Quem é a estudante de escola pública de Mossoró selecionada para a maior feira de ciências e engenharia do mundo, nos EUA
Natal, RN 9 de mai 2024

Quem é a estudante de escola pública de Mossoró selecionada para a maior feira de ciências e engenharia do mundo, nos EUA

5 de setembro de 2023
7min

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A potiguar Vitória Sabrina da Silva Leite ainda cursa o ensino médio na Escola Estadual Monsenhor Raimundo Gurgel, em Mossoró, mas já traz um evento de peso no currículo. Ela esteve entre os 25 estudantes brasileiros do ensino médio e técnico das diferentes regiões do país selecionados para participar da Regeneron International Science and Engineering Fair (Isef), considerada a principal feira de ciências e engenharia do mundo, que em 2023 foi realizada em Dallas, nos Estados Unidos, no mês de maio.

Mas, para chegar lá, a estudante passou, antes, pela Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (FEBRACE), a maior feira brasileira pré-universitária de Ciências e Engenharia, organizada pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP), em São Paulo.

Com o projeto “SISTEMA DE COLETA E ARMAZENAGEM DE ÁGUA DA CHUVA A PARTIR DE MATERIAIS DE BAIXO CUSTO, UMA ALTERNATIVA DE COMBATE À SECA NO SEMIÁRIDO NORDESTINO”, desenvolvido com a orientação do professor Antônio Serginaldo de Oliveira Bezerra e apresentado durante a FEBRACE, que Vitória foi selecionada para participar da feira nos Estados Unidos.

Vitória desenvolveu com ajuda do professor, o projeto SISTEMA DE COLETA E ARMAZENAGEM DE ÁGUA DA CHUVA A PARTIR DE MATERIAIS DE BAIXO CUSTO, UMA ALTERNATIVA DE COMBATE À SECA NO SEMIÁRIDO NORDESTINO I Foto: cedida
Vitória desenvolveu com ajuda do professor, o projeto SISTEMA DE COLETA E ARMAZENAGEM DE ÁGUA DA CHUVA A PARTIR DE MATERIAIS DE BAIXO CUSTO, UMA ALTERNATIVA DE COMBATE À SECA NO SEMIÁRIDO NORDESTINO I Foto: cedida

A ideia para o projeto partiu da realidade difícil encarada pela própria estudante, a dificuldade para ter acesso à água numa região de seca.

Foi a partir de conversas e de observar a situação de familiares e de comunidades que vivem na zona rural, que sempre precisam da água, mas que enfrentam diversas dificuldades de acesso, que pensei em uma forma de captar e armazenar água da chuva com qualidade para que eles pudessem usar durante a seca. O meu professor orientador Serginaldo foi essencial para o desenvolvimento da ideia e do projeto, ele esteve comigo do início até a última modificação do sistema, o apoio, o investimento e a confiança dele em mim e no projeto foi extremamente importante”, relata a estudante.

Vitória tem 18 anos, quatro irmãs e mora com a mãe, em Mossoró. A jovem chegou a estudar até o terceiro ano do ensino fundamental em uma escola particular, mas entrou para a escola na qual estuda atualmente por causa do limite financeiro da família. Uma mudança que trouxe bons frutos.

Estudei até o meu terceiro ano do fundamental em uma escola particular, mas já estava ficando difícil para minha mãe sustentar esse estudo e a partir do quarto ano até o último do ensino médio, no qual estou hoje, entrei na Escola Estadual Raimundo Gurgel e, de verdade, amo muito essa escola! Ela tem seus desafios, mas sinto que faço parte da história dela, assim como ela faz parte da minha”, declara.

Apesar de não ter trazido nenhum prêmio na bagagem, Vitória encara a experiência como o início de uma nova jornada, com a confiança necessária para continuar a desbravar novos desafios.

