Parceria entre Ministério das Comunicações de Fábio Faria e Elon Musk levou internet a garimpos ilegais, diz reportagem
Natal, RN 19 de mai 2024

Parceria entre Ministério das Comunicações de Fábio Faria e Elon Musk levou internet a garimpos ilegais, diz reportagem

5 de junho de 2023
Parceria entre Ministério das Comunicações de Fábio Faria e Elon Musk levou internet a garimpos ilegais, diz reportagem

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Um projeto iniciado em 2022 entre o bilionário Elon Musk e o governo federal, através do Ministério das Comunicações comandado à época por Fábio Faria, tem levado internet a garimpos ilegais na Amazônia e dificultado a fiscalização das autoridades.

No ano passado, Musk veio pessoalmente ao Brasil para lançar a rede Starlink. A ideia era conectar 19 mil escolas em áreas rurais e monitorar a região amazônica. A distribuição do sinal passava por um acordo entre o empresário e o Ministério das Comunicações do governo Jair Bolsonaro (PL).

Antes da parceria iniciar de fato, Faria se encontrou com Musk em novembro de 2021, quando anunciou a empreitada. Ele defendeu o uso dos aparelhos da Starlink para conectar áreas remotas da região amazônica e para monitorar desmatamentos na área.

"Estamos trabalhando para fechar essa importante parceria entre o governo brasileiro e a empresa SpaceX. Queremos aliar a tecnologia desenvolvida por eles com o programa Wi-Fi Brasil do Ministério das Comunicações. O nosso objetivo é levar internet para área rurais e lugares remotos, além de ajudar no controle de incêndios e desmatamentos ilegais na floresta amazônica”, destacou o ministro. 

Um ano depois do projeto começar, em maio de 2022, a empresa de Musk só levou internet a três escolas estaduais no Amazonas, mas antenas da empresa têm sido vendidas até para garimpos ilegais, segundo reportagem do UOL. 

Mesmo com a promessa da distribuição do sinal, isso pouco tem se visto nos colégios. Em 22 de novembro, uma das três unidades de ensino que receberam o sinal foi visitada pelo ministro Fábio Faria. Na Escola Estadual Antônio Ferreira Guedes, na área rural do município de Careiro da Várzea, na região metropolitana de Manaus, o colégio teve a instalação das antenas da Starlink que levam acesso à internet a crianças e jovens que estudam em áreas remotas. 

Já as escolas estaduais Januário Santana e Nossa Senhora do Rosário, também contempladas com a conexão via satélite de baixa órbita, estão localizadas em Manacapuru (AM).

Enquanto isso, os equipamentos têm sido comercializados com preços inflacionados que levam o produto a custar até R$ 8 mil. A conectividade e a velocidade na comunicação dos garimpeiros tem aberto brechas na fiscalização, de acordo com fiscais ambientais ouvidos pela reportagem.

Apreensão na Amazônia | Foto: Associated Press

A despeito da meta do governo Bolsonaro de conectar 100% das escolas públicas da região Norte até o fim de 2022, ainda há mais de 5 mil escolas sem internet na região, segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

Sem escritório no Brasil, como mostrou o UOL, as antenas da Starlink de Musk têm sido vendidas a entes privados. No fim de maio deste ano, a empresa lançou uma promoção de 50% de desconto no preço de instalação, e a Starlink anunciou que atingiu a marca de 50 mil clientes no país. 

Nas operações de fiscalização na Amazônia, os equipamentos têm sido achados em garimpos ilegais e apreendidos. Elas podem ser compradas em grupos de garimpeiros no WhatsApp e no Facebook, segundo a reportagem.

Dificuldade de fiscalização

Com a expansão do serviço, o garimpo tem abandonado a comunicação via rádio e trocado o acesso pela internet, também monitorando a presença dos órgãos ambientais em áreas protegidas.

Segundo estes fiscais ouvidos pelo UOL, essa forma de atuação tem dificultado o trabalho dos agentes. A conexão com satélites de baixa órbita, como a da Starlink, é a opção mais viável de internet em áreas remotas, como as florestas.

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