Número de jovens e adultos internados em UTIs no RN é 4 vezes maior que em janeiro
Apesar da vacinação ter avançado nos últimos dias para o público que possui comorbidades, continua em alta o número de jovens e adultos com a forma mais grave da covid-19 no Rio Grande do Norte. A quantidade de internados em UTIs com menos de 60 anos é quatro vezes maior que no começo do ano e quase triplicou só nos últimos três meses.
Em 15 de fevereiro, eram 83 pessoas nessa faixa etária, passando para 235 nesse domingo (16 de maio), o que corresponde a aproximadamente 183%. No dia 1º de janeiro, eram 58 pacientes.
A série histórica de solicitações diárias de leitos para internações permanece acima de 100 desde o dia 3 de março. Quem aponta é o pesquisador José Dias do Nascimento, astrofísico do Departamento de Física Teórica e Experimental da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que criou o Mosaic (Modelo EpideMic InfectiOus DiSease of lArge populatIon Code) junto com o astrônomo da Universidade do Estado do Novo México, nos EUA, Wladimir Lyra.
Os gráficos revelam que o estado vivencia um grande platô, que está acima do pico da primeira onda no que diz respeito ao adoecimento por covid.
“Superamos o pior momento da primeira onda, e neste momento péssimo, seguindo os dados do cuidado básico, aconteceu uma flexibilização, com vacinação insuficiente”, apontou o físico.
Também há mais de dois meses os leitos críticos ficam lotados. Às 19h desta segunda-feira (17), a taxa de ocupação desses leitos no RN estava em 95,2%, sendo 100% na região Oeste, 95% no Seridó e 93,1% na região Metropolitana.
Por essa razão os pacientes precisam aguardar em fila a vaga para o tratamento intensivo. Eram 60 às 19h. Muitos não resistem. Desde o início da pandemia, 774 pessoas já morreram na fila. Pelo menos 9, no último final de semana, já que na sexta-feira (14), o Regula RN indicava 765 óbitos.
O estado acumula 5.835 mortes confirmadas por covid-19 e 1.189 suspeitas, além de 251.077 casos da doença. Só no sistema público de saúde aconteceram 18.479 internações.
Para José Dias, a alta em todos os índices relativos à covid se soma a aspectos negativos da gestão da pandemia no Rio Grande do Norte.
“Na semana passada, uma flexibilização ocorreu com 97% de ocupação de leitos críticos e o Comitê Científico foi desprezado. Prevaleceu a narrativa dos empresários de que era preciso flexibilização, apesar da pandemia seguir matando com letalidade constante”, criticou, apresentando dados recentes.
“No último final de semana, o RN adicionou ao seu registro mais 1.233 novos casos de covid-19, o que é um número gigantesco. Nós também não escutamos nenhum posicionamento oficial sobre esses dados. A fila de pacientes no aguardo por um leito de UTI não baixa. É um descaso insano e deixo aqui o registro”, protestou o cientista.