Retorno total da frota de ônibus e greves foram pautas em grande ato unificado na frente da Prefeitura de Natal
Natal, RN 28 de mar 2024

Retorno total da frota de ônibus e greves foram pautas em grande ato unificado na frente da Prefeitura de Natal

20 de abril de 2022
7min
Retorno total da frota de ônibus e greves foram pautas em grande ato unificado na frente da Prefeitura de Natal

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Em Natal, a luta da classe trabalhadora contra o prefeito Álvaro Dias (PSDB) se fortaleceu nesta quarta-feira (20), com a realização de um ato unificado, que reuniu centrais sindicais, movimentos sociais e estudantes, em frente à Prefeitura de Natal, na Cidade Alta. As pautas incluíam melhorias no transporte público da capital potiguar, com o retorno de 100% da frota de ônibus e não aumento da tarifa, além de apoiar as greves da Saúde e da Educação.

Três grupos se encontraram na rua do Palácio Felipe Camarão, que nesta tarde estava protegido pela guarda municipal armada.

Estudantes e movimentos por moradia digna se concentraram na Praça Cívica, de Petrópolis, e saíram em caminhada, passando pela Câmara Municipal. Enquanto isso, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública (Sinte-RN) faziam Assembleia na sede antes de irem para a rua e o Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Saúde do Rio Grande do Norte (SindSaúde RN) começaram o ato na Praça Sete de Setembro desde as 13h. Pela manhã, tiveram atividades na Maternidade Municipal Dr. Araken Irerê Pinto e no Hospital Municipal de Pediatria Dr. Nivaldo Sereno.

A estudante Helena Alcântara está no 1º semestre de Serviço Social, na UFRN, mora na Zona Norte e, para ir às aulas, depende de um ônibus que passa de hora em hora perto da sua casa, além do Circular. Para ir ao Centro da Cidade, a situação não é diferente. Para isso, ela costumava usar o 85, uma das 28 linhas que foram extintas durante a pandemia.

“A gente tá sofrendo muito por causa dos ônibus, principalmente quem mora nas zonas Norte e Oeste da cidade. Chega atrasado, perde aula. As linhas precisam voltar”, comentou.

A coordenadora geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFRN Letícia Correia destaca que a luta pelo transporte é de toda a população e também lembra que o transporte oferecido aos universitários está pior.

“Infelizmente, muitas linhas não estão passando dentro da UFRN, como é o caso da 10-29 e 63. Os circulares também são muito limitados e por esse motivo, o DCE, que representa os 40 mil estudantes da UF, está aqui construindo esse ato. Convocamos todo mundo, secundaristas, sindicatos, pra construírem não só pelo passe livre estudantil, mas também pelo retorno da frota, que as linhas voltem a passar pela UFRN e a gente possa ter um transporte público gratuito de qualidade”, disse Letícia.

Os adolescentes atenderam ao chamado. Raoni Marques, de 15 anos, estava com um grupo de colegas da Escola Estadual Ana Júlia, que fica no Bairro Nossa Sra. da Apresentação. Ele, que mora em Vale Dourado, tem como opção de transporte os alternativos e diz que nem todos os carros aceitam o NatalCard. “Nos últimos meses tivemos alterações nas linhas. Viemos lutar contra o aumento da passagem e tentar o passe livre estudantil”, disse.

Tiago Silva, do Coletivo Rebeldia e do PSTU salientou que a juventude se une mais uma vez contra a precarização do transporte e contra o aumento da passagem. “Moro no Bom Pastor, pra vir ao Centro pego o 59 ou 7122. Parada não existe. Os ônibus estão sucateados e demorando ainda mais a passar, lotados. O circular da UFRN insuficiente, todo mundo precisa se espremer feito lata de sardinha”, reclamou.

Vanderlúcia Melo concorda. Ela é membro do Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas e vive na Ocupação Valdete Guerra, no bairro Planalto. “As passagens de ônibus já estão difíceis de pagar. Imagine a R$ 5,35 como querem aumentar. Um absurdo. Quando avisaram que ia ter ato, a gente veio”, disse ela acompanhada do grupo que luta também por moradia digna e recentemente foi alvo de ações de despejo promovidas pela Prefeitura.

Saúde

Os trabalhadores da Saúde estão em greve desde o dia 11 de abril reivindicando recomposição salarial de oito anos sem aumento, negociação da data-base, Plano de Cargos e Carreiras, melhores condições de trabalho, combate ao assédio moral, além do pagamento das gratificações, como quinquênios e insalubridades.

A pauta de reinvindicações já é de conhecimento do prefeito da capital desde 2019, mas nenhuma proposta foi apresentada até o momento. Segundo a categoria, o secretário municipal de Saúde, George Antunes, declarou que a solução da greve será contratar empresa terceirizada para atender à população – o que revoltou ainda mais os trabalhadores.

“A gente sabe que a lei de greve proíbe contratos pra substituir a população grevista. Como é que essa é a solução que ele tem pra dar, em vez de trazer o que a gente busca, que é o nosso reajuste, ao invés de sentar com as representações sindicais e fazer um acordo?”, expôs a trabalhadora Valdenice Aguiar.

A diretora do sindicato Érica Galvão questiona como vai se dar esse tipo de contratação emergencial e aponta que a Educação é outra área cheia de terceirizados, indicando a relação da gestão com os empresários.

“O município inteiro está tomado por empresários que financiam as campanhas, desde gestores de Álvaro Dias, do seu filho, do filho do secretário e na calada da noite também aumenta o seu salário. Doze mil reais, 60% também do salário dos secretário. Não tem estudo do impacto financeiro. Pra eles não tem nada, para os trabalhadores é quase uma década de espera e não negociação. Fica a nossa revolta”, conclui Érica.

Saiba Mais: Com fechamento de leitos pela Prefeitura e greve de servidores, tempo de espera por atendimento dobra nas unidades de saúde de Natal

Educação

Iniciada em 28 de março, a greve dos educadores da Rede Municipal do Natal reivindica pagamento do piso salarial, definido pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC) em 33,24%. Do dia 30 de março a 1º de abril, os grevistas chegaram a acampar em frente à Prefeitura.

Assim como na área da saúde, os educadores reclamam da falta de diálogo e de declarações dos auxiliares de Álvaro Dias. Em entrevista, o secretário adjunto de Educação teria dito que professores iniciam a carreira ganhando R$ 10 mil.

O coordenador do Sinte-RN Bruno Vital também se pronunciou em nome da luta pela mobilidade urbana: “Transporte público nessa cidade também é um caos. E o prefeito, no lugar de defender a população, entra na Justiça pra defender os empresários, os donos da empresa de ônibus. Ele é advogado do Seturn [Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros do Município de Natal]. É incrível como Natal virou um feudo de quem tem dinheiro”.

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