Diretora-geral do LACEN justifica celeridade para a compra de testes Covid: “as pessoas estavam sem saber como enterrar seus mortos”
Natal, RN 26 de abr 2024

Diretora-geral do LACEN justifica celeridade para a compra de testes Covid: “as pessoas estavam sem saber como enterrar seus mortos”

18 de agosto de 2021
Diretora-geral do LACEN justifica celeridade para a compra de testes Covid: “as pessoas estavam sem saber como enterrar seus mortos”

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A diretora-geral do Laboratório de Vigilância em Saúde do Rio Grande do Norte Magaly Cristina Bezerra Câmara afirmou nesta quarta-feira (18) a CPI da Covid que o Estado precisava acelerar a compra de testes SUAB e reagentes, através de dispensa de licitação, pela urgência da pandemia, para que as pessoas que perdiam familiares pudessem sepultar os corpos e até para que transplantes de órgãos fossem autorizados ou não.

Isso porque quando a causa do óbito é a Covid-19 há um procedimento diferente para sepultamento de corpos e transplantes não são permitidos.

- As pessoas estavam sem saber como enterrar seus mortos. E a gente precisa ter respeito por isso. O objetivo era dar uma resposta à população, ajudar nos casos de óbitos. Eu me sinto muito constrangido de estar respondendo aqui porque a gente trabalhou e muito para dar uma resposta à população. Isso mexeu com o emocional da gente. A gente dava resultado rápidos para que as pessoas pudessem conseguir o mínimo. Era todo mundo dentro de casa, não tinha contato com ninguém. Então, tinha que ter uma resposta”, afirmou.

Bastante emocionada, a servidora contou que um dos casos que mais lhe marcou durante a pandemia foi o de um pai que precisava sepultar a única filha que morreu com suspeita de covid-19:

- A gente já dava as respostas entre 8 e 12 horas e esse pai me ligava de uma em uma hora para saber se o resultado do teste já estava pronto. Esse caso vai me marcar para o resto da vida, era a única filha dele. A gente precisou se reinventar, inclusive de sentimentos. Tem hora que você não consegue segurar sua emoção, só sabe quem estava lá”, contou.

O depoimento da diretora-geral do LACEN constrangeu os deputados de oposição. O presidente da CPI Kelps Lima (Solidariedade) e o deputado Luiz Antônio Tomba (PSDB) repetiram mais de uma vez que a depoente foi convidada na condição de testemunha, e não de acusada. Mas o relator Francisco do PT lembrou que no próprio requerimento que embasou o pedido de abertura da CPI os deputados de oposição levantaram suspeitas sobre a honra dos funcionários públicos da saúde.

Kelps Lima e Tomba repetiram várias vezes que a diretor do Lacen estava depondo como testemunha / Foto: Eduardo Maia

No requerimento, os parlamentares da oposição chegam a dizer que “despacho de Magaly Cristina do Lacem DÁ UM BALÃO NA CONTROL, determinando o prosseguimento do processo”. E mais adiante destaca que “da perfunctória análise do processo, percebe-se claramente que houve uma montagem de documentos em detrimento do forma procedimento de dispensa de licitação exigido pela lei 13.979/20 e lei 8.666/93. A montagem de um processo de dispensa é crime grave que, necessariamente exige a associação de diversos servidores públicos para o cometimento de crimes, o que pode configurar o tipo penal de formação de quadrilha”.

Magaly criticou o fato de estar ali sob suspeita de integrar uma quadrilha que fraudava licitações na pasta da Saúde. Formada em Bioquímica, ela é funcionária pública há 28 anos:

- Os servidores que estão lá dentro merecem homenagem, e não serem chamados de quadrilha. É terrível fazer um bom trabalho e ser chamado de quadrilha, não consigo entender. Fico admirada de estar aqui dizendo tudo isso para vocês”.

Magaly Cristina Bezerra Câmara, ex-diretora do LACEN

Os deputados questionaram principalmente a diferença do peso das caixas que contém os testes comprado, a assinatura de notas de recebimento atestando a compra e também a metodologia de estima a quantidade de testes necessários:

- O contrato previa a compra de 100 mil testes SUAB e já utilizamos 292 mil. Ou seja, utilizamos todos os testes que solicitamos”, afirmou a diretora do LACEN, que destacou que, como os servidores não tinham noção do tempo de duração da pandemia, “não dava pra prever a quantidade de testes que seriam necessários”, explicou a servidora.

A diretora-geral Magaly Cristina Bezerra Câmara contou que os servidores não faziam ideia do que estaria por vir na pandemia. E lembrou que o LACEN não tinha condições de realizar os testes para a covid-19 logo que a pandemia começou e, por isso, quando os testes davam negativo, os resultados eram enviados para laboratórios fora do Estado, a exemplo da Fiocruz.

- O LACEN realizava esses testes e o resultado saía em 10 dias no início, já a Fiocruz dava o resultado entre 8 e 12 horas. Não é um teste que pode ser realizado com facilidade, não é como hemograma. Não foi fácil, mas a gente conseguiu mudar os fluxos e montar os testes de uma forma que hoje o LACEN dá o resultado do teste em 24 horas”, explicou mais uma vez emocionada.

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