Foi em uma residência artística na Índia que a pesquisa em “Dança-Tragédia” começou, diz o coreógrafo e dramaturgo René Loui, do Coletivo CIDA. O ano era 2019, desde então o conceito vem sendo trabalhado pelo grupo e rendeu três espetáculos: “Corpos Turvos” (2021), "Reino dos bichos e dos animais, esse é o meu nome" (2022) e "Insanos e Beija-Flores a Dois Metros do Chão" (2023).
Nunca, porém, as três peças foram apresentadas em sequência em Natal. Em outras cidades, sim, como São Paulo e Rio de Janeiro, e em países como a França. A primeira vez será nos dias 28 e 29 de abril, no Teatro Alberto Maranhão, em celebração ao Dia Internacional da Dança.
“Tivemos apresentações muito especiais em vários lugares. Mas em Natal é mais forte. É a cidade onde escolhemos morar. É mais representativo. Ainda mais porque é no TAM. E para além da referência ao Dia Internacional da Dança, é uma apresentação dentro da programação dos 120 anos do teatro”, conta René. “Somos um grupo novo ainda, e já estamos dividindo o palco do TAM com muita gente boa da cidade”.
A apresentação vai funcionar da seguinte maneira: no domingo, dia 28, os espetáculos “Corpos Turvos” e "Reino dos bichos e dos animais, esse é o meu nome" serão encenados em sequência, sem intervalos. A duração será de uma hora e vinte e cinco minutos. Já na segunda-feira, dia 29, acontece a exibição de "Insanos e Beija-Flores a Dois Metros do Chão", com duração de uma hora e cinco minutos.
As apresentações têm entrada gratuita e começam sempre às 19h, com distribuição dos ingressos uma hora antes do espetáculo (não haverá distribuição digital). As peças são acessíveis em LIBRAS e audiodescrição e as apresentações acontecem de modo gratuito.
O elenco é composto de artistas como Ana Cláudia Viana, Jânia Santos, Marconi Araujo, Pablo Vieira, Rozeane Oliveira e do próprio coreógrafo René Loui. A produção executiva é de Arthur Moura.
O grupo vive um momento especial e prevê no segundo semestre várias novidades. “Estamos muito entusiasmados. Entraremos em circulação pelas unidades do Sesc em São Paulo. Vamos lançar a versão audiovisual do ‘Reino dos Bichos’, e um longa-metragem de ‘Insanos e Beija-Flores a Dois Metros do Chão’”, anuncia René, adiantando também a chegada de um livro onde vão poder deixar registrado o conceito de “Dança-Tragédia’, a metodologia que o grupo criou e que tanto tem despertado a curiosidade por onde se apresentam.
Sobre os espetáculos
“Corpos Turvos” propõe uma discussão, através da dança, sobre invisibilidade, desumanização, estigmatização e extermínio das pessoas pretas, LGBTQIAPN+, pessoas com deficiência, mulheres, indígenas, pessoas com HIV. Traz para cena corpos que muitas vezes são percebidos exclusivamente através de marcadores sociais.
"Reino dos bichos e dos animais, esse é o meu nome" volta a questionar a invisibilidade de alguns corpos na sociedade, porém trazendo novas discussões, sobre o que pode - ou não - ser considerado dança ou teatro. A obra é livremente inspirada na poesia e na vivência de Stella do Patrocínio, mulher preta que viveu por quase 30 anos em ambiente manicomial.
"Insanos e Beija-Flores a Dois Metros do Chão" propõe um debate sobre o pensamento eugênico e os limites entre a insanidade e a arte na sociedade. É uma obra ficcional que narra as perspectivas de seis diferentes indivíduos que vivem há sete anos encarcerados em um porão. O porão de uma casa conhecida como Hospício da Praia Vermelha. A linha coreográfica e dramatúrgica traz como referência a vida e obra de Arthur Bispo do Rosário.
Trilogia Dança-Tragédia, Coletivo CIDA
Teatro Alberto Maranhão
Dias 28 e 29 de abril
A partir das 19h
Ingressos gratuitos