Campanha de Lula no RN se expande para periferias e zonas rurais com apoio de políticos tradicionais e eleitores independentes
Natal, RN 17 de mai 2024

Campanha de Lula no RN se expande para periferias e zonas rurais com apoio de políticos tradicionais e eleitores independentes

13 de outubro de 2022
6min
Campanha de Lula no RN se expande para periferias e zonas rurais com apoio de políticos tradicionais e eleitores independentes

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Flávio Eduardo de Oliveira, 31, não sabia o que era participar de um ato político há mais de nove anos. Em 2013, ele foi um dos milhares de jovens natalenses que foram às ruas nos protestos que nasceram na capital potiguar contra o aumento nas passagens de ônibus, e depois se expandiram por todo o Brasil. Mas, nos últimos anos, não se sentia motivado em ir novamente para uma manifestação política. A situação mudou com o segundo turno das eleições, que apontou uma disputa entre Lula (PT) e Jair Bolsonaro (PL) e o levaram a se levantar contra o atual presidente, que considera representante do “machismo”, “homofobia” e envolvido em “escândalos de corrupção”.

Assim como Flávio, a campanha política do segundo turno tem avançado no Rio Grande do Norte e conquistando apoio nas periferias, zonas rurais e em camadas de eleitores que não são ligados ao PT. O próprio Oliveira não teve Lula como seu candidato preferido nas eleições, mas votou no petista mesmo assim.

“Durante o primeiro turno eu adotei uma posição um pouco mais neutra por causa dos meus familiares que são bolsonaristas. Lula teve o meu voto no primeiro turno, mas confesso que se não fosse essa iminente ameaça de golpe, eu poderia ter ido em Simone Tebet (MDB)”, confessa.

“É extremamente preocupante que ainda tenhamos a possibilidade de um cara como o Bolsonaro e tudo que ele representa, como machismo, homofobia, todo o envolvimento em escândalos de corrupção. Não é de agora, já vem de alguns anos que o nome da família dele está envolvido com escândalos de corrupção, com milícias”, critica.

Campanha pé no barro

É para atrair este perfil do eleitorado que o PT tem ido às ruas, não só na capital, como também no interior. Em Mossoró, a campanha está presente em bairros populares, que concentram uma alta população de baixa renda, e também na zona rural. É o que explica Ítalo Menezes, 26, secretário LGBT do PT-RN.

“Aqui em Mossoró, a auto-organização do povo está sendo o principal pontapé da campanha do Lula, tanto na zona rural onde tem um protagonismo do MST, como também na zona urbana, onde a gente faz bandeiraço no Santo Antônio, no Belo Horizonte, na Estrada da Raiz, nas Barrocas, no Planalto, no Liberdade, no Sumaré”, elenca, citando algumas localidades. “Todos os bairros, principalmente os mais afastados, é onde está o nosso fôlego, onde a gente vai fazer campanha, bandeiraço, panfletagem, banquinha, conversando com as pessoas”, explica.

Na cidade, o partido também tem atraído para a campanha políticos tradicionais que não costumam caminhar junto com o PT, mas que se juntaram à Lula contra Bolsonaro. É o caso da ex-vereadora e ex-presidente da Câmara Municipal, Izabel Montenegro, uma emedebista histórica, além de parte dos Rosados e até o vice-prefeito de Mossoró.

“A gente tem do vice-prefeito Fernandinho das Padarias até a ex-deputada federal Sandra Rosado, a vereadora Larissa Rosado, segurando a bandeira do Lula, pedindo voto nas ruas, nas nossas caminhadas para Lula. A expressão tem sido bem forte. Enquanto a oposição não está se manifestando muito forte, nosso lado está indo pra rua, está batendo de frente para ampliar a votação do Lula”, afirma.

Ex-vereadora Izabel Montenegro, do MDB (quarta na fileira da frente, de blusa rosa) e atual vereadora Larissa Rosado (UNIÃO) em atividade na periferia de Mossoró | Foto: reprodução

Para Menezes, a “auto-organização” acontece por meio de grupos em redes sociais. “Por exemplo, dos três ‘piseiros’ que tiveram em Mossoró, dois foram organizados de forma popular. Foram mais de três grupos de WhatsApp lotados de pessoas que fizeram cotinha para fazer adesivo, que se organizaram para os paredões e tudo mais para descer a Presidente Dutra [tradicional avenida de Mossoró] de forma orgânica, onde o povo e os militantes estavam juntos fazendo esse ato”, descreve.

Frente pela democracia

A avaliação é a mesma da deputada estadual e presidenta do PT Mossoró, Isolda Dantas. Segundo a parlamentar, a população tem percebido “o que está em disputa no país”.

“O que nós temos acompanhado aqui em Mossoró e em toda região Oeste é um processo de fortalecimento da campanha do Lula. São atividades autogestionadas onde as pessoas se organizam sem nenhuma necessidade de ter uma condução de uma direção partidária ou de algum sindicato”, avalia. “Muitos fazem uma cota, contratam som ou mandam fazer impressão de material. Isso significa que as pessoas estão compreendendo o que de fato está em disputa no país, que é um projeto de democracia que precisa da força de todo mundo”, acredita.

Ela também destaca a amplitude da frente democrática contra Bolsonaro, com a adesão dos políticos não-petistas.

“A gente tem recebido de forma muito importante a adesão de outras pessoas e figuras públicas que não são necessariamente do PT, mas que acreditam na democracia, que acreditam que o que está em jogo é a educação, a saúde, são os valores civilizatórios. Então o debate não é só sobre corrupção. O debate é sobre ser racista ou não, é sobre ser LGBTfóbico não, é acreditar na ciência ou não. Esses são os valores que estão em jogo nesse processo eleitoral”.

Já Thiago Cipriano, 26, diretor da União Estadual dos Estudantes e aluno de Comunicação Social da Uern, aponta outro objetivo. De acordo com ele, a militância de juventude busca também conquistar os eleitores que votaram em branco ou nulo anteriormente.“Pós eleições do primeiro turno, nós tiramos uma reunião com toda a militância para decidir como a gente ia tocar essa campanha do segundo turno. Daí, tiramos agendas diárias de banquinhas de vira voto, caminhadas em bairros em que os colégios eleitorais tiveram uma grande porcentagem de brancos e nulos, atuação forte nas redes com as propostas de Lula. O positivo é realmente isso: vários jovens independentes e inclusive de partidos de esquerda estão se somando às nossas agendas”.

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