1
00:00
00:00
eu confesso. comecei vários textos pra estrear hoje no "saiba mais". fiz lista de temas. frases de efeito. rasguei papéis. voltei o cursor mil vezes. rendeu poemas. faltou ar. respirei. respirei e decidi vir aqui e ser sincera com vocês. estamos tão carentes de verdades, não é mesmo? (e as verdades reveladas? as mentiras? têm nos atormentado. que tempo, carxs novxs leitorxs. que fase. resistiremos).
ser sincera com vocês é me mostrar insegura, vibrante e comprometida em criar um diálogo crítico e potente sobre cultura. que cabe tanto. que cabe tudo. fundamental pra ser de um povo, pra ser quem se é. pra pensar educação. arte. igualdade. olho no olho. vida. a tal verdade. abro essa janela e sinto um frio na barriga. segura.
cultura vem de cultivar. cultivar é cuidar da terra. terra é força. força é chão que também é terra. chão é raiz. então, cultura é raiz. que nos firma e permite crescer pra cabeça voar nos céus. ares.
minha carne
golpeada e definitiva
é verbo
nesse deserto irreal
a luz que atravessa
meu olho
afia delicada a lâmina
onde um coração
se equilibra imóvel
desesperado
com o desejo do corte
a pele em desnível
é cama
pro tombo lento
em fogo
feridos
um olho desmorona saídas
de volta ao chão. fiquei presa nessa palavra: cultivar. que nunca gostei da sonoridade. mas que é linda em seu objetivo. tem palavras que podiam só significar, em silêncio. cultivar é uma delas. basta. vivemos assim, ávidos pelo cultivo de pessoas. de liberdade. memórias. de amores. tentando tratar nós mesmos. arar essas carnes de dentro. vivemos nesse cultivo diário. abro essa janela e vejo que tem sol e chuva na medida certa pra cuidarmos aqui de novas histórias. poesia. música. dança. teatro. arte. educação. cultivar novos pensamentos. novos eu, tu. novos a gente. cultivar o pra frente. o feminismo. um novo mundo. cultivar a curva de cada palavra. o delírio. o corpo. formador dessa cultura real.
escancaro essa janela e grito por vocês. vamos?
ainda inverno de 2017.