplo, o tamanho do carinho, da admiração e do reconhecimento que ela tem pelo papel exercido pelo PCdoB na vice governadoria, através de Antenor Roberto. Se fosse apenas pelo desejo, ela mudaria? Tenho certeza que não. Se fosse apenas pela vontade, o PT abriria mão de disputar o senado? Evidente que não.
Mas quem tem compromisso com mudar a vida das pessoas não pode escolher o caminho mais confortável. A eleição do presidente Lula foi imperativa no diálogo para a formação de alianças. Fátima sempre foi partidária e nunca se poupou na hora de enfrentar os mais duros desafios. Seja nas disputas à prefeitura, seja na arriscada disputa que fez ao senado quando tinha um mandato de deputada federal garantido. Nem todo mundo no PT tem esse desapego.
Rafael tem feito um excelente mandato. Alinhado com a classe trabalhadora, com o campo progressista. Precisamos dele como deputado federal. Quero ser sua companheira de bancada para fazer as transformações que o país precisa e estar ao lado de Fátima contribuindo para fazer o melhor governo que o RN já teve. Agora, sem pandemia e sem Bolsonaro. Esse é um convite à união do campo progressista e um chamado à não omissão.
Samanda é pré-candidata a deputada federal