A Guerra Mundial de novo na ordem do dia?
Natal, RN 27 de abr 2024

A Guerra Mundial de novo na ordem do dia?

3 de março de 2022
5min
A Guerra Mundial de novo na ordem do dia?

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A guerra faz parte da nossa civilização. Há divergências sobre onde ocorreu a primeira guerra da civilização, embora vários arqueólogos apontem para uma região situada entre os atuais Irã e Iraque, berços da civilização. Nas brumas das areias do tempo, a Guerra ergueu e destruiu impérios e civilizações; afetou o meio-ambiente; recolocou novas opções civilizatórias erguidas do sangue dos mortos.

As duas maiores catástrofes derivadas de Guerras, no século XX, não começaram do nada. A primeira Guerra mundial começa em 1905 quando o Japão destruiu a frota russa no estreito da Coreia, marcando o início de uma confrontação, que acabou adiada para julho de 1914, mas que já teve uma primeira amostra na Guerra dos Balcãs, que ensanguentou a região entre 2010 e 2012.

Na Primeira Guerra foram 17,6 milhões de mortes, um verdadeiro cataclismo civilizatório, que deixou o mundo em estado de choque e que destruiu a economia de vários países, deixando milhões de famintos desesperados, doentes e deficientes, e plantando as sementes de um discurso de ódio, que daria origem ao fascismo na Itália (1922), no nazismo alemão (1933), no salazarismo português (1934) e na Guerra Civil Espanhola (1936-39).

A Segunda Guerra Mundial, um prolongamento da Primeira, deixou, segundo analistas, entre 70 e 80 milhões de mortos, sendo 25 milhões deles na URSS e 8 milhões de judeus, chacinados pela morte de limpeza étnica nazista, hoje tão saudado em países como Estônia, Letônia e Lituânia, além da Ucrânia. Uma guerra devastadora que deixou como legado as armas nucleares. Só essas duas guerras deixaram quase 90 milhões de mortes.

E a Guerra instalou-se na civilização moderna, se tornando uma presença permanente, principalmente na beirada do capitalismo ou será que devemos esquecer a Guerra da Indochina (1945-54), que devastou uma paupérrima região e que se prolongou até 1975, com a intervenção genocida dos EUA, que só no Vietnã matou 1 milhão de pessoas, contaminou o solo da região e espalhou minas que até hoje causam efeitos nos camponeses.

Das Guerras mundiais nos acostumamos com as “guerras localizadas”, bestiais, desumanas, como a Guerra da Coréia (1950-53) que matou mais de 1 milhão de coreanos; as guerras na África, especialmente na miserável Biafra, na Nigéria (1967-70), que deixou mais de 2 milhões de mortos. Como esquecer o criminoso bombardeio dos EUA no miserável Camboja, em 1972, que abriu caminho para a guerrilha delirante do Khmer Vermelho e o genocídio de 1975-79.

As guerras pareciam, embora isso não fosse verdade, estarem fadadas a se tornar um “problema da periferia”, que só atingiria os pobres em meio a a desastres econômicos nas dezenas de países cujos governos, plantados pelos EUA, viviam hora em crise humanitária, hora em guerra civil. E foi no final dos anos 70 que começou uma das guerras mais devastadoras, cujas sequelas estão presentes até hoje: a do Afeganistão.

Enfim as guerras da periferia chegaram ao centro do “mundo civilizado”, com a eclosão de várias guerras oriundas dos escombros da URSS e da Iugoslávia, que fizeram ressurgir cenas lamentáveis e com genocídios em várias partes, mas essas guerras, diferentes da tragédia em Ruanda, que deixou 900 mil mortes em três semanas, em 1994; a destruição completa do estado somali; as cenas de morte na Guerra do Líbano; e da vista grossa dos bombardeios israelenses contra os palestinos, o que acontecia na Europa deixava os olhos marejados do mundo.

E chegamos ao século XXI com as catástrofes do Iraque (2003), cuja invasão foi feita unilateralmente pelos EUA e que simplesmente acabou com o Estado iraquiano, tudo isso com a vista grossa da ONU. Mas tudo isso não fazia parece que a Guerra voltaria a ser uma sombra na humanidade. Bastava que a OTAN fosse o braço armado dos EUA e da União Europeia e nós só veríamos as “guerras periféricas”.

Agora, a Guerra que se desenvolve na Ucrânia apresenta uma nova face de guerra mundial. Um Estado que quer reocupar seu lugar de potência e que não mais aceitará que os EUA seja “donos do poder”, a Rússia, invade a Ucrânia, um Estado-Bandido, governada por nazis e que estava prestes a se tornar uma base militar nas barbas de Moscou.

E tudo recomeçou. O “mundo ocidental” uniu-se contra a Rússia, que nunca foi realmente aceita nesse clube de nações que hoje seguem as diretrizes de Joe Biden, um presidente que aposta sua sobrevivência política numa guerra total, o que sugere uma certa simpatia pelo Deus da Guerra.

O mundo parou. E espera que a ONU atue como ONU, posto que a União Europeia-OTAN-EUA são, hoje, o Eixo da Guerra. É necessário que, agora, se pare a guerra e se concorde em negociar uma paz. Mas o certo é que o domínio absoluto dos EUA está dando seus respiros finais, o que sugere tempos difíceis para humanidade já que as disputas pelo poder se farão mais presentes.

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