Jair Bolsonaro anda bastante preocupado com o andamento da CPI da Covid no Senado Federal. Na medida em que os trabalhos da comissão começam a avançar, fica cada vez mais claro que, em detrimento da busca de vacinas, o Governo Federal priorizou suas forças na propagação de medicamentos sem comprovação científica como a cloroquina.
Buscando se defender da CPI e temendo ser legalmente responsabilizado pelo caos sanitário gerado pelo novo coronavírus, o presidente assumiu como estratégia nos últimos dias uma postura favorável a cloroquina. Para tanto, mobilizou toda sua base de apoio e até declarou no último sábado que todos os ministros que ingeriram a substância irão gravar um vídeo em defesa do remédio.
No Rio Grande do Norte, domicílio político de dois ministros bolsonaristas, o futuro vídeo não repercutiu entre jornalistas e blogs que fazem publicidade informal de Fábio Faria e Rogério Marinho. Ao que parece, a hipotética gravação dos potiguares não ganhou linhas, posts ou tweets no estado.
Ambos os ministros também não comentaram sobre o assunto. Entre abril e outubro de 2020, Fábio Faria usou o Twitter algumas vezes para defender o uso do remédio para tratamento de malária no combate a Covid 19. Chegou até a declarar que tomou a droga após ser infectado pelo novo coronavírus. Entretanto, até o momento, o filho de Robinson Faria não defendeu mais o composto.
Por outro lado, Rogério Marinho não fez declarações públicas sobre a cloroquina. O ministro, que foi recentemente chamado por Paulo Guedes de "batedor de carteira", adotou um posicionamento mais discreto no que concerne o tema.
Não se sabe ainda se a ideia do vídeo irá prosperar. Contudo, é possível perceber no meio bolsonarista um certo temor no que diz respeito a tese da cloroquina. Não é coincidência que importantes figuras do bolsonarismo como Alexandre Garcia e Leda Nagle removeram de suas mídias sociais publicações sobre a substância. Até mesmo a página Ministério da Saúde ocultou o conteúdo acerca da medicação.
O silêncio em torno de Fábio Faria e Rogério Marinho sobre a defesa da cloroquina é um sinal claro que, apesar da subserviência e da busca incessante de agradar de qualquer forma o presidente, os dois ministros temem abordar o assunto. Porém, caso sejam convocados, não vão se furtar a defender o que o chefe desejar.