RN tem 4 candidaturas coletivas, da esquerda à direita
Natal, RN 26 de abr 2024

RN tem 4 candidaturas coletivas, da esquerda à direita

6 de setembro de 2022
5min
RN tem 4 candidaturas coletivas, da esquerda à direita

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O Rio Grande do Norte possui quatro candidaturas coletivas para as eleições de 2022, sendo duas que concorrem para a Câmara Federal e duas para a Assembleia Legislativa do Estado. O levantamento foi feito pela cientista política Bárbara Lopes e pela mestranda em Direito Eleitoral, Mariane Costa com base nos dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e apontam ainda para 213 candidaturas deste tipo no Brasil. 

As candidaturas coletivas são um fenômeno que se popularizou a partir de 2016 na política nacional. O arranjo ainda não é regulamentado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Por isso, normalmente, uma pessoa se inscreve como a candidata principal da chapa, mas todos atuam como “cocandidatos”. Quando são eleitos, normalmente os “cocandidatos” se tornam assessores e auxiliam na rotina parlamentar, com diferentes atribuições políticas. 

O estudo das pesquisadoras não aponta os nomes das chapas coletivas no RN. Mas, com base na apuração da agência Saiba Mais, elas estão em diferentes espectros políticos. A reportagem identificou as candidaturas de Camila da Juntas (PSOL) e Vilma Leão Coletivo Nossa Voz (PCdoB), que concorrem para codeputadas federais. Além delas, há ainda Heró Mandato Compartilhado Juntos (PRTB) e Naldo Coletivo Avante (AVANTE) para codeputados estaduais.

A experiência de buscar mandatos compartilhados não é nova para Francinaldo da Silva Dantas, o “Naldo Coletivo Avante”. Em 2020, ele já havia disputado uma vaga de vereador de Natal no mesmo formato, numa chapa que tinha cinco cocandidatos. Agora, a chapa se renovou e disputa uma vaga na Assembleia com 11 pessoas. 

“Hoje, o Avante está mais ‘comunidade’, está mais segmentado. Então o perfil do coletivo de 2022 é totalmente diferente. Eu apostei em mais pessoas de comunidade, mais setores profissionais, e em pessoas da área cultural”, diz. A ideia de montar uma chapa coletiva, segundo ele, tem a ver com sua raíz e “caminhada de vida pessoal”. 

“Eu venho dos movimentos pastorais da Igreja, e lá a gente trabalha em grupo. Depois, minha segunda etapa de vida foi em uma ONG, onde a gente tinha que trabalhar a coparticipação, a coletividade. A candidatura reflete aquilo que eu sou desde a adolescência. A diferença é que eu não faço nada só. Tudo é compartilhado, tanto os problemas quanto as benesses de uma candidatura coletiva”, explica.

De acordo com Naldo, o Avante, partido que integra, é de centro. O único rechaço de Dantas é contra o alinhamento com a direita. “A gente não tem nenhuma identificação com as bandeiras do lado da direita. Isso é certeza”. 

Já Vilma Leão, do PCdoB, integra o Coletivo Nossa Voz e disputa uma vaga de codeputada federal junto com Mãe Bianca. Leão é pedagoga, concursada como merendeira e atualmente é coordenadora-geral licenciada do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público de Parnamirim (SINTSERP). Bianca também é servidora aposentada, candomblecista juremeira e também sindicalista.

Vilma diz que conheceu o modelo na eleição para a Prefeitura de Natal, em 2020. Naquele ano, Nevinha Valentim (PSOL) concorreu à prefeitura numa chapa com três pessoas, a Coletiva do Sol. Segundo a sindicalista, um dos benefícios desse tipo de candidatura é poder atuar em grupo. “Uma candidatura coletiva pode representar diversos segmentos sociais e cada representante desses grupos pode pode pautar questões específicas do segmento que representa, fazendo o mandato ser mais representativo e diverso”, explica.

Entre as pautas que a dupla compreende como “urgentes para ajudar o Brasil a se tornar uma nação forte e soberana”, estão temas como educação inclusiva e anticapacitista, educação integral com creche noturna e valorização docente. No âmbito nacional, as mulheres defendem a revogação da reforma trabalhista, a implementação do piso da enfermagem e o retorno das atividades da Petrobrás no RN.

No mesmo campo da esquerda, as Juntas se postulam pela segunda vez. Em 2020, a chapa feminista do PSOL concorreu à Câmara de Natal e ficou na suplência. O grupo é formado por quatro mulheres de diferentes atuações e idades. Camila Barbosa, registrada como a candidata oficial no TSE, é formada em Pedagogia e atualmente cursa Serviço Social na UFRN. Diretora da União Nacional dos Estudantes (UNE), ela tem ainda a companhia de Letícia Côrrea, coordenadora do DCE da UFRN. A chapa coletiva conta também com Aparecida Dantas, a Cida, que trabalha como técnica-administrativa da UFRN e é coordenadora licenciada do Sindicato dos Estadual dos Trabalhadores em Educação no Ensino Superior (Sintest), além de Ariane Idalino, da Pastoral de Juventude da Igreja Católica. 

Com a popularização dos mandatos compartilhados, até os conservadores adotaram o dispositivo coletivo. Experiente em eleições, Heronildes Bezerra concorre a uma vaga de deputado estadual pelo Mandato Compartilhado Juntos. Ele é filiado ao PRTB, partido que até este ano abrigava o vice-presidente de Jair Bolsonaro, general Hamilton Mourão. Heró, como é mais conhecido, já concorreu a vereador e prefeito de Mossoró, vereador de Natal e governador em 2018.

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