Pouco depois que o Conselho Universitário (Consuni) da Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa) aprovou, nesta segunda (31), o parecer que recomenda a destituição da reitora Ludimilla Carvalho Serafim de Oliveira do cargo, devido a perda do título de doutorado, ela divulgou um vídeo no qual afirma que o processo que trata de sua remoção à frente da instituição ainda está longe de terminar.

“O caso está judicializado e uma coisa muito importante: a reitora permanece reitora. A reitora só sai da cadeira e do ambiente de trabalho dela quando a última palavra for dada. Então essa história está muito longe de chegar no ponto final”, assegura a reitora da Ufersa.

O parecer do Consuni, que recomenda a destituição de Ludimilla Carvalho Serafim de Oliveira do cargo de reitora da Ufersa, teve um total de 19 votos favoráveis e 3 abstenções. A decisão do Conselho não tem caráter punitivo e o relatório com a recomendação da destituição será enviado ao Ministério da Educação (Mec), que também terá um prazo para fazer a análise. A palavra final será dada pelo Ministro da Educação.

"Só para deixar a comunidade acadêmica tranquila... seguiremos trabalhando por uma só Ufersa. Angicos, Caraúbas, Pau dos Ferros, Mossoró e nosso polo em Serra de São Bento, continuem com nosso apoio, contem com nosso zelo, contem com nossa dedicação. A última palavra, ela vem de Deus, aguardemos", finaliza Ludimilla.

O processo para avaliar a destituição da reitora da Ufersa foi iniciado no Consuni depois que, em junho de 2023, o reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Daniel Diniz, acatou a recomendação do Relatório da Comissão de Processo Administrativo Disciplinar Discente de anular o título de doutorado de Ludimilla por plágio.

A Comissão interna, instalada pela UFRN para analisar a denúncia de plágio, apontou em seu relatório que pelo menos 44% das palavras contidas na tese de Ludimilla não foram redigidas por ela.

Em setembro de 2020, a Agência Saiba Mais publicou uma matéria revelando que das 195 páginas que compõem a tese de doutorado defendida pela Reitora da Ufersa, em pelo menos 16 delas havia o que a comunidade acadêmica classifica como plágio, cópias inteiras ou parciais de textos de outros autores, sem que a fonte fosse citada ou houvesse uso de aspas, no caso de transcrições.

Confira o vídeo na íntegra:

Reitora da Ufersa I Vídeo: divulgação

MPF

O Ministério Público Federal (MPF) também chegou a solicitar o afastamento de Ludimilla Oliveira por abuso de poder e intimidação. O agravo teria ocorrido na carta enviada por Ludmilla no dia 25 de junho ao Consuni da Ufersa, que se reuniria dois dias depois para decidir se instalaria ou não uma Comissão para avaliar a destituição da reitora do cargo, depois que a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) cassou o título de doutora de Ludimilla ao fim do processo por plágio.

Na carta, Ludimilla escreve sobre que procedimentos devem ser adotados pelos membros do Conselho da Ufersa no caso de sua morte. Na avaliação do MPF, a conduta da reitora da Ufersa “se insere num histórico de intimidação à comunidade acadêmica que vem ocorrendo desde 2020, não se devendo minimizar o poder que a requerida, exercendo a função de Reitora, ainda ostenta perante a Administração”.

Eleição

Ludimilla Carvalho Serafim de Oliveira foi nomeada para a reitoria da Universidade Federal do Semi-Árido pelo então presidente Jair Bolsonaro, em agosto de 2020, depois de ficar em terceiro lugar na votação feita junto à comunidade acadêmica, em junho.

No pleito, Rodrigo Codes ficou em primeiro lugar com 37,55% dos votos, Jean Berg em segundo com 24,84% e Ludimilla em terceiro, com 18,33%. A lista tríplice foi encaminhada ao MEC e Bolsonaro fez a nomeação durante passagem pelo Rio Grande do Norte, na cidade de Mossoró, em 21 de agosto de 2020.

A atual gestão da reitora da Ufersa começou em 2020 e tem previsão para seguir até 2024.

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