8 de Jan – Um dia para relembrar o que não podemos esquecer
Natal, RN 20 de mai 2024

8 de Jan - Um dia para relembrar o que não podemos esquecer

8 de janeiro de 2024
5min
8 de Jan - Um dia para relembrar o que não podemos esquecer
Foto: Ricardo Stuckert

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A democracia precisa estar garantida. E no Brasil de 2024, sinto dizer, ela não está. AINDA. Há um ano, em 8 de Janeiro de 2023, vivíamos, nós, seres humanos de esquerda, centro-esquerda, centro, centro-direita e até mesmo direita um sentimento de alívio misturado com esperança. A extrema-direita estava fora do Palácio do Planalto, e apenas fora dele. Levou consigo muitos objetos materiais de propriedade do povo Brasileiro. Até umas emas parecem que venderam, se não me falha a memória. Ou foram uns peixes famosos e caros.

Em 8 de Janeiro de 2023, uma tarde de domingo, vivemos momentos de tensão. O Presidente Lula, o então Ministro da Justiça, Flávio Dino, e o presidente de STF, Alexandre de Moraes - Xandão para os íntimos - (Alô galera do Medo e Delírio!) viveram momentos de tensão mais intensos, uma vez que estavam por dentro do rolê com um pouco, minutos, de antecedência. Na Globonews, acompanhávamos o caos que havia se instaurado na Esplanada dos Ministérios e ia em passeata rumo ao Congresso Federal, ao STF e ao Palácio do Planalto, com a ajuda escancarada dos militares e das polícias do Distrito Federal.

Foi uma tarde muito triste. Foi um dia muito triste. Foi uma edição do Fantástico muito triste. Eu sentia tristeza, mas sentia um pavor muito enorme tomar conta de mim, dos meus pensamentos. Há exatamente uma semana antes do fatídico 8 de Janeiro de 2023, eu estava na Esplanada dos Ministério e na Praça dos Três Poderes celebrando, comemorando, me emocionando com a imagem histórica do Presidente Lula subindo a Rampa do Palácio do Planalto pela terceira vez acompanhado de representantes de povo Brasileiro, tendo em vista que o verme que nos governou por quatro anos e destruiu o país e nossa saúde mental, havia fugido para a terra do Tio Sam. Seria patético se não fosse tão previsível.

Naquela noite de 8 de Janeiro de 2023 eu não consegui dormir, passei a noite inteira fritando, assistindo a Globonews, usando a segunda tela, no caso o celular, para me atualizar de forma instantânea via Twitter e chorando. Achei que naquele domingo havíamos perdido a eleição de 2022. Por pura sorte, ou talvez COM CERTEZA por articulação de milhões e estratégia rápida de reação, não sucumbimos.

E por isso, por não termos sucumbido à tentativa de golpe de Estado - Sim. Foi uma tentativa de golpe de Estado, você, caro leitore, querendo ou não. Pode estrebuchar, não mudará a realidade dos fatos - que eu estou hoje, dia 8 de Janeiro de 2024, em plena madrugada, depois de chegar de um festival de música nordestina e potiguar gratuito, via Lei de Incentivo Cultural, escrevendo esse texto.

Vivemos em uma democracia. Cambaleante. Mas vivemos em uma democracia. Jovem. Mas ainda uma democracia. Titubeante. Mas ainda uma democracia. Desesperadora às vezes. Mas ainda assim uma democracia. E por isso eu tenho a liberdade de escrever o que eu quiser onde eu bem entender. Eu já disse que vivemos em uma democracia?

Agora deixa eu te falar que, por 21 miseráveis anos, não vivemos em um regime democrático. Vivemos sob uma ditadura militar. Vocês sabem o que é viver sob um regime ditatorial? Pois é, eu também não sei. Nasci em 1984, no apagar das luzes do golpe de 64. Mas eu estudei história no colégio, era minha matéria preferida, desde sempre. E em casa, vivia arrodeada de familiares que sabiam o que havia sido o regime ditatorial, a famosa Revolução de 64, como os burros e estúpidos costumam nomear o que aconteceu naquele ano.

E sinceramente, do fundo do útero que eu nem tenho mais, te digo, eu tinha certeza que amanheceríamos em 9 de janeiro de 2023 sob um regime de exceção. E de regime de exceção pra ditadura basta um piscar de olhos, um bater de asas de um beija flor, um frame de uma edição de um longa, ou seja, literalmente da noite para o dia o regime de exceção se transforma em uma ditadura. E ai de todes nós se naquele 8 de Janeiro de 2023 não tivéssemos na tentativa de controle da situação o Presidente Lula, o Ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, o Presidente do Supremo Tribunal Eleitoral, Alexandre de Moraes, e o Secretário Executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Cappelli. Infelizmente, todos homens brancos e ricos, mas era o que tínhamos de melhor para controlar o imponderável da situação.

Diante de tudo o que escrevi - hoje à noite, nesta segunda-feira de verão, irei me reunir com umas companheiras, companheires, e companheiros de luta para celebrar o fato de não termos sucumbido enquanto nação. Temos, SIM, MUITO O QUE CELEBRAR.

MAS TEMOS MAIS AINDA O QUE RECONSTRUIR. TEMOS TRÊS ANOS PELA FRENTE PARA TAL.

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