A verdade prevalece para quem ?
Natal, RN 26 de abr 2024

A verdade prevalece para quem ?

30 de janeiro de 2022
4min
A verdade prevalece para quem ?

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Era julho de 2017 quando peguei o carro, convidei o amigo fotografo Vlademir Alexandre e fomos entrevistar em João Pessoa o ex-ministro das Comunicações do governo Lula, jornalista Franklin Martins, atração principal de um seminário organizado pelo Governo da Paraíba, administrado na época por Ricardo Coutinho (PSB). A entrevista pode ser lida aqui.

Lá pelas tantas, já no final da palestra, Martins contou que, perto do fim do governo Dilma, começou a dar nomes a etapas diferentes da gestão petista que, como todos sabem hoje, foi interrompida por um golpe.

Não lembro agora os nomes das primeiras fases, mas nunca esqueci da terceira e última, “fase da contemplação”:

- Era como se estivesse escrito nas estrelas e no céu que “a verdade prevalecerá”. Só que a verdade não prevalece. A gente sabe disso no nosso cotidiano. A verdade só prevalece se a gente lutar pela verdade. Jesus Cristo ficou três anos pregando de manhã, de tarde e de noite e, mesmo assim, na hora em que houve um plebiscito conduzido pelos homens do templo, ele perdeu para Barrabás. Veja como é complicada a política. Jesus perdeu a curto prazo, embora depois Barrabás e os homens do templo tenham ficado para trás. Mas isso mostra que tem que ter disputa política”, disse.

Franklin Martins lembrava que, com as movimentações dos bastidores e sabendo quem era Eduardo Cunha e aqueles que o cercavam, tentava avisar Dilma e assessores mais próximos de que o governo precisava se organizar para uma ofensiva da oposição. A resposta era sempre a mesma: “calma, Franklin, a verdade prevalecerá”.

Como o próprio jornalista explicou no seminário e a história mostrou, a verdade não prevaleceu, Dilma foi cassada e deixou a presidência da República em maio de 2016 para não mais voltar.

A verdade sobre o processo do tríplex envolvendo Lula também só prevaleceu após quase 600 dias de uma prisão injusta e a cassação dos direitos políticos do ex-presidente que lhe tiraram o direito de disputar a presidência pela terceira vez.

O governo da professora Fátima Bezerra precisa refletir sobre o que disse o ex-ministro Franklin Martins. Não há eleição ganha por antecipação nem por W.O, como tentam fazer crer analistas mais apressados. O último que disse algo parecido foi Garibaldi Alves Filho, autointitulado governador de férias, derrotado nas urnas por Wilma de Faria em 2006.

Fátima não tem nem de longe o perfil de quem espera, em berço esplêndido, as coisas acontecerem. A trajetória política da governadora fala por si e mostra que cada eleição foi conquistada com muita sola de sapato, suor e lágrimas. Até aquelas que representavam um risco maior, como a vitória para o Senado, em 2014, contra a mesma Wilma que impôs a Garibaldi uma de suas derrotas mais amargas.

O governo petista tem o que mostrar. O pagamento da dívida com o funcionalismo, a redução dos índices de violência e a reestruturação da saúde são algumas das ações importantes até aqui. Há outras de menor visibilidade que estão fora do alcance e dos olhos da povo.

Por isso é necessário fazer a disputa política na sociedade, o que inclui até as mídias onde a direita abraçou o bolsonarismo.

Independente de quem vá enfrentá-la nas urnas em outubro, Fátima Bezerra, seus auxiliares mais próximos e o grupo que a cerca precisam ter em mente que a verdade por si só não elege ou reelege ninguém.

A verdade é essa.

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