Em greve, servidores técnico-administrativos da UFRN debatem movimento
Natal, RN 17 de mai 2024

Em greve, servidores técnico-administrativos da UFRN debatem movimento

10 de abril de 2024
6min
Em greve, servidores técnico-administrativos da UFRN debatem movimento
Imagem: Jana Sá.

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O Sindicato Estadual dos Trabalhadores em Educação no Ensino Superior no RN (Sintest/RN), que representa os servidores técnico-administrativos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), realizou, na manhã desta quarta-feira (10), uma assembleia geral da categoria para fazer uma avaliação da conjuntura da greve que iniciou oficialmente no último 14 de março. Além disso, a atividade debateu os próximos passos da mobilização dos servidores.

A insatisfação da classe acontece em decorrência da proposta de reajuste zero para os servidores em 2024. Em dezembro do ano passado, o governo oficializou proposta de reajuste de 9% em duas parcelas, para os próximos dois anos, mas sendo a primeira em maio de 2025 e a segunda em maio de 2026.

O militante político Sandro Pimentel (PSOL), que também é servidor da UFRN, destaca que a luta da categoria vem crescendo. “A cada dia, a adesão à greve é maior ainda. E com a entrada dos companheiros e companheiras dos IFs no movimento em todo o Brasil, o setor da educação fica cada vez mais fortalecido”, defende. “A prova disso é que, agora, o governo já começa a se sentir pressionado”, ressalta Pimentel, explicando que o governo federal marcou para esta quarta (10) uma mesa de negociações com representantes dos servidores federais.

Como mais uma forma de lutar pelas reivindicações que estão sendo feitas pela categoria, os servidores realizam, nos próximos dias 16, 17 e 18 de abril, a partir de vários estados do país, uma caravana à Brasília (DF). “Obviamente não é de interesse de nenhum governo que tenha povo nas ruas. Então temos a expectativa de que essa mobilização em Brasília, e as demais mobilizações nacionais, feitas em conjunto, faça com que a greve tome um corpo ainda maior, para que o governo sinta mais ainda a nossa pressão”, ressalta Pimentel. 

“E que assim a gente comece a seguir para propostas mais concretas do governo”, argumenta o sindicalista, criticando a proposta do governo federal de reajuste salarial zero para este ano, bem como as propostas de reajuste para os anos de 2025 e 2026.

Tazia Maia, integrante do Sintest/RN e atualmente participante do comando da greve, também critica as negociações que o governo vem tentando com a categoria. “A negociação para 2024 desde o começo é zero, e não sai disso. A gente não aceita!”, afirma. 

Ela ainda afirma a importância do movimento de mobilização que os servidores vêm construindo. “À medida que fortalecemos a greve, os professores entram, os alunos bolsistas também. Então essa universidade vai parar, não só aqui [UFRN], mas no Brasil inteiro. E isso é muito bom. Realmente vamos ter uma correlação de forças”.

Em defesa da greve, o Sintest/RN ainda apontou a questão dos reajustes nos auxílios que, segundo a entidade, não equiparam os valores com os servidores do Legislativo e Judiciário, excluindo os aposentados e pensionistas. O reajuste no auxílio-alimentação passou de R$ 658 para R$ 1 mil (51,9% a mais);  a assistência à saúde complementar per capita média (“auxílio-saúde”) foi de R$ 144,38 para em torno de R$ 215; e a assistência pré-escolar (“auxílio-creche”) passou de R$ 321 para R$ 484,90.

Em memória dos mortos e desaparecidos pela ditadura

No mês que marca 60 anos do golpe de 1964, os servidores também têm relembrado a luta dos potiguares mortos e desaparecidos pela ditadura militar. Em um varal que está sendo exposto nas atividades da categoria, estão fotografias e biografias das vítimas do regime militar estampadas.

Imagem: Jana Sá.

Anatália de Souza Alves de Melo, Édson Neves, Quaresma, Emmanuel Bezerra dos santos, Geraldo Magela Fernandes Torres da Costa, Hiram de Lima Pereira, José Silton Pinheiro, Lígia Maria Salgado Nóbrega, Luíz Ignácio Maranhão Filho, Luís Pinheiro, Virgílio Gomes da Silva, Zoé Lucas de Brito e ainda Djalma Maranhão (morto no exílio decorrente da ditadura) e Glênio Sá (pós-ditadura em circunstâncias suspeitas) são alguns dos potiguares lembrados. Eles foram perseguidos, presos, sequestrados, torturados e assassinados pela ditadura que o Brasil viveu por 21 anos após 1964.

Atualizações sobre a assembleia

O Sintest/RN informou que, na assembleia desta quarta (10), foi aprovada a continuação das mobilizações setoriais e de rua. Dentre outras ações, o Sindicato aprovou uma nota de apoio às assistentes sociais da assistência estudantil, bem como uma destinada aos terceirizados.

O Sindicato também aprovou o seminário “Conversando sobre a Reestruturação do PCCTAE” que vai acontecer na próxima sexta-feira (12), a partir das 9h, no auditório do Centro de Educação da UFRN, campus central.

O Sintest/RN ainda informou que o governo federal convocou a Federação de Sindicatos de trabalhadores técnico-administrativos em educação das instituições de ensino superior públicas no Brasil, a FASUBRA, para dois encontros. A reunião dos servidores federais desta quarta (10) será com o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos (MGI) e trata-se da 8ª reunião da Mesa Nacional de Negociação Permanente que acontecerá. A atividade acontece às 14h30.

A segunda mesa será a 1ª reunião da Mesa Setorial Permanente de Negociação, a ser realizada nesta quinta-feira (11), das 10h às 12h, no Ministério da Educação (MEC), com a presença da FASUBRA e demais movimentos que estão construindo a mobilização.

Ainda segundo o Sindicato, neste domingo (14) o ônibus com a caravana do Sintest/RN sai com destino a Brasília para que os servidores participem da Marcha e Ato convocados pelo Comando Nacional de Greve (CNG).

Matéria atualizada às 14h16 do dia 10/04/2024.

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