Com aumento de casos de covid, MP e Defensoria pedem que Governo suspenda eventos de massa; RN tem 9 de 15 hospitais com 100% de ocupação
Natal, RN 27 de abr 2024

Com aumento de casos de covid, MP e Defensoria pedem que Governo suspenda eventos de massa; RN tem 9 de 15 hospitais com 100% de ocupação

24 de janeiro de 2022
5min
Com aumento de casos de covid, MP e Defensoria pedem que Governo suspenda eventos de massa; RN tem 9 de 15 hospitais com 100% de ocupação

Ajude o Portal Saiba Mais a continuar produzindo jornalismo independente! Apoie com qualquer valor e faça parte dessa iniciativa.

Quero Apoiar

Dos 15 hospitais do Rio Grande do Norte com leitos para pacientes em estado grave com covid-19, nove já atingiram 100% de ocupação, segundo a plataforma Regula RN. Além desses, outras unidades já se encontram com uma alta taxa de ocupação, como o Giselda Trigueiro (90%) e o Hospital Geral Dr João machado (88%), em Natal; além do Hospital Regional Nelson Inácio dos Santos (88%), em Assú.

Diante do aumento de casos de covid-19, o Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) e a Defensoria Público do RN pediram ao Judiciário que determine ao Governo do Estado que proíba grandes eventos de massa. Para isso, seria preciso cancelar o decreto estadual nº 31.265, que entrou em vigência na última sexta (21).

O documento prevê que estabelecimentos fechados e aqueles com capacidade para mais de 100 pessoas devem exigir a vacinação contra a covid-19 completa de seus frequentadores. Porém, o decreto que vale para bares, shoppings e restaurantes, deixou de fora igrejas e templos religiosos.

Na ação civil pública (ACP) o Ministério Público e a Defensoria também pedem que o Estado cancele todas as autorizações que já haviam sido dadas para a realização de shows com grande público, sejam em locais abertos ou fechados.

Além disso, também há um pedido para que o Judiciário obrigue o Estado a se abster de conceder novas autorizações para shows de massa e coisas do tipo em todo o território potiguar, assim como a suspender esses eventos, até que ocorra novo controle da transmissibilidade do coronavírus no RN. Ou seja, até que a pandemia volte aos patamares de contágio observados em novembro e dezembro de 2021.

Medidas insuficientes

Numa reunião entre o Governo, o MPRN, o Gabinete Civil, a Sesap, (Secretaria de Estado da Saúde Pública), a Defensoria Pública Estadual e os Ministérios Públicos Federal e do Trabalho, além de representantes da Federação de Municípios do RN (Fermurn), realizada no último dia 17, mesmo dia em que o decreto foi publicado, os representantes do MPRN e da Defensoria Pública teriam defendido a proibição de eventos de massa, o que não foi acatado pelo Governo.

Na avaliação do MPRN e da Defensoria, as medidas adotadas até agora pelo Governo do Estado foram importantes para manter a atividade local do setor de promoção de eventos funcionando, porém foram insuficientes para controlar o contágio da covid-19.

Aumento de contágio

Nesta segunda (24), há 25 pessoas na fila de espera por um leito para internação de pacientes em estado grave, mas apenas 23 vagas disponíveis. A maior demanda está na região metropolitana de Natal, onde há 24 pacientes e 17 vagas. No interior, há um paciente aguardando internação e seis vagas disponíveis.

No Rio Grande do Norte, a taxa de ocupação de leitos críticos (semi-intensivos e UTI's) é de 65%, sobe para 68% na região metropolitana de Natal, baixa para 64% no Seridó e para 60% na região Oeste. Até hoje, mais de mil pessoas com covid-19 já morreram no estado à espera de uma vaga para internação.

O aumento de casos de covid-19 no RN está associado à chegada da Ômicron, considerada uma variante da covid-19 de mais rápido contágio, juntamente com as aglomerações do Carnatal e festas de final de ano, como Natal e Réveillon. O RN vinha num quadro de estabilidade no número de casos de covid-19 há alguns meses quando foi registrada uma primeira alta no número de solicitações de leitos cerca de 15 dias depois do Carnatal. Essa dinâmica de aumento das internações estaria se repetindo novamente agora, porém de maneira ainda mais rápida, por causa das aglomerações resultantes das festas de fim de ano.

"A gestão da pandemia errou quando deixou o Carnatal acontecer e 15 dias depois tivemos uma explosão de hospitalizações. Isso é a violação do princípio da precaução, ou seja, não havia condições sanitárias para realização de festas em dezembro. Agora, menos ainda! É uma relação de causa e efeito. São pioras em cima de pioras. Vemos 15 dias após o réveillon uma sobrecarregada no sistema de saúde que é retratada no gráfico. Uma sobrecarregada que segue, infelizmente, dentro do que previmos", lamenta José Dias do Nascimento Júnior, professor do Departamento de Física da UFRN e membro do Comitê Científico do Nordeste, que alertou para o risco de realização de eventos de massa ainda em 2021.

As mais quentes do dia

Apoiar Saiba Mais

Pra quem deseja ajudar a fortalecer o debate público

QR Code

Ajude-nos a continuar produzindo jornalismo independente! Apoie com qualquer valor e faça parte dessa iniciativa.

Quero Apoiar

Este site utiliza cookies e solicita seus dados pessoais para melhorar sua experiência de navegação.