Samba na Escadaria, em Mãe Luiza, promove edição nesta sexta-feira, 26
Natal, RN 5 de mai 2024

Samba na Escadaria, em Mãe Luiza, promove edição nesta sexta-feira, 26

26 de abril de 2024
1min
Samba na Escadaria, em Mãe Luiza, promove edição nesta sexta-feira, 26
Imagem: Joana Lima/Prefeitura de Natal

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Após o Samba na Escadaria de Mãe Luiza previsto para acontecer na última sexta-feira (19) ter sido cancelado por interdição da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb), a atividade volta a acontecer nesta sexta (26), às 19h. A roda de samba gratuita promovida pelo Samba du Zé terá como convidadas as cantoras Daniela Fernandes, Analuh Soares e Dani Cruz.

Jacylena Bandeira, produtora cultural e uma das idealizadoras do Samba na Escadaria – ao lado do cantor Zé Roberto –, conta os motivos do local, no bairro de Mãe Luiza, ter sido escolhido para promover a atividade.

“Quando pensamos em fazer o projeto, a nossa ideia era justamente levar o samba para uma comunidade que ainda não tivesse esse acesso. Então estudamos vários locais e quando chegamos àquele espaço em Mãe Luiza, com uma vista muito bonita e privilegiada, a gente conheceu lideranças locais e compreendeu que ali seria um local em que a comunidade iria se beneficiar com a oferta de um projeto cultural”, explica. “A comunidade continua precisando de benfeitorias, então talvez levar o samba, a notícia para lá fosse uma forma também de chamar atenção para a comunidade”.

É por ter estudado o local e saber da importância de expandir o acesso à cultura que Bandeira conta como a organização foi tomada de surpresa com a notícia do último dia 19.

“O projeto ter sido parado um momento, ter sido interrompido, nos causou inicialmente um choque e um impacto, porque a nossa documentação estava toda ok. Então a decisão por parte da Semurb nós tristemente acatamos”, explica.

É por isso que o fato da atividade poder voltar nesta sexta (26) é uma grande satisfação para a comunidade e para a organização, pontua Bandeira. “Por ver que o público recebe muito bem o projeto, se diverte muito. É uma oferta de cultura no qual as pessoas conseguem, dentro do bairro delas, reunir a família, descer, observar e comer lanches, pois movimenta também a economia dos ambulantes. E manter viva a arte e a cultura do samba, trazendo a evidência do Samba du Zé, que é excelente”, narra.

Como a vitória foi conquistada

Bandeira conta que, para conseguir retornar com o evento, a organização do Samba na Escadaria, em parceria com a assessoria jurídica do mandato do vereador Daniel Valença (PT), novamente protocolou, ao longo desta semana, todos os documentos para a realização do samba. “Pois nós já tínhamos todas as autorizações para a edição anterior: dos bombeiros, da guarda civil, do comando geral e já tínhamos pedido também a autorização da Semsur [Secretaria Municipal de Serviços Urbanos] para o uso do espaço público, além de que tínhamos a declaração de reconhecimento cultural da Funcarte”, explica. “Quando essa documentação chegou no processo da Semurb [na sexta, 19], ela não foi deferida”.

O vereador Daniel Valença conta que a decisão da Semurb causou, inclusive, desperdício de dinheiro público. “No dia do samba saiu a decisão contrária [da Semurb]. Ocorre que toda a estrutura: tenda, som, palco, já estava montada - e paga a partir de recursos públicos, inclusive com nossa emenda impositiva via Funcarte. Ou seja, o cancelamento causou, também, desperdício de dinheiro público”, relata.

A alegação é de que o projeto não seria um evento de caráter transitório em espaço público, ou seja, na visão da Semurb se trata de um projeto com realização recorrente naquele local. Acontece que seria a primeira realização do evento em abril - outras duas edições ocorreram em março.

“A lei permite eventos em espaços públicos se forem transitórios. Se ocorre uma vez na semana, quinzenal ou mensal, é transitório. Isso vale para uma feira livre ou para um samba”, explica Valença.

“Nosso espaço ocupa uma área limitada de 15x12m de uma praça, numa área urbana, com um público moderado, sendo cerca de 300 pessoas, e temos uma consciência ambiental de fazer uma coleta de lixo – antes, durante e depois do evento – e orientamos também os ambulantes que trabalham com a gente a também manter essa coleta e a orientar os clientes também. Nunca tivemos nenhuma denúncia quanto a barulho, excesso de horário ou de lixo”, argumenta a organizadora.

A orientação, então, foi de protocolar novo requerimento. “Fizemos isso com a mesma documentação que já tínhamos, abrimos um novo número de protocolo e o processo passou a correr novamente”, conta Bandeira. 

“O secretário [da Semurb] se comprometeu em organizar uma reunião para apresentar uma proposta de instrução normativa e finalmente superar essa questão”, ressalta o vereador.

A organizadora do evento destaca que o apoio jurídico concedido pelo mandato de Valença foi “de extrema importância, e essencial para o destravamento dessa edição”, conta, comemorando a edição deste dia 26.

Pressão política e popular

Tanto Bandeira quanto Valença concordam que a pressão do público foi essencial para que a edição do Samba da Escadaria pudesse acontecer nesta sexta (26).

“Houve uma pressão pública e popular de algumas lideranças, e outros eventos que também se sentiram prejudicados pela mesma posição da Semurb. E também pelo meio político, pois algumas lideranças também pressionaram a secretaria”, argumenta a produtora cultural.

“Denunciamos firmemente e, junto com o caso da Discol, que também estamos acompanhando, o debate sobre o problema tornou-se público na cidade”, conta Valença.

O vereador ainda chama atenção para a importância da atividade enquanto uma possibilidade de acesso à cultura no próprio território em que se vive. 

“Imagine se cada comunidade da cidade tivesse um samba popular semanal? Estamos falando de tornar Natal uma referência em samba no Nordeste, mas estamos também projetando uma realidade em que o Estado deve chegar às comunidades essencialmente com cultura, lazer, saúde, educação e assistência. O povo que trabalha e ergue este país tem direito à cultura também em seu território. Isto deveria ser uma política pública estrutural da Prefeitura. Como não o é, desde que o Samba do Zé nos trouxe a proposta de um samba popular em Mãe Luiza abraçamos a ideia”.

Já Bandeira convida o público a conhecer cada vez mais o espaço. “É um evento gratuito, público, aberto à comunidade. É um exercício de cultura que queremos expandir. Temos a ideia de criar uma tradição do samba naquele local”, diz. “Queremos convidar sempre a comunidade, e que as pessoas que não conhecem o projeto possam vir a conhecer – os turistas, as pessoas de outras localidades da cidade, pessoas que curtem samba e cultura – para ir lá conhecer. É muito seguro, nunca teve ocorrências, e é muito divertido, há uma boa oferta de lanches e bebidas”.

“A organização tem muita satisfação em fazer esse projeto e convida a todos para conhecer”, pontua.

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