Gargalheiras: Andinho, o pescador que viralizou à espera da sangria
Natal, RN 21 de mai 2024

Gargalheiras: Andinho, o pescador que viralizou à espera da sangria

5 de abril de 2024
4min
Gargalheiras: Andinho, o pescador que viralizou à espera da sangria
O pescador viu o Açude Gargalheiras sangrar após anos de expectativas e esperança. Imagem: Cedida.

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Quem estava na expectativa para a sangria do açude Marechal Dutra, mais conhecido como Gargalheiras e localizado em Acari (RN), provavelmente ouviu falar do Andinho de Bulhões. O acariense de 46 anos viralizou nas redes nos últimos dias com suas transmissões ao vivo, geralmente fazendo medições de quanto faltava para Gargalheiras sangrar, bem como compartilhando as expectativas para esse momento tão esperado pela população do Seridó. Buscando entender mais sobre a história e vida do Andinho de Bulhões, a Agência Saiba Mais conversou com o seridoense.

Sem transbordar após treze anos, desde 2011, o Açude Gargalheiras iniciou a sangria no fim da noite da última quarta-feira (03). Em março do ano passado, o Gargalheiras estava com apenas 3,98% (1,7 milhão de metros cúbicos) de sua capacidade total, que é de 44,4 milhões de metros cúbicos. Apesar do tempo demorado para que açude voltasse a encher e transbordar, Andinho de Bulhões afirma que nunca perdeu a esperança.

“Fiquei muito conhecido por levar energias e palavras positivas, a todo o Brasil, de que o Gargalheiras iria sangrar!”, afirma o pescador, que tem como marca registrada o lema “Vai dar tudo certo!”.

Com apenas cinco anos de idade, ele aprendeu a pescar com o pai e o avô. Anderson de Medeiros é natural do povoado Bulhões, pertencente ao município de Acari e onde morou por 43 anos. Ele conta que, durante a sua trajetória de vida, já chegou a enfrentar muitas dificuldades, inclusive a fome, também ocasionada pela seca na região do Seridó. 

O acariense é pai de Gelza Lorrane, de 15 anos, e de Elyza Vitória, de apenas três meses. “Elyza é filha de Gargalheiras, já Gelza Lorrane nasceu em Bulhões”, conta. Ele ainda afirma que a esposa, Francileide, é uma grande companheira.

“Sempre me ajudou nos meus projetos e sempre está do meu lado”.

Com o sonho de realizar a atividade turística de passeio de barco no Açude Gargalheiras, o pescador se mudou há quase quatro anos para a comunidade de mesmo nome, também em Acari. No entanto, o sentimento de pertencimento à comunidade de Bulhões não desapareceu, pois atualmente o pescador é um dos representantes do povoado onde viveu por tanto tempo.

“E chegando em Gargalheiras fui muito bem acolhido por toda a comunidade”, narra.

Quando chegou em Gargalheiras, Andinho de Bulhões fez uma promessa religiosa: se o açude voltasse a sangrar, ele andaria descalço por um ano.

“Desde quando cheguei aqui, eu acreditava que o véu da noiva iria voltar, que as águas voltariam para o nosso Seridó”, relata ele, que agora está comprometido em fazer a promessa se realizar. Ele ainda destaca as expectativas positivas para a economia do Município de Acari, agora que a água do Gargalheiras transbordou.

“Com isso, o sertanejo, o agricultor e o agropecuarista sentem que o sonho deles foi realizado, que é a volta do véu da noiva”, afirma.

A dedicação ao turismo local e a relação com a arte

Ele afirma que hoje segue a vida se dedicando principalmente ao turismo, tendo como destaque o passeio de canoa e as trilhas realizadas na região. O passeio de barco de Andinho de Bulhões ficou muito conhecido, como ele relata.

“O meu intuito maior é levar o nome da nossa cidade, Acari, e o nome da terceira maravilha do RN adiante”, revela, se referindo ao Açude Gargalheiras, que é considerado a 3ª maravilha do estado.

Além disso, Andinho de Bulhões tem um espaço chamado Café com Arte na comunidade onde hoje vive, e que é destinado também à atividade turística.

“O espaço trabalha com agendamento”, conta, explicando também que o lugar costuma receber grupos de turistas.

“As equipes nos ligam para agendar, e a gente faz o trabalho de translado deles, quando vão visitar outros locais por aqui, como as serras. E quando eles voltam, aqui tem almoço com música ao vivo, com o cantor Andinho de Bulhões”, explica com entusiasmo.

Para além da atividade turística e da pesca, Andinho de Bulhões também artista plástico, já tendo vendido suas artes até mesmo para pessoas de fora do Brasil, e é compositor, “mesmo sem nunca ter estudado, nem nunca ter ido numa escola”, conta ele, que já possui 46 composições autorais.

Canção de autoria de Andinho de Bulhões. Vídeo: Reprodução/Redes Sociais/Blog Wllana Dantas.

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