Valéria Oliveira, uma sambista entre nós
Natal, RN 9 de mai 2024

Valéria Oliveira, uma sambista entre nós

11 de fevereiro de 2024
6min
Valéria Oliveira, uma sambista entre nós
Fotos: Luana Tayse / Divulgação

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A cantora, musicista e compositora Valéria Oliveira celebra, em 2024, dez anos do Projeto Cores do Samba e vai celebrar intensamente essa década com rodas de samba, shows e a produção de um documentário comemorativo que vai contar essa história e a relação com outros artistas que estiveram com ela nessa trajetória. Esse ano ela também pretende girar por aí com o show recantos, que faz em parceria com Jubileu Filho e Kelliney Silva. Seu público também terá surpresas, com o lançamento de um novo projeto ligado ao samba.

Valéria subiu ao palco em diversos momentos neste Carnaval. Em primeiro lugar, ela foi convidada para ser a madrinha do Bloco das Kengas, que completa 41 anos de tradição esse ano. Portanto, seu show Cores do Nosso Samba fez parte da feijoada das Kengas; ela também fez parte da Abertura do Carnaval em Petrópolis, na quinta passada e neste domingo (11) ela se apresenta no Centro Histórico, abrindo o Desfile das Kengas, que contará também com a convidada Fafá de Belém.

O gosto por esse gênero tipicamente brasileiro nasceu dentro de casa. Valéria Oliveira cresceu ouvindo junto com a mãe, os discos de Clara Nunes, Agepê, Alcione, Martinho da Vila, Beth Carvalho, entre outros. O mergulho nesse gênero tipicamente brasileiro foi ficando cada vez mais profundo a partir de 2011, quando fez um show em homenagem a Clara Nunes e, em seguida, gravou o álbum “Em águas Claras”, que homenageava aquela mineira, radicada no Rio, considerada uma das maiores intérpretes de todos os tempos. E ela acredita que essa experiência foi abrindo seus sentidos para “um campo sagrado de poesia, ritmo, ancestralidade e emoção”.

Foi nesse período que Valéria Oliveira - que se considera “cria das Rocas”, berço do samba potiguar, e que teve muita relevância para suas influências - estreitou os laços com o berço do samba brasileiro, no Rio de Janeiro, quando conheceu diversos sambistas, mestres e mestras da música brasileira:

Senti de perto a potência cultural da roda de samba, participei de algumas e me encontrei nesse lugar de irmandade.

Assim sendo, a criação do projeto Cores do Samba, que em 2024 completa dez anos, foi um caminho natural para Valéria que criou sua própria roda de samba e pioneira numa nessa iniciativa de ser uma mulher no Rio Grande do Norte, à frente de um formato artístico e cultural como esse.

Foi lindo! Aliás, está sendo! E guardamos momentos muito bonitos e importantes dessa caminhada. Contudo, na minha visão, ser sambista vai muito além de cantar samba. Recebo com carinho essa denominação por parte do meu público, mas ‘alguém me avisou pra eu pisar nesse chão devagarinho”, brinca ela.

Embora modesta, Valéria tem, de fato, dedicado sua carreira e pesquisas a serviço do samba e contribuído com a difusão dessa história tão única do país, do legado dos compositores e compositoras, inclusive potiguares.

Um novo amor

Com formação em violão clássico, Valeria Oliveira não disfarça que o samba a levou a flertar com o cavaquinho e diz que adora sua versatilidade, o balanço e as firulas possíveis de serem executadas nesse instrumento. Mas não esperava que o relacionamento fosse ficando cada vez mais sério:

“Sinceramente, eu não pensava que um dia eu fosse encarar o cavaquinho como segundo instrumento, me dedicar para aprender seus fundamentos e sua técnica, nem muito menos tocar nas rodas de samba. O que acelerou o meu processo de aprendizagem foi a necessidade de tocar no Encontro Nacional e Internacional de Mulheres na Roda de Samba, edições Natal, promovido por um coletivo formado por Carol Queiroz, Dani Cruz, Camila Pedrassoli, Claudia Mariana, Dodora Cardoso e eu”.

É tanto que já existe um grupo de tocadoras de cavaquinho em Natal, que se formou, segundo ela, pela necessidade de haver mais mulheres que se interessassem e se desenvolvessem no cavaquinho.

“No Coletivo, nós contamos com a ótima Silvia Marinho, mas precisamos formar mais mulheres para compor a harmonia do samba. Acho que o movimento das Mulheres na Roda de Samba no Brasil vai impulsionar mais iniciativas nesse sentido”.

O passo de intérprete para compositora, Valéria lembra que foi um estímulo que surgiu na parceria com outros artistas como Luiz Gadelha, Simona Talma, Khrystal e Ângela Castro, na época do projeto Retrovisor, a partir de 2005.

De lá pra cá, eu não parei mais. Meus últimos cinco álbuns são 90% autorais, os três mais recentes são recheados de sambas e boleros, o que me fez enveredar por novos caminhos, outras linguagens. Tenho me aventurado também pelo caminho de trilhas para curtas metragens e tem sido maravilhoso. Compus trilhas para os curtas “Rosa de aroeira”, “A Deus querer” e para o terceiro curta da trilogia do Reduto de Monica Mac Dowell que vocês conhecerão em breve. Também compus a trilha do documentário “Quem é você?”, de Paulo Mac Dowell, artista visual de Brasília. Uma responsa. E estou querendo me aprofundar mais sobre nesse campo da criação musical. Por hora, colaboro de forma mais intuitiva.

Relação com o carnaval

Para Valéria, o carnaval é um momento em que se firma uma conexão única entre o artista e seu público.

É quando nos irmanamos, nos damos a oportunidade de nos desarmarmos um pouco das batalhas do dia-a-dia. Todas as formas de expressão são potencializadas no carnaval. A alegria e um quê de esperança tomam conta da mim. O carnaval me abastece de boas energias e vibrações pelo resto do ano.

A participação no carnaval não é de hoje. Em 2009 ela lançou o álbum “Sem Perder o Passo”, que era um compilado de marchas e frevos, compostos por diversos potiguares, em parcerias inusitadas. Ela também gravou trabalhos do mestre Dosinho e interpretou trilhas oficiais da Banda Independente da Ribeira e da Banda do Siri.

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