Saída de Fábio Faria das Comunicações desaloja Carla Dickson da Câmara; outra potiguar assume ministério

Com a saída anunciada do potiguar Fábio Faria do Ministério das Comunicações, ele deve agora reassumir o cargo de deputado federal em que estava licenciado desde junho de 2020, quando deixou a Câmara para ser ministro. Com sua volta faltando poucos dias para o fim do mandato, a suplente Carla Dickson (UB) deixa o posto de deputada que assumiu com a licença de Faria. Para substituir o agora ex-ministro, a secretária executiva da pasta, Estella Dantas, será ministra interina até 31 de dezembro.

De acordo com a exoneração, assinada por Bolsonaro, o pedido para deixar o cargo partiu do próprio ex-ministro. Quando ele se licenciou da Câmara em 2020, deu lugar à médica oftalmologista Carla Dickson. Neste ano, a deputada concorreu à reeleição, mas alcançou 43.191 votos — insuficientes para seguir em Brasília. Ela ainda desidratou mais de 17 mil votos entre uma votação e outra. Antes de chegar à Câmara, Dickson foi vereadora de Natal, eleita em 2016.

Em um de seus últimos anos na Câmara, Dickson votou contra a PEC da Transição na tarde desta quarta-feira (21). A proposta estabelece que o novo governo terá R$ 145 bilhões no orçamento além do teto, dos quais R$ 70 bilhões serão para custear o auxílio de R$ 600 reais com um adicional de R$ 150 por criança de até 6 anos. A proposta também abre espaço fiscal para outros R$ 23 bilhões em investimentos pelo prazo de dois anos e não por quatro anos, como queria a equipe de transição.

A aprovação da PEC em primeiro turno representou uma vitória para o presidente eleito Lula (PT). Dos oito parlamentares da bancada potiguar, cinco votaram a favor da PEC – Natália Bonavides (PT), Benes Leocádio (UB), Beto Rosado (PP), Rafael Motta (PSB) e Walter Alves – e três disseram “não” à proposta que garante o pagamento do auxílio financeiro para os brasileiros mais miseráveis. Além de Carla, apenas General Girão (PL) e João Maia (PL) foram contrários.

Comunicações tem nova titular

Já nas Comunicações, pasta que antes era ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações e foi recriada por Bolsonaro para alojar mais aliados no primeiro escalão, quem assume a titularidade até o fim da gestão é a jornalista e até então secretária executiva do órgão, Estella Dantas.

Dantas foi assessora parlamentar de Fábio desde o seu primeiro mandato. Também já atuou como secretária de Relações Institucionais do Rio Grande do Norte na gestão Robinson Faria (2017-2018), assistente executiva na CBTU e assessora especial dos Correios.

Nesta quarta (21), a jornalista já falou como ministra interina dentro do anúncio do Governo sobre a liberação de verbas para investimentos em infraestrutura de telecomunicações.

Último ato de Fábio Faria no ministério irritou bolsonaristas

Ao sair do Ministério das Comunicações, Faria assinou uma proposta que prevê a emissão de R$ 2,5 bilhões em debêntures incentivadas - uma modalidade próxima a empréstimo que tem a finalidade de captar recursos para grandes obras. 

Segundo a jornalista Thaisa Galvão, a beneficiária teria sido a V.Tal, empresa adquirida pelo BTG Pactual. O presidente do banco, André Esteves, apoiou o nome de Fernando Haddad para a Fazenda e se comprometeu com Lula a dirimir a resistência ao petista junto à classe empresarial. Por isso, de acordo com a jornalista, Faria teria saído do ministério sendo chamado de “traidor” por bolsonaristas da Esplanada.