Entidades se reúnem para discutir construção de ranchos da Redinha
Natal, RN 8 de mai 2024

Entidades se reúnem para discutir construção de ranchos da Redinha

27 de março de 2024
4min
Entidades se reúnem para discutir construção de ranchos da Redinha
Imagem: Reprodução/Daniel Valença/Instagram

Ajude o Portal Saiba Mais a continuar produzindo jornalismo independente! Apoie com qualquer valor e faça parte dessa iniciativa.

Quero Apoiar

Foi com o objetivo de elaborar o projeto dos ranchos de pesca artesanal da Redinha, na Zona Norte de Natal, que pescadores da Colônia Z4 se reuniram com demais agentes nesta segunda-feira (25). Além dos trabalhadores, participaram da reunião a Organização Não-Governamental (ONG) Oceânica, o Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), a Secretaria de Estado da Agricultura, da Pecuária e da Pesca do Rio Grande do Norte (SAPE/RN), bem como os mandatos do vereador Daniel Valença (PT) e da deputada federal Natália Bonavides (PT).

Rancho é um local coletivo e estruturado para armazenar os materiais de pesca. Rosângela Silva, presidenta da colônia de pescadores de Natal, defende que a necessidade urgente dos ranchos para os pescadores da Redinha é um reflexo da urbanização que a orla vem sofrendo com a construção do complexo turístico. “Os pescadores sempre fizeram seus próprios ranchinhos (sic), por muitos anos. Mas aí a prefeitura chega, sem conversar com ninguém, dizendo que tem que sair e acabou”, narra Rosângela. 

Em fevereiro do ano passado, a Prefeitura do Natal realizou a remoção dos quiosques da Praia da Redinha sem qualquer aviso prévio, como parte das construções do projeto urbanização da orla. No processo, pescadores também denunciaram a tentativa de retirada da categoria do local. Como explica a arquiteta Caroline Diogenes, as obras interferiram, desde então, em toda a convivência e dinâmica dos trabalhadores da praia. “A prática que tem sido feita é de sempre negligenciar a escuta popular”, argumenta Caroline. 

A arquiteta explica que, atualmente, os pescadores têm precisado improvisar cada vez mais para guardar os equipamentos de trabalho. “Tem uns utilizando os pilares da ponte [Newton Navarro] para a guarda de material; outros utilizam um quiosque que a prefeitura não conseguiu demolir”, narra.

Rosângela também ressalta as dificuldades que os pescadores têm  enfrentado devido à falta do rancho estruturado na Redinha: “Muitos deles moram longe, não têm como levar 200 kg de rede pra casa todo dia, por exemplo. Alguns moram na comunidade da África, outros lá dentro da Redinha. Então não têm condições financeiras de tá alugando carro pra levar e trazer [os equipamentos] todo dia”. 

Eu gostaria que a Prefeitura de Natal, onde ela chegasse, olhasse que tem, ali, um povo centenário e tradicional, que chegou primeiro. O pescador chegou na beira da praia quando não tinha nem turismo ainda. Queria que o prefeito olhasse para a classe trabalhadora, pois ela depende daquele trabalho para sobreviver”, desabafou a presidenta.

Diante desse cenário e em busca de lutar pelos direitos dos pescadores, a categoria, junto a demais apoiadores, sem perspectiva de apoio da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinfra) para a construção dos ranchos, como explica o vereador Daniel Valença (PT), procurou a Superintendência de Patrimônio da União (SPU) para a estudar a delimitação de um terreno para as obras reivindicadas.

O terreno foi delimitado pela SPU, tanto para a estruturação de um rancho, quanto para um local destinado às embarcações, e a ação de promover essas construções tem sido realizada a partir de verbas do mandato de Bonavides (PT), destinadas à SAPE/RN. De acordo com Valença, a previsão é de que a construção seja realizada ainda em 2024. “É inacreditável que Natal tenha uma colônia de pescadores com mais de 500 pessoas filiadas e que até então o poder público não havia construído esses ranchos”, argumentou o vereador.

O projeto de estruturação do rancho vem sendo construído pela ONG Oceânica, por meio das arquitetas Claudia Gazola e Silvana Mameri, bem como por professores e estudantes do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFRN. Na reunião desta segunda (26), essas entidades puderam conhecer melhor o local e a demanda dos pescadores.

As mais quentes do dia

Apoiar Saiba Mais

Pra quem deseja ajudar a fortalecer o debate público

QR Code

Ajude-nos a continuar produzindo jornalismo independente! Apoie com qualquer valor e faça parte dessa iniciativa.

Quero Apoiar

Este site utiliza cookies e solicita seus dados pessoais para melhorar sua experiência de navegação.