Vitória, em uma das etapas do projeto I Foto: cedida
Vitória, em uma das etapas do projeto I Foto: cedida

“Eu sempre me interessei por psicologia e também por pedagogia, completamente diferentes da área do meu projeto, mas graças essa experiência também já cheguei a pensar em engenharias. Penso e quero muito fazer uma faculdade, ainda estou explorando e tentando conhecer áreas, buscando uma que eu deseje e na qual possa dar o meu melhor”, pondera a estudante mossoroense, que acrescenta:

“As premiações serviram como um reconhecimento do trabalho que eu me esforcei e me dediquei tanto para realizar junto com meu professor, não fiz o projeto pelas premiações, mas obviamente fiquei muito feliz por ter conquistado o que conquistei e hoje percebo que em qualquer coisa que eu me esforçar e me dedicar muito, posso colher muitos frutos. Me ajudou também a confiar no que eu fiz e reconhecer que era bom”, avalia.

Estudante e professor sobem ao palco I Foto: cedida
Trabalho desenvolvido por estudante e professor de escola pública de Mossoró na página da Feira internacional, nos Estados Unidos I Imagem: reprodução
Trabalho desenvolvido por estudante e professor de escola pública de Mossoró na página da Feira internacional, nos Estados Unidos I Imagem: reprodução

Premiados

Ao todo, 1.800 jovens de 65 nacionalidades participaram da feira de Ciência e Engenharia, nos Estados Unidos. Foram entregues dois tipos de prêmios, o Grand Awards Ceremony, que são os prêmios de 1º a 4º lugar, entregues pela organização do evento, e o Special Awards Ceremony, que são os prêmios entregues pelas mais de 50 instituições de ensino e pesquisa parceiras.

Pelo Brasil, Gustavo Botega Serra, da Escola Santa Terezinha, em Imperatriz (MA), ficou em 2º lugar e recebeu US$ 2 mil no Grand Awards Ceremony, na categoria Animal Sciences.

O jovem desenvolveu um modelo de repelente e de inseticida capazes de preservar 86,9% de seus princípios ativos a partir do Tucum Mirim, um fruto cultivado no Cerrado brasileiro. Em testes com animais, o inseticida eliminou um a cada dois insetos e esterilizou larvas dos sobreviventes; já o repelente conseguiu afastar mais de 90% deles.

as estudantes Kalyne Falcão e Lauanda Lima, da Escola Estadual Antonio Rodrigues Oliveira, de Pedra Branca (CE), receberam US$ 5 mil com o 1º lugar no Special Awards Ceremony,

na categoria USAID Science for Development – Climate and Environment Protection.

As estudantes desenvolveram um filtro de água a partir da carbonização da jurema-preta, planta abundante em todo semiárido nordestino que tem poucas aplicações comerciais e que, por isso, acaba sendo descartada de forma inadequada em queimadas.

Também foram premiados os estudantes Lucas Hadlich Sampaio, do Colégio Dante Alighieri, de São Paulo (SP), que recebeu US$ 3 mil com o segundo lugar na categoria USAID Science for Development – Working in Crisis and Conflict – com o projeto “Desenvolvimento de uma rede de baixo custo para proteção e monitoramento contra deslizamentos em encostas nos centros urbanos”; Rebeca Goulart e Eloah Padrone, da Escola Técnica Estadual Henrique Lage, de Niterói (RJ), com o projeto de “Dispositivo Eletrônico para auxiliar na correção da síndrome do pé caído”, que conquistaram o prêmio King Abdulaziz & his Companions Foundation for Giftedness and Creativity, obtendo bolsas de estudos completas na King Fahd University of Petroleum and Minerals, na Arábia Saudita, e mais 400 dólares.

Por fim, Helena Moschetta e Manuela Prado Machado, da Fundação Escola Técnica Liberato Salzano Vieira da Cunha, de Novo Hamburgo (RS), conquistaram US$ 1.200 com o Prêmio da China Association for Science and Technology com o projeto “Uso do grafeno associado a membrana inorgânica nanoporosa para o tratamento da água”.

Premiados no Isef Foto: divulgação
Premiados no ISEF, nos Estados Unidos I Foto: divulgação

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