Fototeca Potiguar agora é lei: projeto foi sancionado no RN
Natal, RN 8 de mai 2024

Fototeca Potiguar agora é lei: projeto foi sancionado no RN

10 de dezembro de 2023
6min
Fototeca Potiguar agora é lei: projeto foi sancionado no RN
Foto: arquivo

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Um lugar para dar centralidade as ações de preservação, catalogação e valorização da identidade histórica e visual e ainda, de quem contribuiu e contribui fazendo da fotografia um documento histórico e cultural do Estado”. É assim que a fotógrafa Meysa Medeiros define a Fototeca do Estado do Rio Grande do Norte (Fototeca Potiguar). Na última sexta-feira (8), a governadora Fátima Bezerra sancionou o projeto de lei, de autoria da deputada Divaneide Basílio (PT), que prevê a criação do espaço.

A ideia é reconhecer a imagem fotográfica como documento patrimonial essencial na produção de conhecimento, preservação histórica e construção da identidade cultural potiguar. “Um lugar que poderá contribuir com muitas áreas. Como a história, a cultura o apoio a pesquisa e a valorização da fotografia e dos diversos autores vivos e que já se foram, mas deixaram rico acervo que, com a Fototeca, pode não se perder”, avalia Meysa, do Coletivo daFOTO!.

O projeto permitirá que o acervo seja acessível para pesquisas, exposições e debates, contribuindo para a valorização da fotografia e dos diversos autores que contribuíram para a história potiguar.

Atualmente, fora alguns projetos de pesquisa, que apenas envolvem o tema, não há iniciativas dedicadas exclusivamente a acervos fotográficos”, revela Meysa Medeiros, que integra também o Coletivo Fotografia Periferia e Memória do Rio de Janeiro e é membra da Rede de produtores da fotografia no Brasil.

“Acho que é importante informar esse projeto de Fototecas são ideias que estão iniciando nos estados do Rio de Janeiro (RJ) e aqui no Rio Grande do Norte (RN), onde estamos em diálogo e pensando juntos em possibilidades. Temos o apoio da Rede (Rede de Produtores Culturais da Fotografia no Brasil), que estão dispostos a colaborar e fortalecer esse movimento para que sujam outras Fototecas no Brasil”, afirma Meysa.

Além de se apresentarem como espaços que viabilizem o acesso a acervos, resgatando parte do patrimônio visual e histórico que poderia ser perdido, as Fototecas também têm o potencial de gerar renda e desenvolvimento profissional por meio de exposições e debates, fortalecendo o setor fotográfico.

Acreditamos que com a estruturação da Fototeca Potiguar muito do que hoje é inacessível seja possível viabilizar e muito que já foi perdido desse patrimônio visual, da história, possa ser adquirido ou catalogado e disponibilizado para diversos usos tanto por meio virtual como físico. Além de que, no futuro, poderemos ter exposições para o público, debates possibilitando geração de renda e desenvolvimento profissional da categoria”, defende Meysa Medeiros.

Regulamentação da profissão

À luta pela criação de espaços como as fototecas antecede a busca pela regulamentação profissional. Mesmo ajudando a contar tantas histórias, a profissão, que tem completos 183 anos, ainda não é regulamentada no país. Uma proposta tramita no Congresso buscando reverter este quadro. O Projeto de Lei da Câmara (PLC) nº 64, de 2014, de autoria do deputado Fernando Torres (PSD-BA), foi aprovado na Câmara dos Deputados, passou por comissões no Senado Federal e está pronto para votação em plenário nesta casa legislativa.

Trabalhamos com uma profissão encantadora, porém tem a suas dificuldades. Uma profissão que ainda não é regulamentada. A fotografia tem muitos campos de atuação e, como não existe sindicatos (pelo menos aqui) ou algo que represente a categoria, ficamos muito soltos com relação aos nossos direitos”, denuncia Meysa.

Talvez por isso, ainda seja uma profissão tardiamente descoberta, como foi por Meysa. Antes de ter seu trabalho documental, tanto na fotografia como no audiovisual, ela trabalhava como promotora de vendas, “aquelas moças que limpam gôndola de supermercado e lojas especializadas e demostram produtos. Passei muito tempo pensando que aquilo seria minha vida e pronto, sem nenhuma expectativa de algo a mais”.

Foi quando Meysa fez um curso de fotografia. “Achei que tinha um olhar estético legal e me apaixonei de uma forma avassaladora. Comecei a conhecer pessoas e entender aquele mundo de tantas possibilidades”.

A partir daí, Meysa foi se especializando cada vez mais. Fez faculdade de fotografia e se juntou a colegas de profissão para iniciar um trabalho de valorização da fotografia, especialmente no Rio Grande do Norte.

Percebi que eu tinha um propósito maior”.

A partir do entendimento do cenário fotográfico potiguar, Meysa buscou “contribuir para a organização deste cenário que já era tão rico de tantos profissionais, artistas visuais incríveis. Já existia um movimento antes e eu queria me juntar a estas pessoas”.

Em 2019, Alexandre Santos, Henrique José E Meysa Medeiros formaram o Coletivo daFOTO!, que tem o objetivo de fomentar a fotografia potiguar com feiras, eventos, produtos audiovisuais. “Em seguida vieram os amigos Vlademir Alexandre, Flávio Aquino e Damião Paz”, pontua Meysa.

Para a fotógrafa, também não é menor a questão do uso das nossas fotografias. “Nosso trabalho é nosso ganha pão, muitas empresas fazem uso sem creditar ou, quando faz, acha que não precisa pagar pelo uso da mesma. Enfim, é uma realidade não só do RN mas de todo Brasil que espero que um dia isso mude”.

Encaminhamentos

Entres os desafios para os profissionais no RN, produtores da Fotografia encaminharam, em audiência realizada pela deputada Divaneide Basílio na Assembleia Legislativa do Estado, a busca por parcerias para que os outros estados também apresentem as suas fototecas para formar uma rede integrada; garantir o olhar estadualizado com ações no interior, catalogando fotógrafos e acervos por regiões do estado; fortalecer a criação da Secult para fortalecer a política de Cultura no estado; recuperar e inserir livros e fotolivros disponíveis para ser parte dos acervos, assim como também recuperar fotos históricas de nomes importantes da fotografia potiguar; trazer questões da estrtuura do acervo que represente diversas temáticas, definindo quais as memórias coletivas que se deseja preservar; e a realização de uma audiência sobre a Pincoteca.

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