Pesquisa mostra que nordestinos são os que mais sofrem bullying, mas denunciam menos
Natal, RN 18 de mai 2024

Pesquisa mostra que nordestinos são os que mais sofrem bullying, mas denunciam menos

27 de junho de 2022
6min
Pesquisa mostra que nordestinos são os que mais sofrem bullying, mas denunciam menos

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Pesquisa realizada nos últimos 60 dias mostra que 38% dos nordestinos afirmaram ter sido vítimas, visto ou tomado conhecimento sobre pessoas próximas que foram alvo de bullying. Entre todas as regiões do País, o Nordeste é o que teve mais registro de conhecimento de pessoas que foram alvo de bullying. O dado foi divulgado nesta segunda-feira (28) pela 11ª Edição do Observatório FEBRABAN -- Pesquisa FEBRABAN-IPESPE Bullying e Cancelamento: Impacto na Vida dos Brasileiros.

Em resumo, os dados também mostram que as vítimas de bullying preferem adotar o silêncio após sofrerem esse tipo de prática; quando procuram ajuda, preferem recorrer à própria rede onde o bullying ocorreu ou a familiares. Realizada entre os dias 21 de maio e 2 de junho, a pesquisa traça um amplo panorama a respeito do grau de conhecimento dos brasileiros sobre bullying e cancelamento no país.

No Nordeste, 68% afirmam ter a percepção de que as pessoas que sofrem esse tipo de ocorrência preferem ficar caladas; no país, a média dessa constatação é de 62%. Para os entrevistados, as vítimas preferem recorrer às próprias redes sociais em que o cyberbullying ocorreu (23%) ou aos pais, responsáveis ou outros familiares (18%).

Entre as razões que fazem as vítimas de bullying ou cyberbullying não denunciarem nem procurarem ajuda, foram citadas o medo de retaliação (45%), a descrença em obter apoio (44%) e a vergonha (39%).

Ainda na região, a expressão “bullying” é de conhecimento de 74% da população. Como situações caracterizadas como “bullying”, foram citadas agressões que visam humilhar ou ridicularizar alguém (68%) e as agressões repetitivas, verbais ou físicas, feitas na intenção de ofender ou ferir a outra pessoa (59%).

Os comportamentos e situações de bullying mais citados pelos nordestinos foram os xingamentos, provocações, humilhações (51%) e a propagação de boatos negativos sobre a pessoa ou sua família (35%).

Para 63% dos entrevistados, o ambiente escolar (escola ou faculdade) é o local onde o bullying ocorre com mais frequência. O ambiente digital (celular/ internet/ redes sociais/ e-mail) foi lembrado por 24% das pessoas. Os principais alvos de bullying e cyberbullying citados foram a cor ou raça (29%) e a orientação sexual (27%).

Segundo a pesquisa, a principal consequência do bullying e cyberbullying para as vítimas e a sociedade são os problemas psicológicos, como insegurança, ansiedade, distúrbios alimentares, depressão, suicídio (68% das respostas). Ainda de acordo com o levantamento, a motivação mais comum de quem pratica bullying é a busca de popularidade, com 24% das citações; outros 20% lembraram a afirmação de poder.

A frase relacionada ao bullying que mais alcançou concordância entre os entrevistados foi “se a brincadeira discrimina, humilha ou ridiculariza alguém ou grupo, já não deve mais ser encarada como brincadeira” (84% concordam).

Para 80% dos nordestinos, a ocorrência de bullying aumentou muito no Brasil; quanto ao cyberbullying, essa percepção de maior ocorrência é ainda maior (86%). Aqueles que acham que o bullying e cyberbullying são tratados no Brasil de forma insuficiente somam 53%.

Quanto à expectativa sobre a evolução do problema do bullying no país nos próximos cinco anos, 37% acreditam que ela vai melhorar, outros 21% acham que não vai se alterar e 35% apostam que vai piorar.

Foram apontadas entre as ações mais importantes para prevenir e combater o bullying e o cyberbullying entre os jovens as campanhas de conscientização e informação (42%) e o apoio psicológico, educativo e judicial (35%).

Cancelamento

Sobre a cultura de cancelamento, 27% dos entrevistados disseram conhecer a expressão. Os principais alvos de cancelamento lembrados foram os famosos e celebridades (39%), mas outros 35% afirmam que qualquer pessoa nas redes sociais pode ser cancelada; 73% acham que as situações de cancelamento aumentaram.

Ao serem perguntados se haviam sido vítimas, viram ou tomaram conhecimento sobre pessoas que foram alvo de cancelamento nas redes sociais, 35% disseram que sim; outros 36% responderam afirmativamente que cancelaram ou conhecem pessoa próxima que tenha cancelado alguém na internet.
A frase relacionada ao cancelamento que mais alcançou concordância entre os entrevistados foi “o cancelamento é uma forma de chamar as pessoas à responsabilidade sobre como se comportam e o que publicam nas redes sociais” (70% concordam).

Para 50% dos entrevistados, as redes sociais e seus canais de denúncia são as responsáveis por prevenir ou coibir a cultura do cancelamento: a sociedade, por meio associações e serviços especializados, recebeu 43% das menções.

Pesquisa nacional

Na média nacional, 35% dos respondentes disseram já terem sido vítimas ou tomaram conhecimento de pessoas que foram alvo de bullying.
A maioria dos entrevistados (62%) ressalta o silêncio das vítimas, que não denunciariam os agressores por falta de apoio (48%), medo de retaliação (46%) e vergonha (também 46%).

As situações de bullying consideradas mais recorrentes, em pergunta de múltiplas respostas, são principalmente xingamentos, provocações e humilhações (61%). Também foram citados boatos negativos (44%), promoção do isolamento (33%), ameaças, intimidações e chantagem (27%) e perseguição (26%).

Em todas as regiões, como primeira resposta sobre a quem as vítimas costumam recorrer em casos de bullying, destaca-se a procura por familiares e amigos (32%). Em seguida, vêm as delegacias, que somam 28%. As próprias redes onde houve as ocorrências são citadas por 23% do total da amostra.

“O bullying e o cyberbullying tornaram-se um grave problema de saúde pública. Depressão, baixa autoestima e tentativas de suicídio são alguns exemplos de consequências dessas condutas, evidenciando a necessidade de ampliar o esclarecimento e a discussão sobre o tema”, aponta o sociólogo e cientista político Antonio Lavareda, presidente do Conselho Científico do IPESPE. Para ele, esse conhecimento se torna especialmente importante em uma sociedade contemporânea, “mais intolerante e onde a privacidade quase inexiste, mas que, ao mesmo tempo, demanda por mais empatia, ética, responsabilidade e transparência nas relações pessoais e corporativas”.

O Observatório Febraban ouviu 3 mil pessoas em todas as regiões do país, das quais 53% são do sexo feminino. O perfil dos entrevistados tem ainda 43% na faixa dos 25 a 44 anos; ensino médio (41%) e renda familiar de até dois salários mínimos (48%).

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