Falta de acesso a consultas e exames para detectar câncer é problema para 82% dos moradores de favelas
Natal, RN 26 de abr 2024

Falta de acesso a consultas e exames para detectar câncer é problema para 82% dos moradores de favelas

11 de maio de 2023
Falta de acesso a consultas e exames para detectar câncer é problema para 82% dos moradores de favelas

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Muitas são as campanhas de alerta para a detecção precoce do câncer, afinal quanto mais cedo a doença é identificada, maiores são as chances de cura. Porém, é difícil fazer essa prevenção quando se está numa realidade na qual o acesso aos serviços de saúde é difícil e demorado.

Para 82% dos moradores de favelas em todo país, o acesso ao diagnóstico, agendamento de exames e tratamento do câncer é muito demorado, segundo a pesquisa Oncoguia “Percepções e prioridades do câncer nas favelas brasileiras”, realizada pelo DataFavela e o Instituto Locomotiva.

Para o estudo, divulgado na última terça (9) em Brasília, foram ouvidas 2.963 pessoas, a maioria de raça negra, classes D e E, de todas as regiões do país. As entrevistas foram realizadas entre os dias 18 de janeiro e 1º de fevereiro deste ano. A maioria do público ouvido depende exclusivamente do SUS (82%).

Cerca de 70% dos entrevistados também relataram ter dificuldade no acesso a instituições de saúde. Eles disseram que até tentam se cuidar, mas dizem que nunca encontram médico no posto de saúde e os exames demoram muito.

Outro problema detectado pelos pesquisadores foi no deslocamento para chegar à unidade de saúde. Pelo menos 45% dos moradores de favelas têm dificuldade para chegar na Unidade Básica de Saúde (UBS), levando, em média, uma hora nesse trajeto.

Já 41% dos entrevistados responderam que não costumam fazer exames ou só fazem quando estão doentes. Esse índice cai para 34% entre pessoas que têm 46 anos ou mais.

O levantamento é extremamente preocupante, pois os dados identificam grande dificuldade de acesso das comunidades pobres ao fluxo de saúde e revelam a forte desinformação que também vítima esse perfil populacional”, avalia o médico Thiago Rego, oncologista do Hospital Universitário Onofre Lopes (Huol-UFRN), que é um dos centros de referência para tratamento do câncer no Rio Grande do Norte pelo SUS.

Otimismo x pessimismo

63% dos ouvidos fazem associação negativa relacionada ao câncer. Por outro lado, 22% fazem associações otimistas.

"A primeira palavra que vêm à cabeça quando escutam a palavra câncer é: morte, seguido de sentimentos negativos e sofrimento, dor e tristeza", indica o levantamento.

Mitos

A falta de acesso aos serviços de saúde resulta, também, em desinformação. Nas comunidades pesquisadas, 11% dos entrevistados não souberam dizer se o câncer é contagioso e 19% acham que o câncer é “castigo divino”. Outros 31% acreditam que pessoas negras não têm câncer de pele.

Outros mitos apontados no levantamento é de que o tabaco causa apenas câncer de pulmão e que alimentos cozidos no forno micro-ondas provocam câncer.

E apesar do pouco acesso aos serviços de saúde, 84% dos moradores de favelas relatam casos de câncer em seu círculo social. No entanto, 7 em cada 10 sentem-se menos informados sobre acesso e diagnóstico precoce da doença do que deveriam.

Isso traduz uma realidade de convívio direto com esta ameaça e a insegurança de como se agir para combater o problema”, lamenta o oncologista.

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