A arte de rua materializada no grafite, que num passado não tão distante já foi discriminado, criminalizado e confundido com pichação, ganha agora espaço nas paredes nas zonas Norte, Sul, Leste e Oeste de Natal. Pelo menos quatro trabalhos já foram concluídos, dois estão em andamento e outros seis serão iniciados.
“Foi um trabalho que apareceu e que tem permitido popularizar o grafite não só em áreas turísticas, mas também junto às comunidades”, comenta Miguel Carcará, que coordena o projeto planejado por meio de edital lançado pela Fundação Cultural Capitania das Artes.
O edital lançado em julho de 2021 pela Funcarte definiu valores de R$ 180 por metro quadrado para artistas que produzirem grafites nas categorias realistas e não realistas; e R$ 620 por metro quadrado para artistas que optarem por mosaicos. Ao todo, 56 artistas, sendo 12 mulheres e 44 homens, foram selecionados e, segundo o edital, são responsáveis pela criação, execução e aquisição de todos os materiais necessários para a completa realização do painel artístico acordado no contrato.
Atualmente, foram concluídos os murais de grafite na Escola Municipal Dalva de Oliveira, no Jardim Progresso; na Praça Eldorado, no bairro de Lagoa Azul; na Praça Gizela Mousinho, em Lagoa Seca; e no Centro de Idosos Ivone Alves, em Nova Natal.
Além desses, há grafites estão em fase de andamento: no Beco da Lama, no Centro Histórico de Natal e na Escola Municipal Professor Mário Lira, no bairro de Dix-Sept Rosado. A depender do tamanho do trabalho, de três a quatro artistas são contratados para cada mural. Já foram planejados e devem ser iniciados em breve os murais de grafite: na Travessa Pax (tradicional rua de pedras entre a Casa de Câmara Cascudo e o Solar Bela Vista), também no Centro Histórico de Natal; em duas escolas municipais do Paço da Pátria; na Comunidade Novo Horizonte, também conhecida como Favela do Japão; no Centro Municipal de atendimento a pessoas autistas e na passarela da avenida Salgado Filho, próxima à Igreja Universal.
Conexão local
Além da ocupação dos espaços públicos com arte, outra característica do grafite é a de ligar usar a arte de rua para expressar a história dos moradores locais, o que pode ser observado nas personagens retratadas pelos artistas. Na Vila de Ponta Negra, os murais trazem a figura de pescadores do bairro, costumes e da arte das rendeiras.
Depois do deslizamento de terra no bairro de Mãe Luíza - em 2014, durante a Copa do Mundo em Natal - e a recuperação do local com a construção de uma escadaria. O espaço ganhou cores em seus muros através de grafites de 24 artistas, que retrataram figuras típicas e histórias do bairro. Outro local revitalizado e que ganhou um grande mural de grafite de 120 metros foi o Espaço Cultural Ruy Pereira, na Cidade Alta. Pelo centro da cidade, aliás, há vários grafites espalhados por diferentes ruas.