Yasmim Marques de Melo[1]
Ramon Ribeiro[2]
A educação do Rio Grande do Norte ainda apresenta desafios urgentes para serem superados, apesar dos avanços alcançados na gestão da Professora Fátima Bezerra. O principal indicador brasileiro de desenvolvimento da educação, o IDEB, sintetiza a situação. O Ensino Médio da rede estadual obteve nota 2,8 em 2021, se configurando como o pior IDEB do país, com resultado bem abaixo da meta estipulada de 4,4 (Inep, 2021). Em termos de aprendizagem, vemos que, dos estudantes do 3° ano do Ensino Médio, apenas 21% obtiveram um aprendizado adequado em português e 2% em matemática em 2021 (Inep, 2021).
Quando nos debruçamos então sobre dados disponibilizados recentemente, como o Censo Escolar de 2022, observamos distorções que retratam a insuficiente infraestrutura escolar ofertada pela rede estadual. Por exemplo, um adolescente potiguar de 15 anos que começou o Ensino Médio em 2022 encontrou uma rede estadual em que apenas 38% das escolas possuíam biblioteca, 30% tinham laboratório de informática, 19% possuíam quadra de esporte e 9% possuíam laboratório de ciências (Censo Escolar, 2022)[3]. Se olharmos apenas para as escolas da área rural, a situação é ainda mais complicada no que tange não apenas aos itens de recursos pedagógicos, aqui citados, mas também na infraestrutura essencial e básica das unidades.
Os números denunciam um problema grave que é o da desigualdade de oportunidades educacionais, em relação à distribuição dos insumos educacionais e das oportunidades de aprendizagem. E isso, tendo em vista que, em linhas gerais, as escolas menos equipadas são justamente as que atendem a população mais vulnerabilizada, gerando uma sobreposição de desigualdades para este grupo de jovens, diminuindo assim o potencial da educação na mobilidade social das famílias.
Os desafios para a educação potiguar são grandes e este texto não visa contribuir com uma visão de críticas ao cenário atual, mas sim apontar caminhos para uma mudança perene que, acreditamos, começou com a educação sendo tratada como prioridade do governo neste segundo mandato da professora Fátima Bezerra.
Nesse sentido, acreditamos que ações como o Pacto Nacional pela Retomada das Obras Paralisadas e o Novo PAC (na linha educacional), entre outras ações do governo federal em parceria com o governo estadual, auxiliarão no impulsionamento da infraestrutura adequada das escolas potiguares. Aliado a isso, para termos aprendizagem adequada com equidade para os estudantes norte-rio-grandenses, vemos que o melhor caminho passa por uma visão sistêmica de educação que busque, de fato, atacar os problemas estruturais da educação potiguar e alavancar a aprendizagem no estado, tendo como princípios a igualdade na distribuição dos insumos educacionais da rede, a universalização do acesso e a permanência dos jovens no ensino médio.
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[1] Pesquisadora e consultora de Políticas Educacionais. Bacharela em Gestão de Políticas Públicas (IPP-UFRN) e Doutoranda em Administração Pública e Governo (FGV EAESP).
[2] Jornalista na Graúna Comunicação.
[3] Nota sobre os dados: Os dados oficiais do Inep e do Censo Escolar trazidos aqui foram tratados e disponibilizados pelo Portal Qedu e estão disponíveis para consulta: https://qedu.org.br/uf/24-rio-grande-do-norte e https://qedu.org.br/brasil/ideb/estados?ciclo_id=EM&dependencia_id=2&ano=2021&order=nome&by=asc.