Após arquivar duas denúncias em 2022, UFRN institui grupo de enfrentamento ao assédio sexual
Natal, RN 26 de abr 2024

Após arquivar duas denúncias em 2022, UFRN institui grupo de enfrentamento ao assédio sexual

10 de junho de 2022
4min
Após arquivar duas denúncias em 2022, UFRN institui grupo de enfrentamento ao assédio sexual

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A Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) instituiu no dia 8 de maio o Grupo de Trabalho pelo Enfrentamento ao Assédio Sexual na UFRN. A medida ocorre após manifestação de mulheres e mais denúncias. Em 2022, foram registrados um assédio sexual e um estupro na instituição.

O primeiro, contra um docente, foi arquivado porque não havia informações suficientes, segundo a instituição. O estupro, devido à impossibilidade de pedir informações porque o relato foi anônimo. Outras informações não podem ser divulgadas em respeito à Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD).

Em 2021, a Ouvidoria da UFRN registrou uma denúncia de assédio sexual, que segue em Processo Administrativo Disciplinar (PAD), e uma comunicação que se caracteriza como assédios sexual e moral e foi encaminhada à unidade responsável, para as devidas providências. As manifestações foram contra dois homens, um docente e um técnico-administrativo.

O grupo recém-criado tem o objetivo de identificar e sugerir medidas institucionais. As reuniões devem ser realizadas a cada 15 dias e a primeira proposição é elaborar uma campanha informativa sobre o tema.

O GT conta com representantes da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (Proae); da Diretoria de Desenvolvimento de Pessoas da Pró-Reitoria de Gestão de Pessoas (Progesp); da Comissão de Humanização das Relações de Trabalho; da Diretoria de Qualidade de Vida, Saúde e Segurança no Trabalho/Progesp; do Centro de Referência em Direitos Humanos Marcos Dionísio; além de representação docente e estudantil.

No dia 26 de maio deste ano, o Movimento de Mulheres Olga Benário e o Movimento Correnteza se uniram em ato contra esses assédios e entregaram uma carta de reivindicações à Reitoria.
De acordo com a coordenadora de Mulheres do DCE/UFRN, Ana Beatriz Sá, com o retorno das aulas presenciais, os casos de assédio também voltaram.

“As estudantes se viram em uma situação muito difícil com a volta das aulas. Esse ato teve um resultado político muito bom, porque a gente ocupou a Reitoria e exigiu uma reunião coletiva com os pró-reitores e que a Reitoria se posicionasse, porque até então nenhuma nota tinha sido feita”, contou Beatriz.

O grupo também pediu mais iluminação, uma campanha de conscientização contra o assédio e mais ônibus circulares: “A gente sabe que os circulares não dizem respeito exatamente à Universidade [e sim à Prefeitura de Natal], mas ela tem a posição de cobrar a melhoria do transporte dentro da instituição. Quanto mais ônibus lotados, maiores as chances de haver assédio contra as meninas”.

Ações desenvolvidas

Segundo a Progesp, a UFRN já desenvolve ações que contribuem para prevenção e suporte às denunciantes de assédio sexual e moral nas relações de trabalho, como a Comissão de Humanização das Relações de Trabalho, que tem o intuito de promover ações de natureza educativa e preventiva acerca das violências relacionadas ao trabalho; atuar como suporte diante dos problemas ou conflitos nas relações laborais; e analisar as demandas com indícios de violências no trabalho, agindo para cessá-las, oferecendo suporte ou encaminhando os envolvidos.

A Universidade oferta também capacitações sobre temáticas ligadas à prevenção de violências, como “Mediação de Conflitos”, “Gestão de Conflitos”, “Gestão das Emoções”, “Assédio Moral (Sensibilização e instrumentalização para combater o assédio moral)”, “Diversidades Afetiva, Sexual, Racial, Religiosa, entre outras (combate aos múltiplos preconceitos)”. Ainda na perspectiva informativa, a instituição disponibilizou a Cartilha “Assédio Moral – Conheça e aprenda a combater".

Em fase de reativação, outra ação é o Comitê UFRN com Diversidade cujo objetivo é propor ações transversais, interdisciplinares e intersetoriais de enfrentamento à violência de gênero e a todos os tipos de preconceito e intolerância (machismo, racismo, lgbtqia+fobia, capacitismo, gordofobia, etc).

De acordo com a Divisão de Atenção à Saúde do Estudante (Dase) da Proae, em suporte às denunciantes, o setor oferece acolhimento psicológico, bem como acompanhamento institucional e discussão em rede com os setores envolvidos no caso. Para denúncias, o canal oficial é a Ouvidoria da UFRN, que pode ser acionada via Plataforma FalaBR.

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