Com informações do portal da Fenaj
O número de agressões a jornalistas em 2018 cresceu 36,3% em relação ao ano anterior. Foram 135 ocorrências de violência, entre elas um assassinato, que vitimaram 227 profissionais.
Os dados constam no Relatório da Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil divulgado pela Federação Nacional dos Jornalistas nesta sexta-feira (18), no Rio de Janeiro.
Os números mostram que o aumento das ocorrências esteve diretamente relacionado à eleição presidencial e episódios associados a ela, como a condenação e prisão do ex-presidente Lula.
Eleitores/manifestantes foram os principais agressores, sendo responsáveis por 30 casos de violência contra os jornalistas, o que representa 22,22% do total.
Entre esse grupo, os partidários do presidente eleito Jair Bolsonaro foram os que mais agrediram a categoria, somando 23 casos. Já os partidários do ex-presidente Lula, que não chegou a ser candidato, estiveram envolvidos em sete episódios.
A greve dos caminhoneiros (movimento com características de locaute) também contribuiu para alterar o perfil dos agressores. Com 23 casos (17,04% do total), os caminhoneiros ficaram sem segundo lugar na lista dos que cometeram atos de violência contra os jornalistas.
Caminhoneiros e eleitores/manifestantes foram os responsáveis pelo crescimento significativo do número de agressões físicas, agressões verbais, ameaças/intimidações e impedimentos ao exercício profissional.
Os jornalistas foram vítimas também de políticos, policiais, juízes, empresários, dirigentes/torcedores de times de futebol e populares. Além do assassinato, das agressões físicas e verbais, das ameaças/intimidações e dos impedimentos ao exercício profissional, houve ainda casos de cerceamento à liberdade de imprensa por decisões judiciais, censuras, atentados, prisão e práticas contra a organização sindical da categoria.
Para a presidenta da FENAJ, Maria José Braga, o crescimento da violência contra jornalistas é uma demonstração inequívoca de que grupos e segmentos da sociedade brasileira não toleram a divergência e a crítica e não têm apreço pela democracia.
Segundo ela, é preciso medidas urgentes por parte do poder público e das empresas de comunicação para garantir a integridade dos profissionais.
Entre as medidas defendidas pela FENAJ, estão a criação de um protocolo de atuação das polícias em manifestações públicas e a garantia, por parte das empresas de comunicação, de adoção de medidas mitigatórias dos riscos para cada situação específica.
“Essas medidas podem e devem variar. Em um caso pode ser necessário, por exemplo, a utilização de equipamentos de proteção individual. Em outro, pode ser melhor o jornalista não estar sozinho”, comentou.
Maria José também ressaltou o crescimento das ameaças/intimidações e agressões verbais praticadas por meio das redes sociais. Para a ela, esses casos também são graves e precisam ser denunciados, para que os agressores sejam identificados e punidos.
Em 2018, 80 jornalistas foram assassinados no mundo
A violência contra jornalistas não aumentou apenas no Brasil. Relatório divulgado em dezembro de 2018 pela Ong Internacional Repórteres Sem Fronteiras mostra que a violência contra profissionais de imprensa ao redor do mundo explodiu em 2018: todos os indicadores de violações aumentaram.
De acordo com o levantamento, realizado anualmente, 80 jornalistas foram assassinados em 2018 – 15 a mais que em 2017. Deste total, 49 pessoas foram deliberadamente assassinadas por seu trabalho como jornalista e os 31 restantes foram mortos durante o exercício da função, a maioria em países que estão em guerra. Três dos jornalistas assassinados eram mulheres. O estudo aponta que os países onde mais se assassinam jornalistas são Afeganistão, Síria, México, Iêmen, Índia e Estados Unidos.
O relatório também revela que pelo menos 60 jornalistas estão atualmente sendo feitos de reféns ao redor do mundo – um aumento de 11 por cento em comparação ao ano passado, quando 54 jornalistas estavam nessas condições. Os países que mais fizeram jornalistas reféns este ano foram Síria e Iêmen.