Crise na Cidade Alta se aprofunda com fechamento da Magazine Luiza
Mais uma rede nacional do varejo encerrou suas atividades na Cidade Alta, centro histórico de Natal. A unidade da Magazine Luiza na avenida Rio Branco expôs um cartaz no qual direciona os consumidores para a filial da avenida Prudente de Morais, no bairro de Lagoa Seca.
Em nota enviada à Agência SAIBA MAIS, a empresa confirmou o fechamento da loja da zona leste e disse que a decisão faz parte de "um processo de aumento de eficiência operacional", resultado de meses de análises de aspectos como proximidade de unidades, fluxo de consumidores e mudanças na dinâmica urbana.
“A área de gestão de pessoas da companhia já está atuando para realocar o maior número possível de colaboradores que trabalhavam na unidade”, disse a assessoria de imprensa da Magalu.
Para o presidente da associação Viva o Centro, Rodrigo Vasconcelos, a medida não é específica do comércio da Cidade Alta, mas faz parte de uma reestruturação nacional pela qual passam as grandes empresas.
“É uma reestruturação assim como foi a Marisa, assim como foi a C&A. A Magalu passa por dificuldades no varejo no Brasil todinho, que está sendo acompanhado. Até na bolsa [de valores] os investidores estão retirando o dinheiro”, diz.
Mas o fechamento de mais uma loja, para ele, influencia sim na situação do bairro, que continua sofrendo com a falta de investimento público e de "abandono dos gestores há décadas".
“E que vai resultar nisso (o abandono). E não vai se acabar só com ela. Hoje (12) mesmo, eu passei lá na João Pessoa e metade das lojas Riachuelo já não existe mais. O prédio foi entregue, porque eles têm um prédio próprio e vizinho era do Banco Safra, e aí foi entregue. E assim as empresas vão diminuindo os seus custos em virtude da crise no varejo”, lamenta.
Para mudar este cenário, Vasconcelos defende que a gestão do poder público crie um projeto de lei de incentivo fiscal para o bairro.
“Sem isso, a gente não vê, a curto prazo, uma recuperação do comércio da Cidade Alta, infelizmente”, alerta.
Nos últimos meses, grandes redes como C&A, Americanas e Marisa encerraram as atividades das unidades no bairro. Em outubro, a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte ainda realizou uma audiência pública para discutir a situação do comércio no local. A Casa implementou, ainda, uma comissão multidisciplinar pela revitalização do Centro de Natal, com participação de representantes dos comerciantes e organizações empresariais.
O presidente do Viva o Centro, por outro lado, diz que a comissão ainda não avançou e nem apresentou plano de recuperação econômica até o momento.
“O grupo foi criado ali, foi feita uma reunião após isso para aprovação da audiência pública, e depois que foi aprovada nós não recebemos mais nenhum retorno”, diz Vasconcelos.
“Então é como se fosse um circo, um teatro. E pra gente que é comerciante, não adianta. A gente quer que as coisas funcionem na prática. Mas a partir da aprovação do relatório, do que era que iria ser feito, não houve mais nada na prática”, afirma.