Caso Giovanni Gabriel: júri popular é novamente adiado; entenda
Natal, RN 13 de mai 2024

Caso Giovanni Gabriel: júri popular é novamente adiado; entenda

14 de outubro de 2023
3min
Caso Giovanni Gabriel: júri popular é novamente adiado; entenda

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Sofrimento prolongado para familiares e amigos que buscam memória, verdade e justiça para Giovanni Gabriel. Na última quarta-feira (11), foi novamente adiado o júri popular dos quatro policiais militares acusados de sequestro, homicídio qualificado e ocultação do cadáver do jovem, de 18 anos. Paullinelle Sidney Campos Silva, Bertoni Vieira Alves, Valdemi Almeida de Andrade e Anderson Adjan Barbosa de Sousa respondem em liberdade e só devem ir a julgamento no próximo dia 20 de novembro.

A alegação que fundamentou o adiamento do júri, que estava marcado para o dia 16 de outubro, foi a não localização das gravações de cinco depoimentos de defesa fornecidos pelos policiais acusados durante o processo. A nova suspensão causou grande revolta em amigos e familiares da vítima.

É um desrespeito a dor de Priscila, mãe de Gabriel e demais familiares que esse júri tenha sido remarcado às vésperas do seu acontecimento”, afirma postagem do Coletivo Negro Valdete Guerra no Instagram.

Para os familiares e amigos, o resultado do julgamento é que vai indicar a realização da justiça. Eles reclamam a demora para ocorrer o júri popular de um crime de extermínio que já tem mais de três anos e que demostra a dificuldade do país para responsabilização de agentes de segurança do Estado que praticam este tipo de crime.

Segundo estudo feito pelo Núcleo de Justiça Racial (NJRD) da Escola de Direito São Paulo (FGV Direito SP), mesmo em casos amplamente conhecidos de violência policial fatal contra afrodescendentes, o sistema judicial brasileiro tende a evitar responsabilizar os envolvidos nesses incidentes. O estudo realizou uma análise de eventos notórios ocorridos nas últimas três décadas e apresentou essas histórias e discussões em formato de podcast, expondo as questões desde o poder público até a violência racial.

Condenações anuladas em segunda instância, penas reduzidas, inquéritos arquivados, alegações de que as vítimas eram as culpadas pelas mortes, absolvições rápidas, aceitação das versões dos policiais como verdadeiras nos processos, testemunhas de acusação negligenciadas e a falta de medidas de reparação adequadas às famílias das vítimas são apenas alguns exemplos desse padrão recorrente. Segundo o estudo, essa lista representa um conjunto de estratégias repetidas que o sistema de justiça brasileiro tem utilizado para evitar responsabilizar indivíduos e instituições envolvidos em casos de violência letal perpetrada por agentes de segurança contra pessoas negras.

Entenda o caso

Gabriel desapareceu no dia 5 de junho de 2020, quando chegava de bicicleta na casa da namorada, no Loteamento Cidade Campestre, em Parnamirim. Seu corpo só foi encontrado nove dias depois do desaparecimento, já em avançado estado de decomposição, depois de buscas realizadas por amigos e familiares do jovem que vivia no bairro Guarapes, em Natal.

De acordo com a denúncia do Ministério Público, Gabriel foi executado a tiros e o corpo do jovem só foi localizado no município de São José do Mipibu, distante 20 quilômetros de Parnamirim.

Os principais suspeitos pela prática de sequestro, homicídio qualificado e ocultação de cadáver são os policiais militares: Paullinelle Sidney Campos Silva, Bertoni Vieira Alves, Valdemi Almeida de Andrade e Anderson Adjan Barbosa de Sousa.

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