Flip 2019 faz autópsia nos sertões de Euclides da Cunha
Natal, RN 3 de mai 2024

Flip 2019 faz autópsia nos sertões de Euclides da Cunha

10 de julho de 2019
Flip 2019 faz autópsia nos sertões de Euclides da Cunha

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A Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) começa nesta quarta-feira (10) trazendo à luz a principal obra do jornalista e escritor paulista Euclides da Cunha, o grande homenageado da Flip em 2019.

Ele é autor do clássico "Os Sertões", lançado em 1902 sobre a guerra de Canudos, e considerado o primeiro livro-reportagem do Brasil. Na mesa de abertura estará sua principal "intérprete", a crítica literária Walnice Nogueira Galvão abre a Flip falando sobre "Canudos", cenário principal de "Os Sertões".

Dos mais de 40 livros publicados por Walnice, 12 são sobre Euclides da Cunha e sua obra, entre os quais No calor da hora: a guerra de Canudos nos jornais (1994/ reeditada por Cepe, 2019), e Euclidiana: ensaios sobre Euclides da Cunha (Companhia das Letras, 2009).

A Flip segue até domingo (14), em Paraty (RJ).

Os leitores poderão acompanhar a cobertura através do portal e das redes sociais no facebook, instagram e twitter pela conta @saibamaisjor.

A 17ª Flip traz 40 autores de diversos países, a maioria mulheres. Este ano são 21 escritoras e 19 autores. Além do Brasil, participarão da Flip escritores do Canadá, Israel, Angola, Nigéria, Estados Unidos, Burundi, Portugal, Venezuela, Argentina, Inglaterra, Cabo Verde e Espanha.

Dos 20 brasileiros, apenas três são da região Nordeste: Bráulio Tavares (PB), Jarid Arraes (CE) e Marilene Felinto (PE).

A curadoria da Flip 2019 é da jornalista e filósofa Fernanda Diamant, editora da revista "Quatro cinco um". Ela sucede Joselia Aguiar, que exerceu a função na Flip 2017 e na Flip 2018.

Gênero, raça, questão indígena, ciência, meio ambiente, luto e guerra são alguns dos temas abordados nas mesas durante os cinco dias de evento.

Um dos destaques da edição deste ano, Jarid Arraes é natural de Juazeiro do Norte, cordelista e vai lançar na Flip o primeiro livro de contos da carreira Redemoinho em dia quente (Alfaguara). Crítica da predominância masculina na arte, Jarid Arraes escreveu “Heroínas negras brasileiras em 15 cordéis” e conseguiu vender em apenas seis meses 5 mil exemplares.

Ela estará na mesa “Vila da Nova Rainha”, no sábado (13), ao lado da escritora norte-americana Carmem Maria Machado. No bate-papo duas mulheres exploram a escrita enquanto abordam gênero, origem, raça, deslocamento e pertencimento. A mesa marca o encontro entre Jarid Arraes, que reinventa a poesia de cordel, e Carmem Machado, uma autora nascida nos Estados Unidos, filha de cubanos, que mistura formas narrativas tradicionais e não tão tradicionais assim, adepta do estilo weird ficcion (ficção esquisita).

Jarid Arraes é de Juazeiro do Norte (CE) e um dos destaques da Flip 2019

Entre os destaque internacionais, um nome certo é o da nigeriana Ayobami Adebayo, do livro Fique comigo, romance publicado em 15 países. O livro recebeu uma série de prêmios e menções e foi classificado como um dos melhores do ano de 2017 nas listas do New York TimesThe EconomistThe Wall Street Journal e muitos outros. Ayobami é ex-aluna da conterrânea Chimamanda Ngozi Adichie.

Outro debate aguardado é com a escritora, roteirista e psicóloga israelense Ayelet Gundar-Goshen, autora de Uma noite, Markovitch (Todavia, 2018). O livro já foi traduzido para 14 idiomas diferentes e, a partir de uma história real, aborda um grupo de jovens que vai da Palestina até a Europa sob comando nazista para que, por meio de casamentos fictícios, possam resgatar mulheres judias.

Ayobami e Ayelet dividem a mesa "Angicos" e, vindas de dois lugares bastante diferentes – Nigéria e Israel –, vão atrás de pontos de convergência ao conversar sobre a definição de família, a posição da mulher nas sociedades mais tradicionais e a criação de laços íntimos em meio a conflitos de ordem pública.

Ayelet Gundar-Goshen é de Israel (Foto: Leonardo Cendamo/Getty Images)

A inglesa naturalizada brasileira Maureen Bisilliat é fotógrafa, cineasta e autora do livro Sertões: Luz e Trevas (1982, reeditado este ano pelo Instituto Moreira Salles). A obra alterna trechos de Os sertões, de Euclides da Cunha, e registro fotográficos do Nordeste. A fotógrafa foi amiga do antropólogo brasileiro Darci Ribeiro e tem trabalhos no Xingu. Ela fala sobre o encontro entre imagem, palavra e geografia na mesa "Serra Grande".

Conheça todos os autores e a programação completa da Flip 2019 aqui..

O repórter da guerra de Canudos 

“Os Sertões”, de Euclides da Cunha, foi publicado em 1902 e conta os pormenores da sangrenta Guerra de Canudos, liderada por Antônio Conselheiro (1830-1897), no interior do Bahia, durante 1896 e 1897.

À época, Euclides da Cunha foi enviado a Canudos pelo jornal do Estado de S.Paulo. O material apurado pelo escritor foi estampado, primeiro, numa série de reportagens para o jornal e, na sequência, virou o livro, um clássico brasileiro da literatura pré-modernismo.

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