Que lição fantástica nos proporcionou a Olimpíada de Tóquio, no Japão! Quantas bofetadas, raquetadas, nocautes, remadas, braçadas, chutes, piruetas, vôos, magia, tudo junto e misturado para dar uma surra inesquecível nesse povo asqueroso homofóbico, racista, misógino e doente da alma que emergiu dos esgotos da maldade com a eleição do repulsivo Jair Bolsonaro. Esse é meu Brasil dourado, recordista, de todas as cores, raças, credos e sorrisos de cara, corpo e alma, lavada, de preferência.
Neste sábado, quando ainda comemorávamos as medalhas de ouro dos baianos Isaquias Queiroz da canoagem (nenhum parentesco com o laranja do clã do mal) e Hebert Conceição, do boxe, a entrevista mais espetacular da Olimpíada (às pressas), o futebol brasileiro saía na frente da Espanha – final do futebol -, favorita, pelos oito jogadores disputantes da Euro na seleção, com um gol do paraibano de João Pessoa, atacante Matheus Cunha (mais tarde fez declaração de amor, emocionante, à cidade, ao estado e a região) abrindo o caminho para o bicampeonato que veio com um gol na prorrogação do paulista Malcon. Seleção que ainda teve no comando o Dani Alves (nem sou fã) que, com a medalha de ouro olímpico conquistou seu 42º título na carreira.
Se fôssemos um país separado (Deus nos livre!) estaríamos, entre todos os países da América Latina, atrás apenas da ilha de Cuba, que é um caso à parte do esporte, pois consegue figurar na 16ª posição geral mesmo sofrendo um criminoso embargo que dura décadas. O Nordeste é melhor colocado que potências como Espanha, Suécia, Suíça, Dinamarca e Bélgica, entre outras. Não é pouca coisa não, diante da condição de investimento, já que muitos atletas do Brasil conseguem se destacar de forma milagrosa.
Mas isso é apenas um registro. Nem nos meus piores pesadelos gostaria de ver o Nordeste separado dos sudestinos, nortistas queridos, esquecidos, discriminados também; Centro-Oeste ou Sul, todos temos nossas particularidades e essa mistura linda é que nos faz tão forte, não fosse assim, não tenham dúvidas, já teríamos sucumbido aos males dos repetidos governos da direita, dos crimes da ditadura e dos seguidos golpes desferidos contra a nossa democracia, além da perseguição de uma elite podre, doente, apocalíptica que, mesmo diante dos mais de meio milhão de mortes ainda se junta para defender o genocida presidente.
Essa Olimpíada de Deus veio para mostrar, desmascarar os falsos profetas, pastores (vocês sabem a quem me refiro, e que os pastores evangélicos do bem não se sintam afetados) que apoiam os males da desigualdade, das perseguições e absurdos que nos remetem de volta ao tempo da inquisição, quiçá da pedra lascada. Em Tóquio, no país do sol nascente ficou evidente que as meninas não vieram de “fraquejadas”, que os índios são mais humanos que um certo presidente, e certamente os pretos irmãos dos quilombolas servem muito mais que só para procriar, enfim, o esporte nos deu a prova final de que os meninos não vestem azul, as meninas não vestem rosa, meninos e meninas, juntos e misturadas, preferem as cores dourada, prateada e bronzeada.