Reportagem da Agência Saiba Mais leva prêmio sobre Centro Histórico
Natal, RN 9 de mai 2024

Reportagem da Agência Saiba Mais leva prêmio sobre Centro Histórico

21 de fevereiro de 2024
6min
Reportagem da Agência Saiba Mais leva prêmio sobre Centro Histórico
Repórteres Mirella Lopes e Isabela Santos (segunda e terceira, respectivamente, na sequência da esquerda para direita) falaram sobre rua João Pessoa | Foto: Bia Azevedo

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As repórteres Mirella Lopes e Isabela Santos, da Agência SAIBA MAIS, foram as vencedoras da categoria texto no 2º Concurso de Jornalismo Natal Sem Igual, premiação do Festival Histórico da capital. A iniciativa enaltece os melhores conteúdos jornalísticos sobre o patrimônio histórico e arquitetônico da cidade nas categorias texto, áudio e vídeo. A reportagem premiada foi a matéria “Do bonde ao busão: memória e caminhos para a Rua João Pessoa”.

A premiação aconteceu na noite desta terça-feira (20), no Salão Nobre do Teatro Alberto Maranhão. A edição de 2023 teve o tema “Os caminhos da cidade”, com produções feitas entre 1º de janeiro e 8 de dezembro de 2023.

No trabalho publicado no ano passado, Lopes e Santos visitaram o bairro da Cidade Alta, na zona leste de Natal, destacando problemas visíveis na região que contribuem para o esvaziamento do bairro. É o caso da precariedade do serviço de transporte municipal, a falta de segurança, de incentivos fiscais e o aumento no preço dos aluguéis.

Mas nem só de problemas vive a Cidade Alta — ou a rua João Pessoa. É lá, por exemplo, que resiste a loja de discos e acessórios Discol, uma joia para os amantes do vinil. Outros comércios também mantêm um público fiel — caso de uma lojinha estreita entre a avenida Rio Branco e a rua Princesa Isabel, onde clientes vão em busca de biscoitos da marca Trovo, bem conhecida por quem anda pelo centro. Ou da tradicional Livraria Paulinas, já mais perto da Nova Catedral, procurada pelos seus artigos, publicações religiosas e itens de papelaria.

As jornalistas também destacam o Edifício Ducal, que fica em frente à Praça Presidente Kennedy. O prédio começou a ser construído em 1971 e foi inaugurado cinco anos depois, como um dos hotéis mais suntuosos do Nordeste. Sua forma arredondada ainda chama a atenção até hoje.

Além de hotel, o Ducal também já funcionou como sede de secretarias de órgãos públicos, mas, atualmente, o edifício está fechado. Porém, quem subir ao último de seus 18 andares, vai poder conferir uma vista panorâmica e privilegiada da cidade.

“Se a rua é testemunha do passado e das transformações sociais e urbanas que moldam a cidade, não olhar para ela é um desperdício, pelo qual ninguém suporta mais pagar. Por isso, certamente, não há melhor momento para fazer da cidade o lugar onde se gostaria de viver, ainda mais, se ela tiver lugares tão especiais, como a rua João Pessoa”, diz trecho da reportagem.

Mirella Lopes destacou a honra ao ser premiada pelo texto sobre o centro de Natal, lamentando ainda o “abandono e falta de visão estratégica” que atingem a região.

“Natal já teve um transporte moderno e uma saudável convivência urbana que se dava nas ruas e cafés do centro. Na nossa reportagem, além de resgatar isso e conversar com as pessoas que amam esse lugar e resistem com seus comércios, tentamos mostrar possíveis caminhos para manter essa região da cidade viva”, disse. 

“Foram dias de caminhadas e conversas com o pessoal que passa por ali. Não teve uma única pessoa que não lamentasse o atual estado de abandono, o sentimento de carinho pelo centro da cidade é geral e quando uma premiação desse porte escolhe esse tema, só reacende essa chama de valorização da nossa história e construção de novos caminhos. Foram muitos trabalhos lindos inscritos, cada um trouxe uma visão e contribuição sobre essa história em permanente construção”, ressaltou.

Já Isabela Santos lembrou que o centro histórico já estava na pauta diária da Agência SAIBA MAIS, inclusive os problemas da Rua João Pessoa, objeto da reportagem vencedora. 

“Mas o Concurso de Jornalismo do Natal nos estimulou a aprofundar o tema, diante das histórias da via e das pessoas dali. Conhecemos algumas delas nas várias idas à Cidade Alta. Muito sol, quentura, pesquisa, fotografias, vídeos e conversas presenciais e pelo WhatsApp precederam a escrita final”, explicou. 

“Buscamos entender e mostrar quais são as possíveis causas do abandono e quem resiste a ele diariamente. Lojistas que herdaram - como Agleci, na Seiko - ou lado a lado dão continuidade ao comércio e memórias de suas famílias - como o pai e a filha Luiz e Gabriela, da Discol. Associação, pesquisadores de diversas áreas, frequentadores e nós, jornalistas: muita gente está interessada na restauração e manutenção do Centro Histórico de Natal”, pontuou.

“O prêmio é importante para nós contemplados, mas também para a categoria de jornalistas, quando diz que o nosso trabalho importa, merece respeito e reconhecimento; e é extremamente relevante para estimular essa produção em torno da memória da cidade, chamando atenção de toda a sociedade”, afirmou a repórter. 

Outros premiados

Na categoria áudio, Rita Machado, Bárbara Freire, Cleidi Vila Nova e Carol Reis, da Rádio Assembleia RN, ficaram em primeiro lugar com o podcast “Cenários da Arte Potiguar”. Matheus Magalhães, Cristiane Rodrigues, Cristiano Bezerra e Edson Alves, da TV Assembleia RN, foram os premiados em vídeo, com o mini documentário “Nos passos de Cascudo”.

Cada uma das categorias também teve uma menção honrosa. Jaqueilton Gomes e Rafael Araújo, do Novo Notícias, por “A ‘Estrada Velha’ que levou Natal da Guerra ao desenvolvimento” (texto); Ícaro Carvalho, da Jovem Pan News Natal, por “Mais uma por favor: bares fomentam cultura e arte no Centro Histórico de Natal” (áudio); e Cláudia Angélica, Rosa Medeiros, Nyander Rodrigues, Jefferson Hallyday, Cristiano Bezerra e J. Gonçalves, da TV Assembleia RN, por “O caminho de beber água – a história da primeira rua de Natal”.

Além de troféu e certificados, os seis conteúdos destacados são premiados em dinheiro. 

“Natal Sem Igual” é organizado pelo jornalista Octávio Santiago, em parceria com a Viva Promoções, e integra a programação do Festival Histórico do Natal. A iniciativa é viabilizada pelas leis Câmara Cascudo e Djalma Maranhão.

Em 2023, o prêmio teve como tema “Os caminhos da cidade”, com foco nas avenidas, ruas, becos e vielas que ajudam a contar a história da capital potiguar. A comissão julgadora foi formada pelos jornalistas Flávia Urbano, Alice Lima e Gustavo Sobral.

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