Grupo da UFRN descobre planeta fora do Sistema Solar em missão da Nasa
Um planeta gasoso, com período orbital de 18 dias (leva 18 dias para completar o ciclo de 24 horas da Terra) e encoberto por nuvens cuja média de temperatura é de 1.300 C0. Essa é a descrição aproximada do TOI-257b, planeta descoberto esta semana pelo Grupo de Estrutura, Evolução Estelar e Exoplanetas (Ge3) do Departamento Física da UFRN, liderado pelo astrônomo e professor de Física, José Dias do Nascimento Júnior, com o auxílio do doutorando em Física, Leandro Almeida.
“Apesar de possível, esse é um tipo de planeta que não existe no nosso Sistema Solar. Planetas gigantes, que muitas vezes estão próximos da estrela, mudam nossa ideia de planetas habitáveis. São, muitas vezes, gasosos e não deveriam estar tão próximos da estrela se olharmos para o sistema solar. A teoria padrão não acomoda de forma fácil o surgimento desse tipo de planeta e os teóricos da física de formação planetária estão trabalhando nessa questão”, explica José Dias.
O TOI-257b é um exoplaneta, que é como são chamados os planetas encontrados fora do Sistema Solar. Eles são importantes porque auxiliam os cientistas a compreender o quão rara são as condições para o surgimento e evolução da vida como nós conhecemos. Assim como Saturno, o TOI-257b é menos denso que a água, está a cerca de 250 anos-luz de distância da Terra, sua massa é quarenta vezes maior e seu volume é quase 350 vezes maior que o nosso planeta. O TOI-257b também é denominado pelos astrônomos de 'sub-Saturno', que são planetas maiores que Netuno e menores que Saturno.
"Além da descoberta desse exoplaneta, aparentemente raro (com o tamanho entre Netuno e Saturno), também foi possível a caracterização da hospedeira com incrível precisão e utilizando sismologia estelar, o que coloca esse sistema entre os poucos que possuem uma caracterização muito precisa." comenta o co-autor da descoberta, Leandro de Almeida.
O grupo formado por estudantes e pesquisadores da UFRN é, atualmente, o único time brasileiro diretamente envolvido com a descoberta de exoplanetas com o uso do satélite TESS (Transiting Exoplanet Survey Satellite), da NASA, que tem como uma das principais missões a descoberta de novos planetas. Este, é o segundo descoberto pelo Ge3 num período de dois anos. Em 2019, eles anunciaram um exoplaneta do tipo “Saturno quente”, o TOI 197b, com período orbital de 14 dias, também com uso do TESS. Além das observações espaciais, o Ge3 também contou com observações em terra feitas com o observatório MINERVA-Australis, um conjunto de cinco telescópios robóticos com abertura de 70 cm no Observatório Mount Kent, operado pela USQ, perto de Greenmount, na Austrália.
Só em janeiro, a missão TESS tinha um total de 1.604 candidatos a planetas e observações de acompanhamento que resultaram em um total de 37 descobertas planetárias confirmadas. Mas, há a expectativa de que novas descobertas aconteçam num futuro bem próximo.
“O Universo é um lugar peculiar e diverso, com muitos tipos de planetas. Existem os sub-Saturnos, as superTerras e os mini Netunos. Estes planetas não existem no nosso quintal, o Sistema Solar. Os dados mostram ainda fortes evidências de um segundo planeta no sistema. Seria o TOI-257c, que esperamos confirmar ao longo de 2021 ou 2022”, adianta José Dias do Nascimento.