O neopeleguismo e a transparência de vidro fumê
Natal, RN 12 de mai 2024

O neopeleguismo e a transparência de vidro fumê

3 de setembro de 2023
4min
O neopeleguismo e a transparência de vidro fumê

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Por Rômulo Sckaf*

Não é novidade para ninguém que o sindicalismo enfrenta a sua pior fase de representatividade, uma vez que as organizações aprenderam nomes como “colaborador”, “empreendedorismo” e outras formas de não mais dialogar com operários.

Somado a isso, uma transferência de identidade aos movimentos sociais que também não se veem necessariamente como trabalhadores.

A celebre frase “proletários do mundo, uni-vos!” ficou em pequenos recortes de um passado de união duramente violentado por patões e também pelo Estado.

Quando pensamos em um novo tipo de sindicalismo, estávamos justamente travando uma batalha pelas teias de aranhas que se escondiam em mandatos com baixíssimo poder de apoio ao trabalhador. Tanto é verdade que não houve aumento de mandatos na Câmera Municipal de Natal.

Nesse novo modo de pensar o sindicalismo, precisamos fazer formação política para todos, apoio psicológico aos funcionários públicos duramente castigados por perseguições e assédios que remontam o histórico potiguar, apoio cultural a manifestações de projetos populares.

Fazer um levantamento dos supostos desvios da gestão anterior, há mais de 2 décadas no poder.

Um sindicato onde os mandatos trabalhariam a somar com o operário público. Mas na prática, depois de eleito, o novo sindicalismo se perdeu, tiraram um tipo de gestão centralizada que não tinha por hábito diálogo, uniu-se às mais diversas correntes divergentes.

É bem verdade que o respeito ao ser humano sempre foi uma prática, inclusive quando da vitória da chapa “É Tempo” foi dado todo o espaço para a dolorosa derrota da gestão anterior sair com dignidade.

Mas chegou a nova gestão, reuniões a portas fechadas, interesses individuais, conchavos, diretores com mais poder de decisão do que coordenadores.

Nas redes sociais, áudios vazados na imprensa mostrando a falta de lisura no trato com o dinheiro do servidor, discurso de ódio, e o mais impressionante: diálogo com representantes do patronato, vereadores que trazem na sua dialética e na sua praxis declaradas votações contra a população.

Este é o reflexo do neopeleguismo.

O que vimos é um total despreparo da pseuda “gestão da ilha da fantasia”, deslumbrado por um palanque vazio, repleto de dedos apontados, discurso de ódio, a mesma raiva da oposição sindical, a ausência de diálogo e comunicação com servidor e o mais impressionante, sem esquecer do carinho oportuno.

Abandonar parceiros pelo caminho é conhecido por quem não tem nem histórico nem formação política, mas de modo contínuo no movimento é triste. Uma pena que Natal não tenha representante à altura do funcionalismo que sofre pelo apagão na gestão da prefeitura e também sofre com a falta de credibilidade sindical.

Nem só de salário vive o povo. Também vive da dignidade da luta, do apoio mútuo e transparente dos sindicatos que poderia - e deveria - realizar muito mais do que stories no Instagram.

Mais uma vez sofre Natal.

Quais as atividades culturais? Só música na área de lazer ?

Qual tipo de apoio a outras linguagens que dialoguem com o funcionalismo público?

Cadê o tratamento mental aos servidores?

Quais atividades desenvolvidas pela diretoria de juventude?

Quais os cursos de inclusão?

A contribuição de 1% para aposentados ?

Cadê a correção e progressão dos níveis do servidor?

E os chalés, proposta inicial do projeto na área de lazer?

E o fim da reeleição?

O que se fez para acabar com o assédio no trabalho?

Os debates dos conselhos, é debatido internamente com os servidores?

Ou só para representação vazia dos coordenadores?

O portal da transparência do sindicato, sem vidro fumê

Cadê os seminários preparatórios para a aposentadoria?

Cadê a auditoria nas contas da gestão anterior?

Nada do que existe hoje faz parte do novo sindicalismo.

Proletários do mundo, uni-vos !

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Rômulo Sckaf é historiador e cineasta

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