CPI da Covid: Senadora Kátia Abreu questiona desinteresse do governo por vacinas e chama Araújo de negacionista compulsivo
Natal, RN 26 de abr 2024

CPI da Covid: Senadora Kátia Abreu questiona desinteresse do governo por vacinas e chama Araújo de negacionista compulsivo

18 de maio de 2021
CPI da Covid: Senadora Kátia Abreu questiona desinteresse do governo por vacinas e chama Araújo de negacionista compulsivo

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“Mais do que pária, o senhor colocou o Brasil em situação de irrelevância!”

A frase foi dita com indignação pela senadora Kátia Abreu (Progressistas–TO) na conclusão de sua fala na CPI da covid do Senado, que nesta terça (18), coleta o depoimento do ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.

A senadora chamou a atenção para o número de mortes no Brasil, que já passa dos 436 mil vidas perdidas para a covid. Na avaliação da parlamentar, o número de vítimas seria menor,  caso a política do país tivesse sido outra.

“Ainda não sabemos quem são os culpados, mas a investigação está aqui para isso”, defendeu.

Economia

Kátia Abreu classificou como “descalabro”, o que ocorreu na condução da pandemia do novo coronavírus no Brasil, com um número exorbitante de mortes. A senadora também lembrou que a economia está no chão, com 26 milhões de desempregados, por causa da má condução da pandemia e que o país dobraria as exportações de carne para a China, o que não acontece por falta de diplomacia.

Como exemplo, a senadora citou que em 11 de março de 2019, em discurso da aula Magna para os alunos do Instituto Rio Branco, Ernesto Araújo afirmou que o Brasil não venderia sua alma para exportar minério de ferro e soja para a China. Disse, ainda, que o Brasil nos últimos anos fez uma opção equivocada ao querer se integrar com América Latina, Europa e Brics, ao invés de aprofundar as relações com os Estados Unidos.

“O senhor criticou nossa proximidade com a China, Europa, Brics e com os países da América Latina. O senhor, de fato, é um homem muito ousado, muito corajoso. Em algum momento o senhor lembrou que estava jogando ao mar todos os anos de trabalho da diplomacia brasileira? E esses comentários que a liberdade lhe permitiu fazer, colaboraram na compra de vacinas e combate à pandemia? Ou foram só palavras jogadas ao vento?”, ironizou Kátia Abreu, que voltou a perguntar se o artigo escrito por Araújo no qual chama o coronavírus de “comunavírus”, contribuía para o combate à pandemia.

Ernesto Araújo foi criticado “memória seletiva e leviana” ao não lembrar de declarações ofensivas feitas contra a China e por ter uma postura diferente ao ser questionado presencialmente, daquela demonstrada nas redes sociais.

A senadora Kátia Abreu ainda expôs que, diferente do discurso de manter o multilateralismo, o atual governo e o Ministério das Relações Exteriores (MRE) não deram qualquer contribuição durante o processo de negociação do Instituto Butantan com a China para a produção da Coronavac.

Nós conhecemos febre amarela, varíola, catapora, sarampo, paralisia infantil. Por que a implicância com a vacina da covid?”, questionou Kátia Abreu, que criticou o fato de que durante o Fórum Econômico Mundial, quando o Brasil estava fechando negociação para fabricação da Coronavac, Ernesto Araújo anunciou que se uniria aos Estados Unidos para barrar a “tecnototalitarismo” da China.

Em um artigo do ex-chanceler publicado no jornal Poder 360, o ex-chanceler afirmou que “o globalismo é o novo caminho do comunismo”. A senadora Kátia Abreu pediu explicações sobre essa e outras afirmações, além de exigir um posicionamento sobre os ataques ao Capitólio dos Estados Unidos. Em janeiro de 2021, partidários de Trump convocados pelo agora ex-presidente, invadiram o Capitólio para protestar contra o resultado das eleições da qual o democrata Joe Biden saiu vitorioso.

O senhor minimizou a invasão do capitólio norte-americano ao invés de criticar a ação dos vândalos! O senhor não era parceiro dos Estados Unidos, vocês eram parceiros do Trump! Na hora que substituiu o senhor não entendeu, como bom aluno do Rio Branco que deveria ser, que nós não somos amigos de presidentes, mas das nações, dos países, que são muito maiores do que nós!”, ironizou a senadora que ainda acrescentou:

O senhor ainda apoiou o ataque ao senhor Tedros Adhanom, diretor geral da OMS, nas mãos de quem estamos e muito, por incrível que pareça. Essa criatura que aglutina todo um consórcio da Covaxin para vacinar países pobres e em desenvolvimento. É muito triste que a China, Tedros Adhanom e o governo Biden, que foram tão atacados pelo senhor, seja de quem nós estejamos dependentes agora”.

Negacionista Compulsivo

Depois de enumerar a série de ações prejudiciais ao Brasil, Kátia Abreu defendeu que Ernesto Araújo pedisse desculpas ao Brasil.

“O senhor deve desculpas ao país. É um negacionista compulsivo, omisso.  O senhor não colocou o Brasil só na condição de pária, mas de irrelevância. O maior vexame que nós passamos foi na cúpula de 22 de abril, quando o presidente da república americana se levante da cadeira e deixa o presidente do Brasil falando sozinho! Aquela mensagem diz para o mundo: eu não tenho nada para ouvir do Brasil!”, concluiu.

Kátia Abreu pediu todas as correspondências sobre vacinas entre o ministério de Relações Exteriores com os demais ministérios que eram pró-vacina, além da Casa Civil. A parlamentar também solicitou  os ofícios e mensagens emitidas pelo MRE para as embaixadas do Brasil nos demais países, principalmente, naqueles onde há produção de vacina. O pedido será colocado em votação pela Comissão da CPI na reunião da próxima quinta (20).

Confira a sessão completa:

https://www.youtube.com/watch?v=HzUg3pyJB8g

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