Bolsonarista que arrancou faixa na UFRN ganha R$ 7 mil como assessor do deputado Girão e entrou na universidade por cota racial
Natal, RN 26 de abr 2024

Bolsonarista que arrancou faixa na UFRN ganha R$ 7 mil como assessor do deputado Girão e entrou na universidade por cota racial

17 de maio de 2022
4min
Bolsonarista que arrancou faixa na UFRN ganha R$ 7 mil como assessor do deputado Girão e entrou na universidade por cota racial

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Por Isabela Santos e Mirella Lopes

Assessor parlamentar do deputado bolsonarista General Girão (PL), Rodrigo do Nascimento da Silva começou uma briga com outros estudantes na Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) na noite da segunda-feira (16), após arrancar uma faixa colocada no Setor 2 pelo grupo Juventude Faísca Revolucionária.

Ele se denomina Rodrigo Maker, cursa Jornalismo, ironiza o racismo e apesar de bradar contra ações afirmativas, conseguiu ingressar na universidade, em 2016.2, graças à política de cotas. Rodrigo concorreu a uma vaga com candidatos autodeclarados pretos, pardos ou indígenas que, independentemente da renda, que cursaram integralmente o ensino médio em escolas públicas.

Ele também é servidor público e chegou a fazer publicação no Facebook mostrando a nomeação no Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN), em dezembro de 2017; foi convocado para o cargo de Técnico em Audiovisual. “(...) graças ao meu bom Deus não precisei recorrer a algo que limita minha capacidade pela etnia racial”, escreveu.

Rodrigo trabalha com Girão desde 2018. Como assessor parlamentar, desde outubro de 2020. Atualmente, o salário bruto com auxílios soma mais de R$ 7.300 por mês. Também está participando como convidado do programa Meio Dia RN, da 96 FM, com o par Bruno Giovanni na bancada.

Ataque a movimento estudantil

A frase de Karl Marx “Que as classes dominantes tremam à ideia de uma revolução comunista” foi o que despertou a ira de Rodrigo. Ele aproveitou o horário das aulas – quando há pouco movimento no corredor – para arrancar a faixa. Apesar da provocação e de se fazer de vítima ao dizer que foi empurrado, Rodrigo foi quem demonstrou agressividade quando abordado para que devolvesse a faixa, conforme mostra o vídeo.

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Membro do grupo Faísca, o estudante do 3º período licenciatura em Ciências Sociais da UFRN Ítalo Gimenes conta como tudo aconteceu e diz que a faixa foi recolocada: “A gente achou um absurdo o que tava acontecendo. Foi uma tentativa clara de censura e perseguição às ideias do movimento estudantil. A gente não podia deixar passar. Fomos tentar retomar a nossa faixa e ele revidou, tentou me agredir, inclusive. Mas outros estudantes se juntaram e a gente conseguiu recuperar a faixa”.

Além da anterior, foi feita nova faixa pelo Centro Acadêmico de Ciências Sociais da UFRN - Marielle Franco e um vídeo repudiando ataques da extrema direita na universidade. De acordo com o estudante, Rodrigo argumentou ter direito de retirar o material porque também estuda na instituição.

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No momento do episódio, a gestão do Centro Acadêmico convidava os colegas para reunião e depois acabaram voltaram a passar nas salas de aula alertando sobre a necessidade de fortalecer a unidade dos estudantes contra esses ataques.

SAIBA MAIS: Assessor de Girão pede desculpas por arrancar faixa na UFRN, justifica acesso a cotas por descendência indígena e corrige Saiba Mais: "Ganho quase R$ 9 mil"

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