A mídia “baba ovo” dos EUA ataca novamente  
Natal, RN 15 de mai 2024

A mídia "baba ovo" dos EUA ataca novamente  

18 de abril de 2023
4min
A mídia

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Foi só o presidente Lula viajar à China, sendo recebido com honras de chefe de Estado de relevância mundial, inclusive, que a mídia brasileira se alvoroçou. Não apenas isso, mas ligou seu radar de defesa incondicional dos Estados Unidos e de criticar qualquer ação ou intenção que possa desagradar, digamos, os "Isteites". Não que seja surpresa. Ao longo das décadas, com histórico que data da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) com maior ênfase durante o Golpe Militar (1964) a grande imprensa brasileira, ou seja, os jornalões e veículos de sempre, adulam, ou para usar um termo mais popular e grosseiro, mas, exato, "babam ovo" mesmo dos EUA.

Dúvidas sobre isso? Nenhuma. Tanto que fui até conferir algumas das manchetes sobre as declarações de Lula sobre a guerra da Rússia na Ucrânia quando em terras chinesas. Lá vai:

UOL: "Lula volta a responsabilizar também a Ucrânia pela guerra".

E ainda: "Lula volta a incomodar EUA ao receber chanceler da Rússia"

Infomoney: "Casa Branca critica duramente falas de Lula sobre a Ucrânia"

Globo: "Lula diz que EUA e Europa prolongam guerra na Ucrânia "

Estadão: "EUA e União Europeia rebatem fala de Lula sobre guerra; Casa Branca vê repetição de propaganda russa".

Como se vê, unanimemente a mídia condenou as frases do presidente sobre o conflito, ainda que a intenção maior de Lula seja, visivelmente, pela negociação da paz e cessar fogo. Mas, como também se percebe, a imprensa não parece defender os interesses do Brasil, mas sim dos... EUA. Afinal, detentor do maior mercado exportador de armas do Mundo, os Estados Unidos sempre têm interesse que existam guerras, caso contrário a economia da indústria bélica definha e o país vai à falência.

O que é bom para os EUA é bom para o Brasil, como predicava máxima em voga nos anos 70? Claro que não. Muito pelo contrário. Na nova ordem mundial, difícil de ser aceita e compreendida por quem ainda vive com a cabeça na Guerra Fria (ou na Idade Média), o maior parceiro comercial do Brasil é a China. Mesmo país que é o que mais cresce em todo o planeta. E que faz parte do BRICS juntamente com o próprio Brasil e mais Índia, Rússia e África do Sul, países do terceiro mundo ou fora do eixo EUA-Europa Central que estão em pleno crescimento.

Ainda que as declarações de Lula, e sabemos que algumas delas são impulsivas, possam ser inábeis, ingênuas ou diplomaticamente delicadas, não cabe à imprensa tomar um "lado" na política de relações exteriores do presidente atual. Que por sinal da mesma forma que viajou à China e foi recebido com honras por Xi Jinping, também viajou aos EUA e o foi por Joe Biden. Se existe conflito e tensão entre China e EUA, isso não é problema de Lula, muito menos do povo brasileiro, que precisa dos benefícios das relações comerciais com esses dois países.

Sobre a invasão russa à Ucrânia, sabemos odos da postura ditatorial e expansionista de Putin, mas Zelensky está longe de ser vítima e também sabemos das ligações ucranianas com o neonazismo e do cenário delicado do país permitir força miliar na fronteira com a Rússia (algo que os EUA jamais aceitariam, por exemplo). Não cabe à mídia "tomar partido" neste conflito mas sim faze o que não faz: explicar as nuances geopolíticas e contextualizar o cenário com a Otan, resquícios da segunda guerra e Guerra fria, etc.

A preferência da mídia pelos Estados Unidos, mais que uma tomada de rumo ideológica e cretina, como fez o presidente anterior, (na verdade mais pró-Trump que pró-EUA) mostra mais uma sabujice, uma submissão ao imperialismo estadunidense. Coisa de capacho mesmo. Ou baba ovo, como se fala mais grosseiramente. Triste papel da imprensa brasileira.

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