Chilique nas redes sociais esconde o que você precisa saber sobre a questão Palestina
Natal, RN 16 de mai 2024

Chilique nas redes sociais esconde o que você precisa saber sobre a questão Palestina

14 de outubro de 2023
5min
Chilique nas redes sociais esconde o que você precisa saber sobre a questão Palestina

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A mais nova coqueluche das redes sociais é sombria. Os conflitos que estouraram na minúscula Faixa de Gaza, que tem apenas 365 Km² e 2,5 milhões de habitantes, e que vive, desde 2007, um pavoroso bloqueio feito pelo Estado de Israel, um estado RELIGIOSO, que sequer tem Constituição e sim um conjunto de leis que ressalta essa especificidade, feita em 2018, estão pautando esse “esgoto do século XXI”.

Pois é, no sábado o grupo palestino Hamas, um acrônimo do Movimento de Resistência Islâmico, fez um ataque surpresa (sic), que pôs em xeque a portentosa segurança de Israel, considerada a melhor e mais mortífera polícia secreta do mundo. Atacou, matou, assombrou o mundo e agora essa faixa de terra está sendo destruída por bombardeios maciços.

E as redes sociais, esse pântano da comunicação do “novo mundo” explodiu. Milhares de especialistas surgiram, emitindo opiniões sobre o conflito e a esmagadora maioria vociferando contra o Hamas, o” potente” grupo palestino que, a julgar pelas postagens desses “especialistas”, tem poder de fogo maior do que o “coitado” de Israel, que tem no seu arsenal 97 bombas nucleares.

Nos grandes meios de comunicação, que nunca foram simpáticos à causa palestina, a fúria contra o Hamas na verdade era um artifício para demonstrar o total e absoluto apoio ao Estado de Israel, não importando que algumas vozes dissonantes tentaram pôr um pouco de racionalidade no debate. Elas foram literalmente “engolidas” pelo mar de ódio que prospera nesse esgoto comunicativo.

Israel é uma coisa interessante e acho que os rocinantes que praguejam contra o “terrorismo palestino” pouco ou nada sabem da história sangrenta desse pedaço de terra, que até 1967 era território do Egito, e foi tomada depois de uma rápida guerra na região. Aliás Israel, em 1967, tomou também a Cisjordânia, e esses dois territórios tinham sido considerados, pela ONU, como parte do Estado Palestino que deveria ter surgido naquele ano. Isso foi há 75 anos atrás, mas eu seria mais incisivo em dizer que esse problema foi gerado por um conjunto de decisões tomadas antes, inclusive, da Guerra Mundial de 1914 a 1918.

Mas será que esses energúmenos sabem disso? Talvez até saibam, mas acho difícil, porque raciocinar de forma primitiva é a característica principal dessa horda desqualificada que, infelizmente foi “agraciada” com a adesão de intelectuais e pessoas progressistas, com discursos que colocam acento nas ações, essas sim de terror, engendradas por grupos que começaram os ataques ao “Israel”.

Olhando para a Palestina, o engodo de dizer que os judeus sempre tiveram “direito” a essas terras, não tem sentido. Até o final do século XIX, pouco mais de 24 mil judeus viviam na Palestina, menos de 10% da população total e a chegada de judeus foi organizado e planejado pelo movimento sionista, que recebeu a colaboração, indireta de fato, de ingleses e franceses, interessados em abocanhar os nacos de terras deixados pela Porta, em outubro de 1918, quando do armistício.

E uma informação para os beócios de plantão: quando os britânicos assumiram o controle do que seria o Mandato Britânico da PALESTINA, os judeus representavam 10,0% da população, enquanto os muçulmanos árabes 79,5%. Para quem não entender: de cada 100 habitantes da palestina 80 eram árabes muçulmanos que viviam naquela terra há séculos e 10 eram judeus, boa parte deles vindos dos mais diversos países. E entre 1920 e 1947, o Ano Zero do chafurdo que a região vive até hoje, o movimento sionista ajudou a enviar milhares de judeus, principalmente depois do Holocausto, sem nenhum tipo de acordo com quem ali vivia. Foi chegando e se espalhando.

Mas se 1947 foi o Ano Zero, 10 anos antes uma comissão inglesa já havia recomendado a partilha da Palestina, mas com os árabes perdendo 1/3 das terras (as melhores), o que não agradou muito a comunidade palestina e os sionistas aceitaram de “bom grado”, levando em consideração que a pretensão futura era a de ocupar todas as terras que historicamente (sic) eram do “povo de Deus”.

Em maio de 1947, a ONU criou o Comité Especial das Nações Unidas para a Palestina (UNSCOP) para preparar um relatório sobre recomendações para a Palestina e, sem querer me alongar no furdunço que ocorria nos bastidores, em Agosto a comissão recomendou que a região fosse dividida num ESTADO ÁRABE e num ESTADO JUDEU, que deveriam manter uma união económica. Um regime internacional foi previsto para Jerusalém.

A proposta da Comissão foi aprovada em 29 de novembro de 1947, com 33 votos favor a 13 contra, com 10 abstenções e 1 ausente, a favor do Plano de Partição. Os judeus comemoraram, os árabes detestaram e a Grã-Bretanha lavou as mãos.

Portanto, tratar da questão Palestina é sim considerar a forma de como NÃO foi obedecida a decisão da ONU, que certamente nos trouxe a mais uma tragédia naquela já atormentada região.

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