Após cassação em Mossoró, Rosados perdem único mandato que restava à família
Natal, RN 26 de abr 2024

Após cassação em Mossoró, Rosados perdem único mandato que restava à família

10 de maio de 2023
Após cassação em Mossoró, Rosados perdem único mandato que restava à família

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Após o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) anular todos os votos recebidos pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) nas eleições de 2020, em Mossoró, por fraude à cota de gênero, a vereadora Larissa Rosado (hoje no União) perdeu o mandato e deixou o clã Rosado sem nenhum mandato parlamentar na atualidade. 

A derrocada do grupo político - dividido em diferentes ramos - se aprofundou a partir de 2020, quando Rosalba Ciarlini (PP) perdeu a disputa à reeleição para a Prefeitura de Mossoró para Allyson Bezerra. Em 2022, o único deputado federal da família - Betinho Rosado - perdeu também a reeleição para deputado federal e decretou o fim dos mandatos ligados ao rosalbismo, grupo mais intimamente ligado a Rosalba. 

O fato deixou outra marca: após quase oito décadas, a nova bancada potiguar de deputados federais que tomou posse em fevereiro deste ano não possui nenhum representante mossoroense.

Já Larissa, de tronco familiar do sandrismo - da sua mãe e ex-deputada federal Sandra - se tornou então a única Rosado com mandato. Como vereadora em Mossoró, ela havia sido eleita em 2020 com 2.516 votos, o equivalente a 1,82% do total. 

A cassação do mandato da vereadora teve como pano de fundo o uso de candidaturas laranjas pelo PSDB. Segundo o relator do caso, o ministro Carlos Horbach, as candidatas Francisca das Chagas Costa da Silva e Maria Gilda Barreto da Silva, não fizeram movimentação financeira durante o pleito e não receberam votos, sendo que uma delas sequer votou em si mesma. A inscrição de mulheres como candidatas “laranjas” tem sido um recurso utilizado por partidos para preencher a cota de gênero de 30%.

Em pronunciamento nas redes sociais, a mossoroense disse que sua assessoria jurídica está tomando as providências necessárias e afirmou que a nominata foi legítima. Segundo Larissa, a Justiça Eleitoral já havia reconhecido a inexistência de fraude às cotas por três vezes, na 33ª Zona Eleitoral, no TRE e no próprio TSE.

“Como é sabido, durante nossos mais de 20 anos de vida pública, sempre defendemos a mulher e o fortalecimento da presença feminina da política e em todos os espaços. E seguiremos firmes nessa luta, pois a representatividade da mulher não pode ser reduzido”, afirmou.

O início do fim

Na Câmara Federal, a partir de 1950, o principal clã político da cidade do Oeste elegeu representante em 17 disputas, com exceção de 1958, quando outra família tradicional elegeu um deputado: Tarcísio Maia, pai do ex-governador José Agripino. O outro mossoroense eleito nesta disputa foi o médico Xavier Fernandes.

O recordista de mandatos deste grupo foi Vingt Rosado, pai da ex-deputada Sandra. Vingt acumulou sete vitórias seguidas, de 1962 até 1986. Em 1990, o genro Laíre (esposo de Sandra) foi eleito e reeleito mais duas vezes. Sandra conquistou três mandatos, de 2002 a 2010, quando o sandrismo se despediu da Casa. 

O último remanescente da principal família mossoroense em Brasília foi Beto Rosado, filho do também ex-deputado Betinho. O engenheiro agrônomo foi eleito em 2014 e reeleito em 2018, após uma manobra jurídica que retirou o mandato de Fernando Mineiro (PT). Em 2022, amargou derrota e não viu nenhum parente ocupar seu espaço. Neste ano, Sandra ainda comunicou o fim das suas postulações eleitorais. 

Já Larissa tem uma trajetória ligada principalmente à Assembleia Legislativa. Foi eleita deputada estadual pela primeira vez em 2002, sendo reeleita em 2006 e 2010. Em 2014, quando estava no PSB, ficou como suplente, mas retornou à Casa quando o então deputado Álvaro Dias foi empossado como vice-prefeito de Natal em 2017. 

Rosalba, por sua vez, iniciou seu declínio em 2014, quando foi proibida pelo seu partido (na época, o DEM) de disputar a reeleição ao Governo. 

Dois anos depois, a ex-senadora e ex-governadora se voltou para seu recanto político principal: Mossoró. Eleita três vezes para comandar a segunda maior cidade do Estado (1988, 1996 e 2000), Rosalba possuía um recall eleitoral positivo, a despeito da rejeição que sofrera no Governo do Rio Grande do Norte. Assim, conseguiu ser eleita sem problemas para um quarto mandato.

Mas, em 2020, Rosalba foi novamente surpreendida. Antes tida como imbatível, a nostalgia que a fizera ser eleita como prefeita de Mossoró havia passado. Mergulhada mais uma vez em rejeição, viu o “menino” Allyson Bezerra despontar e faturar a Prefeitura.

De olho em 2024

Ainda que timidamente, os Rosados já pensam nas eleições municipais de 2024. Na última quinta-feira, dia 4, o PCdoB fez um evento em Mossoró para comemorar os 101 anos da sigla. O debate girou em torno da construção de uma frente ampla no município que enfrente Allyson Bezerra. A ideia do partido é aglutinar os setores que fazem oposição a atual gestão e composições com a família Rosado não estão descartadas.

No evento de 4 de maio, por exemplo, Larissa e Rosalba compuseram a mesa do evento, ao lado de outros nomes não alinhados à situação, como o vereador Pablo Aires (PSB) e o empresário Jorge do Rosário (Avante). Foi, inclusive, um primeiro ensaio que trouxe Rosalba de volta ao cenário público depois de apoiar a reeleição de Fátima Bezerra (PT) como governadora em 2022. 

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