Últimos quiosques são retirados da praia da Redinha; comerciantes que querem ficar no local após obra têm permanência incerta
Natal, RN 20 de mai 2024

Últimos quiosques são retirados da praia da Redinha; comerciantes que querem ficar no local após obra têm permanência incerta

21 de junho de 2023
5min
Últimos quiosques são retirados da praia da Redinha; comerciantes que querem ficar no local após obra têm permanência incerta

Ajude o Portal Saiba Mais a continuar produzindo jornalismo independente! Apoie com qualquer valor e faça parte dessa iniciativa.

Quero Apoiar

Os últimos quiosques que ainda permaneciam na tradicional praia da Redinha foram removidos nesta terça (20) pela Prefeitura do Natal. Dos 20 comerciantes que possuíam ponto no local, dez aceitaram receber a indenização definida pela justiça durante audiência de conciliação de R$ 50 mil pela perda do quiosque. No entanto, outros dez optaram por receber apenas metade desse valor, R$ 25 mil, para ter o direito de voltar a ter um quiosque na praia. Uma escolha que não está garantida depois da conclusão do Complexo Turístico da Redinha, segundo os próprios quiosqueiros.

Algumas pessoas aceitaram porque estavam precisando, mas o prefeito não quer ninguém lá, não quer quiosque nenhum e está irredutível. Toda praia tem quiosque, por que mexer só com a Redinha? É um lugar de tradição, já estou lá há 33 anos”, questiona Dona Neném, que optou por permanecer no local após a obra.

Eles estão dizendo que quem não conseguir o quiosque tem direito a receber o restante [da indenização] com juros e correção. Mas, eu não quero dinheiro, eu quero o meu direito de trabalhar. Eu vivo da praia, tirava tudo de lá pra pagar conta de água, luz, remédio, comida. Tenho um filho que é esquizofrênico, tenho duas netas e a família do meu marido que trabalha na Ceasa, aqui ninguém tem carteira assinada não. Eu quero ter meu quiosque, meu trabalho, ter o dinheiro do meu suor, num é receber dinheiro pra ir embora não. Todo mundo sabe que ele [o prefeito Álvaro Dias] quer tirar os pobres pra botar os ricos”, critica Dona Nina, que também optou por permanecer no local após a construção do Complexo.

Segundo a Prefeitura de Natal, a construção do Complexo Turístico da Redinha vai levar 18 meses para ficar pronta a um custo de R$ 25 milhões. A nova estrutura prevê, dentre outras coisas, a criação de novos acessos ao local, além da abertura de uma rua que ligue o Complexo direto à Ponte Newton Navarro, um deck, nova iluminação, quebra-mar, a construção de 33 novos boxes e sete restaurantes.

Uma nova audiência de conciliação para tratar do assunto está prevista para o início de julho.

Nós estamos sem poder trabalhar, mas estão tomando de conta lá...colocando sombreiro, mesa, cadeira. Se nós que estávamos lá há quase 33 anos não podemos trabalhar, ninguém mais pode”, denuncia Dona Neném, que relata que a região da praia onde ficavam os quiosques está sendo ocupada por comerciantes informais por falta de fiscalização.

No final de semana lá fica lotado. Não somos invasores, somos permissionários documentados”, reclama.

A Agência Saiba Mais entrou em contato com a Semsur (Secretaria Municipal de Serviços Urbanos) para saber sobre a previsão da permanência dos quiosqueiros após a construção do Complexo Turístico da Redinha, mas nos foi informado que essa era uma questão que só poderia ser respondida pela Seinfra (Secretaria Municipal de Infraestrutura) que, por sua vez, informou que há previsão de boxes no Complexo, no entanto, a Secretaria não soube informar se eles seriam ocupados pelos mesmos concessionários dos quiosques.

O Complexo Turístico da Redinha

Projeto do Complexo Turístico da Redinha I Imagem: reprodução
Projeto do Complexo Turístico da Redinha I Imagem: reprodução

As obras estão divididas por lotes:

 Construção do novo Mercado da Redinha;

 Iluminação pública e construção de quebra-mar;

 A requalificação do sistema de defesa costeira (com enrocamento aderente) da Praia da Redinha, trecho do rio Potengi, a urbanização e drenagem do entorno do Mercado da Redinha;

 Modernização da rua Francisco Ivo e o chamado quebra-mar. A rua Francisco Ivo é a principal via da orla da Redinha, por isso terá seu pavimento em asfalto substituído por material drenante que possibilitará a melhoria significativa na drenagem local. O novo pavimento será executado no nível das calçadas, com isso, apresentar diferença de cota entre as calçadas e a faixa de rolamento dos veículos, que será separada por balizadores fixos;

 Reestruturação viária do antigo acesso ao bairro, com capeamento asfáltico e execução do passeio com acessibilidade do trecho da av. Doutor João Medeiros Filho, a partir do viaduto da Redinha até o entroncamento com a rua Francisco Ivo, e da rua José Herôncio de Melo, a partir da rua Francisco Ivo até a rua Engenheiro Clóvis Aragão. Inclui também a rua Engenheiro Clóvis Aragão, a partir da rua José Herôncio de Melo até a João Medeiros Filho.

As mais quentes do dia

Apoiar Saiba Mais

Pra quem deseja ajudar a fortalecer o debate público

QR Code

Ajude-nos a continuar produzindo jornalismo independente! Apoie com qualquer valor e faça parte dessa iniciativa.

Quero Apoiar

Este site utiliza cookies e solicita seus dados pessoais para melhorar sua experiência de navegação.