Torturado pela ditadura que contou com ajuda de Dom Hélder e Elis Regina vem para debate em Natal
Natal, RN 16 de mai 2024

Torturado pela ditadura que contou com ajuda de Dom Hélder e Elis Regina vem para debate em Natal

9 de setembro de 2023
4min
Torturado pela ditadura que contou com ajuda de Dom Hélder e Elis Regina vem para debate em Natal

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Natal receberá, na próxima sexta-feira (15), Edival Nunes da Silva, o Cajá, para um debate sobre Memória, Verdade e Justiça e uma homenagem ao comunista potiguar morto pela ditadura, Emmanuel Bezerra.

A discussão será realizada no auditório do Museu da Rampa a partir das 18h. Militante do Partido Comunista Revolucionário (PCR), Cajá foi um dos presos e torturados pelo regime militar, na época em que era estudante de ciências sociais na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

À Agência Saiba Mais, o comunista afirmou que manter viva a história dos assassinados pela ditadura é fundamental para impedir tentativas de golpes como o do dia 8 de janeiro de 2023.

“Ora, e seria justo dizer que o Brasil acertou suas contas com a ditadura, com o seu passado? Claro que não! Não se pode falar de democracia ampla, profunda e larga sem implantar uma justiça de transição”, comentou Cajá. 

“Sem levar aos bancos dos réus todos aqueles golpistas e torturadores que estão por aí fomentando, conspirando dentro dos quartéis, dentro das instituições que ainda guardam muito da ditadura militar”, continuou.

Edival Nunes foi sequestrado pelos agentes da ditadura em 12 de maio de 1978, sendo submetido a torturas por três dias e mantido em cárcere privado por 12 meses. Na ficha, ainda foi enquadrado na Lei de Segurança Nacional, acusado de organizar o PCR.

Enquanto permanecia nos porões do cárcere, recebeu uma campanha por sua libertação que contou com apoio da cantora Elis Regina, do então arcebispo de Olinda e Recife, Dom Hélder Câmara, e até do Papa Paulo VI, que mandou um telegrama para o ditador Ernesto Geisel para que poupassem sua vida.

O apelido de Cajá, inclusive, veio por meio do próprio Dom Hélder. Nunes iniciou sua trajetória de militância na região de Cajazeiras, na Paraíba. Com uma relação de proximidade com o religioso, o arcebispo pediu para lhe chamar por um nome menor e sugeriu a fruta. O apelido pegou.

A solidariedade também lhe rendeu o apoio de uma das maiores intérpretes da Música Popular Brasileira, Elis Regina:

“Cajá, estou por aqui. Por sua terra forte e maravilhosa. Sabidamente mais que eu. Me desculpe a ausência. Embora ela seja somente física. E determinada por uma covardia estúpida bem sei. Mas que abrigada no meu interior, me impede gestos maiores e mais amplos. Isso tudo me faz sentir extremamente inferior perto de pessoa como você. Mas, já lhe disse, a ausência é só física. Cada momento de sua vida eu acompanho num misto de admiração, respeito e sei lá mais quê.”

Já Emmanuel Bezerra, alvo da homenagem de Cajá em 15 de setembro, nasceu no que é hoje o município de Caiçara do Norte. No ensino primário permaneceu na sua cidade e depois veio morar na Casa do Estudante de Natal, onde estudou no Colégio Estadual do Atheneu Norte-riograndense.

O potiguar Emmanuel Bezerra foi assassinado pela ditadura aos 26 anos | Foto: reprodução

Também militante do Partido Comunista Revolucionário (PCR), ingressou na Faculdade de Sociologia da Fundação José Augusto, sendo posteriormente delegado do Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE) e diretor do DCE da UFRN. 

Foi preso em 04 de setembro de 1973 em São Paulo, quando voltava de uma tarefa do PCR no exterior. Levado ao DOI-CODI, foi torturado brutalmente até a morte. Em 1992, seus restos mortais foram exumados e trasladados para o Rio Grande do Norte, onde foram enterrados no cemitério de São Bento do Norte sob forte comoção. 

O debate com Edival Cajá e a homenagem a Emmanuel Bezerra é uma realização do PCR e suas frentes: a Unidade Popular (UP), Jornal A Verdade, Movimento Luta de Classes (MLC), União da Juventude Rebelião (UJR) e Movimento de Mulheres Olga Benário.

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