Comitê científico do Nordeste sugere fechamento das divisas e criação de brigadas sanitárias em rodovias do RN
O comitê científico do Consórcio Nordeste voltou a criticar as políticas sanitárias de combate a Covid-19 adotados pelo Governo do Estado e também pela prefeitura de Natal.
No boletim 09 divulgado nesta quinta-feira (2), a equipe coordenada pelo ex-ministro da Ciência e Tecnologia Sérgio Rezende e pelo neurocientista Miguel Nicolelis voltou a sugerir o lockdown em todo o Rio Grande do Norte como forma de reduzir as taxas de transmissibilidade do Coronavírus.
Leia o boletim na íntegra aqui
O comitê recomenda que o Governo implemente, de forma imediata, Brigadas Emergenciais de Saúde por todo o Estado, além de estabelecer um programa estadual de testagem para realização de múltiplos inquéritos soroepidemiológicos. O fechamento das divisas com o Ceará e a Paraíba também é indicado:
- Implementar barreiras sanitárias e mecanismos de rodízio/controle de tráfego de carros particulares e ônibus intermunicipais nos seguintes trechos rodoviários: BR-101, no trecho João Pessoa- Natal, e no trecho Natal-Touros, e na rodovia Natal- Mossoró. A possibilidade de se estabelecer um lockdown de todo o estado, bem como o fechamento intermitente das fronteiras do estado com o Ceará e a Paraíba também deveria ser considerada imediatamente”, diz um trecho do documento.
A adoção do modelo de lockdown em capitais como São Luís, Fortaleza, Recife e na região metropolitana de João Pessoa que variou de duas a três semanas teve efeito positivo, aponta o relatório.
- Estes efeitos se manifestaram na forma de uma desaceleração temporária nas curvas de casos novos e de óbitos e pela redução na demanda por leitos de enfermaria, apesar da demanda por leitos de UTI ainda permanecer alta”, diz.
O início da reabertura gradual das atividades econômicas no Estado também recebeu críticas no boletim do Consórcio Nordeste. Os cientistas citam especificamente Natal e Mossoró, como casos mais graves em razão das taxas de ocupação de leitos estarem próximas de 100%.
- Com um crescimento de casos da ordem de 71% em 14 dias, taxa de ocupação de leitos de UTI no máximo (100%) ou próximo disso, este comitê não consegue entender quais critérios epidemiológicos e clínicos têm sido usados pelo comitê científico local, apoiado pelo governo estadual, bem como a prefeitura de Natal, para justificar uma reabertura, mesmo que gradual, de lojas e outras atividades econômicas na capital do Estado”, afirmou o comitê, que recomendou uma passo atrás na abertura do comércio:
“Uma completa reversão no plano de relaxamento oferecido pelo comitê local do governo do Rio Grande do Norte e da prefeitura de Natal é necessária para evitar que a situação do estado se agrave consideravelmente”, afirma.
A taxa de transmissibilidade (Rt) também é analisada no boletim mais recente. A redução nesse percentual foi uma das justificativas usadas pelo Governo do Estado para autorizar a abertura de parte do comércio. Ainda assim, o comitê recomenda mudança nos planos:
- Embora o Rt de Natal tenha sofrido uma queda, ele ainda é superior a 1. Enquanto isso valores bem mais altos e preocupantes de Rt podem ser encontrados na periferia de Natal (Parnamirim, 1.56, Macaíba, 1.86, São Gonçalo, 1.71), na região oeste (Mossoró, 1.38, Apodi, 1.47) e sul (Caicó, 2.37) do estado”, escrevem os técnicos.
Em linhas gerais, o comitê científico do Consórcio Nordeste chama a atenção para o risco do “efeito bumerangue” em todas as capitais da região nas próximas semanas em razão da migração de pacientes do interior para serem atendidos nos grandes centros nordestinos.