Instituto diz que “vandalismo” em estátua mostra desconhecimento da obra de Câmara Cascudo
Natal, RN 26 de abr 2024

Instituto diz que “vandalismo” em estátua mostra desconhecimento da obra de Câmara Cascudo

2 de maio de 2022
3min
Instituto diz que “vandalismo” em estátua mostra desconhecimento da obra de Câmara Cascudo

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O Ludovicus - Instituto Câmara Cascudo, que tem como objetivo preservar, divulgar e gerenciar o patrimônio cultural de Luís da Câmara Cascudo, manifestou “profunda indignação” diante do pixo na estátua do historiador situada em frente ao Memorial, na Cidade Alta, em Natal. O monumento amanheceu nesta segunda-feira (2) com as mãos pintadas de vermelho e em sua base a frase: “Fascistas não passarão!”.

“O ato de vandalismo expressa o total desconhecimento sobre a vida do homenageado e sobre sua obra repleta de brasilidade tendo por objeto de estudo o povo e todas as suas manifestações”, diz comunicado oficial da instituição privada presidida pela neta de Cascudo Daliana Cascudo Roberti Leite.

Também manifesta apoio à livre expressão de pensamento, mas repúdio a atos de vandalismo que danifiquem bem histórico e maculem a imagem do intelectual potiguar.

O texto completa que, por se tratar de prédio público cuja administração está a cargo da Fundação José Augusto, foi solicitado ao órgão do governo do estado que sejam adotadas as medidas para recuperar os danos.

Veja comunicado na íntegra:

Atuação política de Câmara Cascudo

A obra “Câmara Cascudo - o jornalista integralista” (2002), de Luiz Gonzaga Corteza, aborda a relação do potiguar com a Ação Imperial Patrianovista Brasileira, movimento político conservador e nacionalista, liderado pelo escritor paulista Plínio Salgado, entre os anos 1932/1937, até ser dissolvido pelo Estado Novo.

Em 1932, Cascudo aderiu ao Integralismo e foi membro destacado e chefe regional do grupo conhecido como camisas verdes.

“Como todo integralista, Cascudo foi um jornalista cristão, anti-burguês, anti-capitalista, nacionalista, anti-liberal, contra o banqueirismo internacional que ainda hoje mantém o Brasil numa situação de dependência e escravização financeira.”, expõe o autor.

“Como intelectual integralista, Cascudo tinha que escrever pró-integralismo e contra o comunismo, cujas ações e atividades clandestinas desenvolvidas contra o governo de Getúlio Vargas eram acobertadas pela Aliança Nacional Libertadora-ANL, criada pelo Partido Comunista do Brasil-PCB e integrada, ainda, por grupos de socialistas, democratas liberais e oposicionistas diversos. Portanto, os artigos e crônicas de Cascuda, na sua maioria, versavam sobre os assuntos da atualidade política nacional e internacional, com forte colorido verde-amarelo e um ojeriza latente ao regime soviético, Lênin, Stálin, o Exército Vermelho, a tudo que cheirasse a marxismo-leninismo”, escreve Cortez.

A obra ressalta que naquela época o Brasil vivia a dicotomia de comunismo e fascismo. Além disso, a maioria dos intelectuais brasileiros era conservadora e estava na AIB e/ou apoiava a ditadura Vargas.

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