Gratidão e pragmatismo: ninguém traiu ninguém na eleição para conselheiro do TCE
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A mídia bolsonarista no Rio Grande do Norte está de luto.
Os blogs, portais e programas de rádio davam como certa a eleição do deputado bolsonarista Gustavo Carvalho (PSDB) para a vaga de Tarcísio Costa, aposentado no Tribunal de Contas do Estado.
Só faltou combinar com os russos, como diz a anedota popular.
Venceu George Soares (PV), parlamentar com base eleitoral em Açu e que exerce o quarto mandato na Assembleia Legislativa.
A votação foi secreta e definida por apenas 1 voto, com o placar de 12 a 11. O presidente da Casa, Ezequiel Ferreira de Souza (PSDB), cumpriu o que prometeu e anulou o voto.
Saiba Mais: George Soares vence bolsonarista Gustavo Carvalho e assume vaga o TCE
Embora o bolsonarismo queira colocar o carimbo do Governo Fátima na vitória de George, a questão vai muito além de uma disputa entre Governo e oposição.
A chave para entender essa eleição não estava apenas entre os candidatos, mas nos suplentes que assumiriam a vaga do indicado para o TCE: Vivaldo Costa (PV) e Getúlio Rêgo (União).
Algumas informações já haviam vazado na imprensa, como o voto do bolsonarista coronel Azevedo (PL) em George Soares. Esqueçam o governo e até o próprio George. Azevedo é afilhado político de Vivaldo Costa e entende que tem uma dívida de gratidão com o padrinho. Fosse qualquer outro a assumir a vaga, o bolsonarista votaria em Gustavo Carvalho, mas manteve-se coerente no apoio a Vivaldo.
A possibilidade da volta de Getúlio Rêgo também foi decisiva em razão das bases eleitorais do parlamentar na região Oeste, especialmente em São Miguel e Pau dos Ferros, municípios onde o deputado Galeno Torquato (PSDB) também têm grande penetração.
Embora a prefeita de Pau dos Ferros, Marianna Almeida (PSD), venha administrando a cidade com grande popularidade, o filho de Getúlio, Leonardo Rêgo, tentará voltar à prefeitura da cidade, nas eleições de outubro. No cálculo eleitoral, votar em Gustavo Carvalho era, portanto, fortalecer a família Rêgo em 2024, com efeitos óbvios em 2026.
O pragmatismo político também é um elemento importante para entender o cenário no Vale do Açu, berço político da família Soares. A eleição de George para o TCE tira de cena um personagem forte na disputa por uma vaga na Assembleia Legislativa daquela região em 2026. Segundo uma fonte ouvida pelo Blog, o atual prefeito de Açu, o médico Gustavo Soares, irmão de George, não disputará o cargo de deputado estadual daqui a dois anos.
Sem o DNA dos Soares, as bases da família seriam herdadas, então, por outro personagem conhecido na região, o deputado Nelter Queiroz (MDB), cujos fortes laços no município de Jucurutu se estendem pelo território do Vale do Açu.
Coronel Azevedo (PL), Galeno Torquato (PSDB) e Nélter Queiroz (MDB) são políticos de oposição ao governo Fátima.
A eleição para conselheiro do TCE não era sobre o Tribunal de Contas e muito menos uma disputa entre oposição e governo, embora todo governo tenha sua legítima preferência.
Era sobre política. Nada mais.
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