Piseiro pop nos salva do tédio e da arrogância!
Natal, RN 10 de mai 2024

Piseiro pop nos salva do tédio e da arrogância!

17 de dezembro de 2023
3min
Piseiro pop nos salva do tédio e da arrogância!

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A Internet como metáfora da navegação nos lança sempre em águas desconhecidas e nos leva a descobertas de seres e acontecimentos imprevisíveis. Por vezes, nos deparamos com reels e stories enfadonhos e demasiadamente ansiosos por likes e monetizações. Mas existem aqueles que nos maravilham com a força da simplicidade. Pois bem, foi assim que me deparei com uma das postagens do cantor João Gomes e da cantora Vanessa da Mata. Claro, já os conhecia. Mas não havia aportado minha atenção para uma parceria como tal. O estranhamento se apresentou para mim: “um cantor com loas de vaqueiro e uma Diva do pop combinam”? Como numa alquimia de verbos e sons, a mistura é contagiante. Nosso corpo imediatamente federa todos os sentidos quando o piseiro e o pop soam. Começamos a gingar e a balbuciar uma letra brega de vaqueiro. Nessa hora, pouco me importa para os conselhos de Kant sobre a necessidade da racionalidade para o entendimento do belo. Obedecemos mais à Espinosa, quando nos aconselha para que sintamos as afecções da vida para um corpo feliz. Mesmo que, por vezes, também feliz desesperadamente. Descobri, por exemplo, meu limite de dançarino para aqueles passos e performances. A coreografia malemolente da suingada toma conta da performance e espontaneidade das massas festivas. Certamente alguém pode questionar meu maravilhamento como alienação. Sim. Alienação pura! Como na paixão que nos entregamos involuntariamente aos perigos do feitiço e do fetiche, no piseiro pop também é assim. Rouba- nos os sentidos kantianos para analisar o belo, mas não nos transformam em isentões diante da crise do mundo. Nem muito menos em fundamentalistas de esquerda e ou de direita. Quem celebra a vida e a epifania da arte é imunizado contra rótulos. Sou contra o bolsonarismo e aos lulismos acríticos. Ah, mas continuo de esquerda e maravilhado com João Gomes. Concluo com as palavras do artista potiguar Yrahn Barreto: "Escrever um texto, criar uma melodia, uma letra de música, uma tela, um roteiro, traçar um romance, um livro é sem dúvida uma vivência que experimentamos com certa 'veracidade' abstrata, e que, torna-se real aos nossos olhares para os vários mundos que visitamos quando estamos imersos na criação. Viva a arte e o seu poder imensurável de trazer para a realidade os mundos imaginados pelo artista, e que de fato, transformam tudo ao seu entorno."

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