Indígenas do RN são apadrinhados por ministra em formatura
Natal, RN 12 de mai 2024

Indígenas do RN são apadrinhados por ministra em formatura

4 de abril de 2024
1min
Indígenas do RN são apadrinhados por ministra em formatura
Reprodução Instagram @guajajarasonia

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Um grupo de 30 adolescentes indígenas do Amarelão e de outras comunidades próximas, em João Câmara, recebeu os certificados de participação do projeto Aprendendo a Aprender, nesta quarta-feira (3), numa solenidade que contou com a presença e o apadrinhamento da ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara. Os meninos e meninas de 14 a 18 anos — egressos do trabalho infantil — participaram, durante seis meses, do projeto para aprimorar os conhecimentos para a inserção no trabalho digno da aprendizagem.

Todos eles participavam de atividades de beneficiamento da castanha do caju. O Aprendendo a Aprender surgiu a partir de uma cooperação entre o Ministério Público do Trabalho no Rio Grande do Norte, a Prefeitura Municipal de João Câmara e o Instituto Estadual de Erradicação do Trabalho Infantil, Proteção e Aprendizagem do Adolescente Trabalhador no Rio Grande do Norte (Infoca/RN).

“A situação do Amarelão durante muitos anos é uma situação grave de trabalho infantil e de trabalho em condições insalubres e perigosas devido à fumaça e à produção que eles fazem naquela comunidade”, explica a auditora-fiscal do trabalho e tesoureira do Infoca, Virna Damasceno.

O projeto educativo, então, surgiu para incentivar a permanência escolar (ou o retorno, para aqueles que já estavam fora da escola), formando-os para que possam buscar vagas como jovens aprendizes. 

Durante seis meses, cada estudante recebeu uma bolsa-incentivo de R$ 150, além do material didático. A Prefeitura forneceu o lanche e o local — as aulas funcionaram na Escola Estadual Indígena Professor Francisco Silva do Nascimento, escola indígena localizada no Amarelão.

Uma das estudantes formadas foi Fabiana Caroline, de 18 anos, moradora da comunidade Indígena Santa Terezinha, também do Povo Mendonça Potiguara, que fica próxima ao Amarelão. Hoje, como já terminou o ensino médio, Fabiana trabalha como professora da educação infantil na escola do Santa Terezinha e diz que achou as aulas do Aprendendo a Aprender incríveis.

“Hoje em dia eu sei o que é trabalho infantil e sei que na maioria dos casos é errado, porque criança deve ter seus momentos de lazer, e a questão é que aqui não tinha. Hoje eu sei que é trabalho impróprio para as crianças e esse curso priorizou muito os adolescentes de 14 a 18 anos”, conta.

Quando estava trabalhando no beneficiamento da castanha, a indígena conseguia conciliar os estudos, já que ficava no trabalho pela manhã e ia para a escola à tarde.

“Então eu tinha um tempo de estudar, mas tem algumas crianças que já não vão para a escola para poder ficar no beneficiamento da castanha”, diz.

No curso, que acontecia todos os sábados, eles tinham diferentes aulas, explica a auditora-fiscal Virna Damasceno.

“Aulas de cidadania, de noções de direito do trabalho, noções de direito previdenciário, saber o que é o mundo do trabalho, saber como se comporta numa empresa, tem reforço escolar que é reforço de português, tem aula de matemática, tem aula de informática”, elenca Damasceno.

Dessa turma de 30 adolescentes, dois já foram contratados como jovens aprendizes, e em breve outros devem seguir o mesmo caminho. Virna diz que, no ano passado, o Aprendendo a Aprender também teve uma turma em Natal, com outros adolescentes em situação de vulnerabilidade. Dos 30 alunos, 27 foram inseridos no mercado de trabalho.

Nas redes sociais, a ministra Sônia Guajajara falou da felicidade de participar do evento.
“Meu coração de professora ficou muito feliz com o convite para ser madrinha de turma na entrega dos certificados de conclusão do projeto Aprendendo a Aprender! Desejo um caminho lindo, muito sucesso e conquistas para a turma”, escreveu na sua página no Instagram.

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