Moradores da Praia de Sagi, em Baía Formosa (RN), denunciam que réveillon pode aumentar casos de covid-19 no vilarejo
Natal, RN 17 de mai 2024

Moradores da Praia de Sagi, em Baía Formosa (RN), denunciam que réveillon pode aumentar casos de covid-19 no vilarejo

21 de dezembro de 2020
Moradores da Praia de Sagi, em Baía Formosa (RN), denunciam que réveillon pode aumentar casos de covid-19 no vilarejo

Ajude o Portal Saiba Mais a continuar produzindo jornalismo independente! Apoie com qualquer valor e faça parte dessa iniciativa.

Quero Apoiar

Até o último sábado (19), o município de Baía Formosa tinha registrado 195 casos confirmados e seis óbitos provocados pela covid-19. Com uma população de 9.322 habitantes, segundo o censo do IBGE de 2020, a cidade tem uma média proporcional de 2.103 casos e 64 mortes para cada grupo de 100 mil habitantes.

É em Baía Formosa onde fica localizada a Praia de Sagi, última praia do litoral sul do Estado antes da divisa com a Paraíba, local paradisíaco e quase deserto frequentado por poucos turistas. A preocupação dos cerca de 800 moradores locais tem sido a festa de réveillon batizada de “Projeto Sagi”, que deve trazer cerca de 250 pessoas de fora para o local. A previsão é de que, além do réveillon, outras festas aconteçam na região.

“A festa não é para os nativos, é para eles. Mas, apesar de ser privada, depois eles vão circular, vão para os restaurantes e outros locais próximos. Onde nós moramos não há fiscalização de nada, absolutamente nada. Essas pessoas vêm de locais onde há protocolo mais rígido, com uso de máscara, mas nada garante que eles vão seguir essas regras aqui. É um paraíso, uma praia deserta, não tem sinal de nada, a não ser wifi”, adverte uma pessoa que mora no vilarejo, mas que prefere não ser identificada com medo de represálias.

Segundo os moradores locais, os organizadores são em sua grande maioria de São Paulo. Eles estariam evitando publicar datas e locais das festas em redes sociais para impedir possíveis interferências. Nas redes sociais do Projeto Sagi, a última publicação nas redes sociais é do dia 23 de novembro e não faz qualquer menção à festa de passagem de ano.

No entanto, a agência Saiba Mais já recebeu imagens de parte da estrutura que está sendo montada para o evento. Moradores informaram também sob a condição de anonimato que os promotores da festa estão contratando moradores locais para trabalhar a preços irrisórios.

Última publicação no instagram do Projeto Sagi I imagem: reprodução redes sociais

“Eles são tão espertos que no réveillon passado a gente já sabia todas as datas nessa época, mas esse ano eles não estão colocando nada, já pra evitar que alguém interfira. A praia tem muita gente idosa, acamada e ninguém sabe o que pode acontecer porque até pelo vento se pega e aqui é um local muito pequeno e não há fiscalização de nada. Eles também dizem que são um projeto, mas de projeto não tem nada. A única coisa que fizeram foi entregar umas pranchas de surf usadas”, denuncia.

Sagi fica a 90 Km de Natal e 120 Km de João Pessoa. Pela proximidade geográfica, muitos turistas paraibanos costumam visitar a praia durante os finais de semana.

São poucos os que respeitam, usam máscara e passam devagar. Outros passam a uma velocidade absurda, esses não estão nem aí. Para eles o covid-19 já foi embora, já encontraram a solução”, lamenta.

Réveillon em Pipa é autorizado por juiz

Na vizinha Praia de Pipa, em Tibau do Sul, o juiz Witemburgo Gonçalves, da Comarca de Goianinha, tinha suspendido a festa Let’s Pipa programada para acontecer entre os dias 27 de dezembro e dois de janeiro, à pedido do Ministério Público. Mas, no último sábado (19), o desembargador Amaury Moura Sobrinho autorizou a festa sob o argumento de que teria havia invasão de competência por parte do Juiz Witemburgo, já que o município de Tibau do Sul já havia definido protocolos de segurança para evitar a disseminação de covid-19.

Até o último sábado (19), Tibau do Sul tinha 598 casos confirmados de covid-19 e 5 mortes decorrentes da doença. Por causa do crescimento de casos d ecovid-19, o Ministério Público do Rio Grande do Norte já tinha recomendado na semana passada que as festas de réveillon, sejam elas públicas ou privadas, fossem suspensas em 26 municípios, sendo eles em Mossoró, Patu, Messias Targino, Ouro Branco, Jardim do Seridó, São José do Seridó, Cruzeta, São José do Campestre, Serra de São Bento, Monte das Gameleiras, Arez, Georgino Avelino, Goianinha, Extremoz, Serrinha dos Pintos, Macau, Guamaré, Galinhos, Areia Branca, Grossos, Tibau, Santana do Matos, Upanema, Touros, São Miguel do Gostoso e Rio do Fogo.

Apoiar Saiba Mais

Pra quem deseja ajudar a fortalecer o debate público

QR Code

Ajude-nos a continuar produzindo jornalismo independente! Apoie com qualquer valor e faça parte dessa iniciativa.

Quero Apoiar

Este site utiliza cookies e solicita seus dados pessoais para melhorar sua experiência de navegação.