Ex-favoritos: Conheça os 4 candidatos derrotados nas urnas que arrecadaram mais de R$ 1 milhão na campanha
Natal, RN 16 de mai 2024

Ex-favoritos: Conheça os 4 candidatos derrotados nas urnas que arrecadaram mais de R$ 1 milhão na campanha

17 de outubro de 2022
5min
Ex-favoritos: Conheça os 4 candidatos derrotados nas urnas que arrecadaram mais de R$ 1 milhão na campanha

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Numa campanha eleitoral cada vez mais movida por cifras milionárias, o dinheiro ajuda, mas nem sempre é o bastante. Essa é a situação de quatro candidatos tidos até então como parte dos “favoritos” para serem eleitos deputados federais no Rio Grande do Norte. Mesmo arrecadando mais de R$ 1 milhão, entretanto, eles tiveram desempenho inferior ao de alguns eleitos. 

A disputa no Rio Grande do Norte deixou de fora dos eleitos alguns nomes que eram considerados fortes, ou históricos das famílias tradicionais potiguares. Entre eles, Beto Rosado (PP), Kelps Lima (SD), Garibaldi Alves (MDB) e Henrique Alves (PSB).

Destes quatro, Garibaldi foi o que obteve a melhor votação, com 92.753 votos — superior, inclusive, à votação de quatro dos eleitos. Entretanto, não conseguiu chegar à Câmara por conta do quociente eleitoral. Sua candidatura foi turbinada pelo MDB. Dos R$ 1.897.220,00 totais de receita, ele se autodoou R$ 4,5 mil e o restante foi das direções nacional e estadual do partido. 

Outro a bater na trave, Beto Rosado (PP) recebeu 83.968 votos, insuficiente para ser reeleito. Apesar disto, a campanha contou com R$ 1.295.650,00, maior parte fruto dos fundos partidário e eleitoral do PP. O deputado federal era o principal nome dos Rosados para manter um assento em Brasília-DF, mas ficará sem mandato a partir de 2023. Com sua derrota, o declínio eleitoral da família aumenta. O clã terá apenas um mandato de vereadora em Mossoró no ano que vem, de Larissa Rosado (UNIÃO).

Já Kelps Lima (SD) deixou a tentativa de reeleição como deputado estadual de lado para tentar uma vaga como federal, mas também não obteve êxito mesmo com os R$1.148.391,83 arrecadados para a campanha. Desse montante, 95,67% veio da direção estadual do Solidariedade, partido presidido por ele próprio no RN. Nas urnas, o deputado recebeu 79.025 votos.

Bem atrás dos três, Henrique Alves (PSB) largou décadas de militância no MDB para se aventurar em outra sigla e tentar retornar à Câmara Federal, onde já foi presidente entre 2013 e 2015. O resultado, entretanto, foi bem abaixo do esperado: com 11.630 votos, passou longe de ser eleito, a despeito dos R$ 1,5 milhão de reais doados pelo PSB à sua campanha. O desempenho colocou ainda o deputado na sua segunda derrota seguida em candidaturas. Em 2014, ele já havia perdido a eleição para o Governo do Estado. 

Entre os eleitos, cifras chegaram a R$ 3 milhões

Entre os deputados federais eleitos pelo Rio Grande do Norte, o dinheiro recebido para fazer as campanhas foi discrepante, indo de R$ 111 mil até pouco mais de R$ 3 milhões. O principal milionário das eleições foi Benes Leocádio (UNIÃO), reeleito em terceiro lugar com 100.693 votos e uma receita de R$3.024.936,55. Já o “azarão” foi Sargento Gonçalves (PL) que com R$ 111.450,00 obteve 56.315, sendo o menos votado entre os eleitos.

A título de comparação, cada voto de Leocádio custou R$ 30,04 em relação à sua receita. Benes Leocádio teve a maior parte da sua vida política centrada em Lajes, município a 115km da capital Natal em que foi prefeito por cinco mandatos. A maior parte do dinheiro que recebeu para fazer a campanha veio do partido. Somado, o montante dado pela direção nacional e estadual do União Brasil para ele chegou a R$ 2,9 milhões, além de sete doações de pessoas físicas.

Já Sargento Gonçalves foi eleito na esteira da popularidade do policial militar reformado Wendel Lagartixa, que conquistou uma cadeira de deputado estadual. Lagartixa foi preso em julho deste ano suspeito de ter participado de um triplo homicídio em um bar no bairro da Redinha. Ele também é suspeito de ter relações com grupos de extermínio. Ambos fizeram uma “dobradinha” juntos nas eleições e construíram as candidaturas juntos.

Na convenção do PL que confirmou a candidatura dos dois, em 31 de julho, Lagartixa ainda estava preso e sua postulação recebeu uma defesa enfática de Sargento Gonçalves. Mesmo tendo lançado a sua própria candidatura, ele usou parte do tempo destinado aos discursos dos candidatos para defender Wendel, a quem chamou de “amigo”. O sargento levou um banner com a imagem do colega e, num ato falho, afirmou que Wendel “é a voz da bandidagem”. Depois, se corrigiu: “é a voz contra a bandidagem”. Do PL, ele recebeu R$ 102 mil. 

Depois de Leocádio, quem aparece em seguida na lista é o presidente da Câmara Municipal de Natal, Paulinho Freire (UNIÃO). Seu recurso foi de R$ 2.804.979,69, também com grande parte (R$ 2,7 milhões) vindos das direções da sigla e mais 28 de doações de pessoas físicas. 

Única mulher entre os deputados federais potiguares, Natália Bonavides (PT) renovou o mandato na Câmara tendo uma receita de R$ 2.336.050,00. Ela foi a mais votada, com 157.565 votos, tendo também ampliado a votação de quatro anos atrás. O PT foi o grande incentivador da candidatura da deputada, que recebeu da sigla R$ 2,3 milhões. 

Entre os oito eleitos, apenas dois não tiveram uma receita acima de um milhão de reais: Sargento Gonçalves e Fernando Mineiro (PT), que recebeu R$ 925.163,73. 

Veja o ranking completo das receitas:

Entre os eleitos:

Benes Leocádio (UNIÃO) - R$3.024.936,55

Paulinho Freire (UNIÃO) - R$2.804.979,69

Natália Bonavides (PT) - R$2.336.050,00

Robinson Faria (PL) - R$1.684.893,45

João Maia (PL) - R$1.650.574,40

General Girão (PL) - R$1.425.800,00

Fernando Mineiro (PT) - R$925.163,73

Sargento Gonçalves (PL) - R$111.450,00

Entre os não eleitos:

Garibaldi Alves (MDB) - R$ 1.897.220,00 

Henrique Alves (PSB) - R$1.500.000,00

Beto Rosado (PP) - R$ 1.295.650,00

Kelps Lima (SD) - R$1.148.391,83

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